Cepea: Março foi marcado por forte oscilações nos preços do café arábica
O mês de março foi marcado por forte oscilação dos preços do café arábica. Após atingirem novos recordes nominais no fim de fevereiro, as cotações foram pressionadas pela forte queda dos futuros da variedade, que, por sua vez, esteve atrelada a fatores técnicos, ao câmbio e a preocupações com o aumento das restrições para contenção da covid-19 ao redor do globo. Entretanto, ao longo do mês, os preços externos voltaram a avançar, impulsionados, principalmente, por previsões de menor oferta em 2021, devido à quebra da safra brasileira e aos possíveis efeitos do clima sobre as produções da América Central e do Vietnã. Além disso, a alta do dólar na maior parte de março também sustentou as cotações. Assim, o Indicador CEPEA/ESALQ do arábica tipo 6, posto na capital paulista, teve média de R$ 731,86/saca de 60 kg em março, elevação de 46,65 Reais por saca (ou 6,8%) frete à média de fevereiro. Em relação a março de 2020, a alta foi de 2,9% (valores deflacionados pelo IGP-DI de fev/21).
A média de todos os contratos negociados na Bolsa de Nova York (ICE Futures) foi de 130,05 centavos de dólar por librapeso, elevação de apenas 0,7% frente à de fevereiro. Quanto ao dólar, encerrou março com média de R$ 5,641, valorização de 4% no mesmo comparativo. Com a variação dos preços, a maior parte dos compradores e vendedores seguiu distante do mercado, reduzindo a liquidez interna e sustentando as cotações em patamares acima dos R$ 700/sc. Agentes apontam que, diante do baixo percentual de café remanescente da safra 2020/21 e das incertezas quanto ao comportamento dos preços nos próximos meses – tendo em vista a quebra de safra em 2021/22 –, a liquidez interna pode seguir reduzida até o início da colheita.
CAMPO – Boas chuvas foram registradas durante a primeira quinzena de março, auxiliando o enchimento dos grãos e a recuperação fisiológica das plantas, que foram muito debilitadas em 2020, trazendo melhores perspectivas para a produção em 2022/23. Entretanto, nas últimas semanas do mês, as temperaturas se elevaram na maior parte das regiões produtoras de café arábica, enquanto as chuvas diminuíram. Com isso, alguns produtores voltaram a se preocupar com o desenvolvimento da safra. Colaboradores apontaram que, até o fim de março, as lavouras seguiam em bom estado, com algumas delas já entrando em fase de maturação dos grãos. As expectativas são de que a colheita de arábica seja efetivamente iniciada em todas as regiões em maio.