Fundamentos, se sucedem dia após dia sempre no sentido de um cenário crítico

Escritório Carvalhaes

Nesta semana, prejudicada para os negócios de café pelo feriado, do “Memorial Day” nos EUA, na segunda-feira, quando a ICE Futures US não abriu, e pelo feriado nacional ontem no Brasil, as cotações dos contratos de café na ICE Futures US apresentaram diariamente fortes e rápidas oscilações. Os contratos para julho próximo fecharam hoje em alta de 405 pontos, encerrando a semana a US$ 1,6165 por libra peso. No balanço da semana, em meio a tanta oscilação, os contratos para julho próximo recuaram 70 pontos apenas. Na semana passada esses contratos subiram 1225 pontos, encerrando a semana a US$ 1,6235.

 Essas oscilações bruscas e fortes nos contratos de café em Nova Iorque acontecem em razão de interesses de curto prazo, nas disputas entre comprados e vendidos, que se acentuam com o crescimento da rolagem para setembro dos contratos com vencimento em julho próximo. As notícias a respeito dos fundamentos, se sucedem dia após dia sempre no sentido de um cenário preocupante, crítico, para o abastecimento do mercado de café, brasileiro e mundial.

 Não houveram alterações nos fundamentos, que como temos repetido semanalmente, continuam sólidos e apontando para preços em alta. Nesta semana, a ANA - Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico declarou situação crítica de escassez quantitativa dos recursos hídricos na região hidrográfica do rio Paraná até 30 de novembro deste ano.

 Essa região inclui os estados de Minas Gerais, São Paulo e Paraná, onde estão localizadas as maiores regiões produtoras de café arábica do Brasil. Resolução publicada nesta terça-feira, 1º de junho, diz que a agência poderá "definir condições transitórias para a operação de reservatórios ou sistemas hídricos específicos, inclusive alterando temporariamente condições definidas em outorgas de direto de uso de recursos hídricos".

Também no dia primeiro, o jornal O Estado de São Paulo, analisou em um editorial, “Emergência hídrica”, a grave estiagem, considerada a mais severa em mais de um século, e os problemas que trará para toda a região.

 As incertezas climáticas e queda na produção persistem também nos demais países produtores de café; a perspectiva é de alta no consumo do hemisfério norte no segundo semestre; Hoje a tarde, o site “Noticias Agrícolas” informou que "A OIC – Organização Internacional do Café aumentou sua previsão de consumo global de café em 2020/2021 para 167,564 milhões de sacas, ante uma previsão anterior de 166,346 milhões de sacas, e cortou sua estimativa de superávit global de café em 2020/2021 para 2,019 milhões de sacas, de uma estimativa anterior de 3,286 milhões de sacas".

 No mercado cambial brasileiro, o dólar comercial trabalhou por toda a semana em queda acentuada. Recuou hoje mais 0,96%, encerrando a semana a R$ 5,0350. Encerrou a semana passada a R$ 5,2120. Em reais por saca os contratos para julho próximo fecharam hoje valendo R$ 1076,64. Na sexta-feira passada fecharam a semana a R$ 1119,31.

 Em uma semana com oscilações rápidas em Nova Iorque, mas com o dólar em queda acentuada frente ao real, tivemos muito interesse comprador no mercado físico brasileiro, mas poucos negócios fechados. Esse cenário se repetiu por toda a semana. O forte recuo do dólar frente ao real, derrubou o valor das ofertas e travou os negócios.

Depois das altas explosivas da semana passada e com os problemas climáticos enfrentados pela cafeicultura brasileira se acentuando, é difícil para os compradores fecharem negócios tentando repassar para os preços as quedas do dólar frente ao real.

Cresce a preocupação dos cafeicultores à medida que avançam nos trabalhos de colheita e apuram a renda da safra. O clima continua dando sustos diários e apontando para problemas também com a próxima safra brasileira de café 2022/2023.

 Até dia 2, os embarques de maio estavam em 1.610.175 sacas de café arábica, 102.808 sacas de café conillon, mais 212.487 sacas de café solúvel, totalizando 1.925.470 sacas embarcadas, contra 3.020.683 sacas no mesmo dia de abril. Até o mesmo dia 17 os pedidos de emissão de certificados de origem para embarque em maio totalizavam 3.279.630 sacas, contra 3.620.962 sacas no mesmo dia do mês anterior.

 A bolsa de Nova Iorque – ICE, do fechamento do dia 28, sexta-feira, até o fechamento de hoje, dia 4, caíu nos contratos para entrega em julho próximo 70 pontos ou US$ 0,92 (R$ 4,66) por saca. Em reais, as cotações para entrega em julho próximo na ICE fecharam no dia 28 a R$ 1119,31 por saca, e hoje dia 4 a R$ 1076,64. Hoje, sexta-feira, nos contratos para entrega em julho a bolsa de Nova Iorque fechou com alta de 405 pontos.

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