ES: Cafeicultores liberam BR 101 e pedem aumento do valor da saca
Os cafeicultores que fizeram um protesto em trechos da BR-101 em Linhares e Jaguaré, no Norte do Espírito Santo, liberaram a pista por volta de 12h, desta segunda-feira (12). A manifestação foi motivada pelo valor de comercialização da saca do café. Governo do Espírito Santo diz que investe em pesquisa e que preço é regulado pelo mercado exterior.
De acordo com a Eco101, concessionária que administra a via, os protestos aconteceram no quilômetro 94,1, em Jaguaré, e no quilômetro 167, em Linhares.
Os manifestantes declaram que o preço baixo de comercialização da saca do café tem causado prejuízos para os produtores e pedem intervenção do governo no valor da commodity.
“Eu moro em Água Limpa há 50 anos e nunca vi o preço do café de hoje. Nós produtores de café estamos pagando para produzir. É impossível pagar nossas contas, os nossos financiamentos com o valor que está aí. A gente quer que o governo olhe principalmente para os pequenos produtores que não exportam café e nós estamos aqui a mercê dessa situação”, declarou um manifestante.
A produtora Almira Brioschi afirma que com o valor da saca não é possível pagar o salário dos funcionários e manter a produção. “Sem isso, a gente ñao sobrevive. Como nós vamos fazer a conta com o preço que o café está?”, questiona.
Secretaria de Agricultura
A Secretaria de Estado da Agricultura, Abastecimento, Aquicultura e Pesca (Seag) declarou, em nota, que o governo investe por meio do Incaper no aumento da qualidade e produtividade do café por estudos de variedades mais resistentes às secas, com custos menores e que possibilitem fácil manejo por parte do agricultor.
De acordo com a Seag, por ser uma commodity, os preços do café são definidos pelo mercado internacional e não passam pelo controle do governo. A queda do preço é atribuído a boa produção da safra de 2018. “Em função disso é que as ações são voltadas ao aumento da produtividade e qualidade, pois remuneram melhor o produtor", informou a Seag em nota.
CCCV
O presidente do Centro de Comércio do Café de Vitória (CCCV), Jorge Luiz Nicchio, explica que o valor baixo de comercialização do café é em função do recorde de produção do café brasileiro em 2018.
“O preço é definido pelo mercado internacional. Cerca de 65% da produção brasileira de café é destinada ao mercado externo e 35% é mercado interno. As cotações internacionais são dadas em relação de oferta e procura e a produção mundial de 2018 também foi recorde. Então houve uma quantidade de oferta maior que a demanda. O importador fica tranquilo e cota os preços de acordo com a oferta. Os preços caíram em função disso”, explicou.
Com previsão de novo recorde de produção em 2020, o presidente diz que não há expectativa de aumento de preço da saca e também não existem intervenções eficientes do governo que possam modificar o valor do café para o mercado internacional.
“A regulação de mercado é algo muito complicado, haja visto que já fizeram planos de retenção o grão para diminuir a oferta e só o Brasil reteve, fazendo com que países concorrentes ganhassem espaço no mercado internacional, como Vietnã e Colômbia. É muito difícil regular o mercado externo. Os preços estão ruins, a gente concorda com essa colocação. O governo não tem esse recurso financeiro para fazer um plano de aquisição do café”.
De imediato, Nicchio não aponta para uma solução possível que aumente o valor da saca. A longo prazo, o presidente acredita que deveriam ser feita políticas públicas como seguro da saca quando os preços estão elevadas para quando os preços caíssem e compensasse o valor de produção.