Realizações de lucros e gráficos fazem café desvalorizar 14,3% na semana
Por José Roberto Marques da Costa
Com volume médio de 34.649 lotes, os contratos futuros de café fecharam esta sexta-feira com 3,8% de queda, a 113,50 cents (- 450 pontos), na bolsa de Nova Iorque, com a continuidade de realizações de lucros de especuladores e fundos, influenciados por gráficos técnicos. Tal cenário também teve a ajuda de previsões de chuvas e desvalorização do dólar, acumulando perda de 14,3% na semana.
Os contratos futuros do café desceram a ladeira nesta semana no mercado internacional, numa das piores semanas no mercado de café, acumulando cinco quedas consecutivas, recuando de 132,45 cents na segunda-feira para 113,50 cents nesta sexta-feira, perda de 14,3% (1.895 pontos). Segundo um analista, o "café estava subindo discretamente pela escada e quando cai pega um elevador."
Vários analistas sugerem que o movimento foi puxado pelas previsões de chuvas no cinturão cafeeiro do Brasil neste fim de semana, além da influência da desvalorização do dólar, até a fake news com a manchete "Com excesso de café, Brasil está sem espaço para armazenar grãos", encomenda por uma empresa e até reverberada pela agência Bloomberg.
Na semana passada, muitos analistas justificaram as alta até 132,45 cents devido ao clima seco nas regiões de café e também a queda constante dos estoques de certificados, que hoje caíram 7.625 sacas para 1.109.341 sacas, menor nível em 20 anos e nove meses. O Brasil tem atualmente 2.075 sacas na formação de tais estoques, o que representa apenas 0,18% do total.
Para Agnocafé, a chuva na próxima semana e a forte desvalorização do dólar tiveram seu peso, mas a performance de baixa desta semana ocorreu, em grande parte, devido à questão gráfica. Depois da forte queda de segunda-feira, o mercado foi de uma situação de fortemente sobrecomprado, ao nível de 132,45 cens, para 115,00 cents e para um perfil sobrevendido.
Em analise de terça-feira, Agnocafé apontou que em mais um "dia totalmente técnico, o nível de 119,00 cents é o mais importante suporte do mercado e que deve indicar o rumo dos próximos pregões, abaixo ele pode buscar os 115,00 cents ou até 112,00 cents, mas acima deve voltar a operar acima de 120,00 cents, recuperando as perdas de hoje e com objetivo de 125,00 cents e podendo recuperar todas as perdas da semana nos próximos pregões."
Durante a semana, com os vendidos de um lado e comprados do outro, manteve-se a referência no nível de 119,00 cents, mas nos pregões de ontem e hoje começou inclinar para o lado negativo, chegando hoje a romper a média móvel de 50 dias, em 117,71 cents, e a média móvel de 200 dias, a 116,78 cents, levando o contrato de maior liquidez para baixo de 115,00 cents, depois a romper o segundo suporte, em 114,53 cents, e chegando à mínima de 113,25 cents,
No nível de 113,50 cents, encontrou forte stops de compras no fechamento em 113,50 cents, em um mercado fortemente sobrevendido. Para o curto prazo, graficamente o fechamento de hoje foi muito negativo, que poderá provocar mais vendas na busca dos 112,00 cents, até abaixo de 110,00 cents, mas, no médio prazo e próximos meses, a tendência é voltar operar acima de 130,00 cents e buscar 140,00 cents ou até mesmo os 150,00 cents.