Cooperativas investem R$ 1 bi em maltaria para Heineken e Ambev
Uma onda de investimentos está se formando na região Sul do Brasil e nos vizinhos Argentina e Uruguai para atender à demanda do setor cervejeiro por malte. No Paraná, Estado produtor de cevada (insumo usado para fazer malte), as cooperativas Agrária, Bom Jesus, Capal, Castrolanda, Coopagrícola e Frísia vão destinar mais de R$ 1 bilhão para criar uma nova maltaria, na região de Campos Gerais.
Prevista para ser inaugurada em 2023, a fábrica produzirá 240 mil toneladas de malte anualmente e tem previsão de gerar mais de mil empregos diretos e indiretos. Ainda no papel, a nova maltaria já tem um cliente garantido: o grupo Heineken anunciou contrato de dez anos de compra do malte da unidade.
Segundo fontes, a Ambev também vai ser uma das compradoras. A expectativa é de que a dona das marcas Brahma e Skol compre 50% do malte da nova fábrica e a Heineken, 35%.
Entre as razões para o crescimento na busca pelo ingrediente, essencial na fabricação de cervejas, está o sucesso das versões puro malte, que têm ganhado o paladar do consumidor brasileiro. Na pandemia esse gosto ficou bastante evidente, com produtos liderando as vendas, como a Brahma Duplo Malte da Ambev, e com novas apostas, como a asiática Tiger, do grupo Heineken, que está chegando ao Brasil.
Dados da consultoria Nielsen apontam um crescimento de 39% dessa categoria no último ano. A procura pelo ingrediente também é puxada pelo bom desempenho das vendas totais de cerveja no país, a despeito da pandemia. Em 2020, o consumo chegou a 13,3 bilhões de litros, abaixo apenas de 2014, diz a consultoria Euromonitor. E deve avançar mais 2,70% neste ano, para 13,67 bilhões de litros. Assim, garantir matéria-prima é crucial.