Mercado estressado:"Tempestade Perfeita" afeta o abastecimento global de café
Por José Roberto Marques da Costa Para o site Agnocafé a "tempestade perfeita' está começando a deixar o mercado estressado, nervoso e inquieto, com a provável queda de produção nos dois maiores produtores do mundo, um do arábica e outro do robusta, que juntos produzem mais da metade do consumo mundial.
Os preços do café fecharam em alta tanto em NY e Londres. O café arábica devido às preocupações com a safra de café do Brasil, e o robusta devido à falta de oferta do Vietnã, juntamente com problemas relacionados à logística.
As fortes geadas ocorridas recentemente no Brasil geraram perdas em cerca de 19% das áreas de café de Minas Gerais, o equivalente a 173,68 mil hectares, estimou a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado (Emater-MG) que representa a produção de 5 milhões de sacas somente com a geada no estado de Minas Gerais, não incluindo o Estado de São Paulo. A empresa Olam minimizou as perdas, estimando até agora em 8 milhões de sacas, sendo de 4,3 milhões devido à seca e 3,7 milhões devido à geada.
A Somar Meteorologia previu temperaturas acima da média no próximo mês para as regiões produtoras de café do Brasil, o que pode prejudicar ainda mais os cafezais do país. O Ministério de Minas e Energia admitiu que o cenário da crise hídrica está pior do que o esperado, com projeção de um volume menor de chuva numa época muito importante para o café, entre os meses de setembro a novembro,
O café robusta deve ultrapassar o nível de US$ 2 mil nesta semana devido às preocupações com a oferta do Vietnã. O primeiro-ministro do país reforçou as restrições de circulação e enviou soldados às ruas da cidade de Ho Chi Minh e de outras províncias vizinhas para evitar o aumento no número de casos de covid-19. O plano é que as pessoas não saiam de suas casas. As infecções do coronavírus no Vietnã dispararam para um recorde de 11.299 casos no sábado, o que fez com que o governo fechasse portos, que ameaça reduzir as exportações de café.
Somado ao problema com a produção, vem a questão logística marítima. Os entraves nesse setor se multiplicam e geram dificuldades para setores exportadores de café. Segundo dados da Bloomberg, atualmente a taxa de locação de um contêiner está 200% mais alta que no mesmo período de 2020.
Estimativa do Conselho dos Exportadores de Café (Cecafé) aponta que, entre maio e julho, o segmento deixou de embarcar, por causa do problema logístico, cerca de 3 milhões de sacas. “Em abril, a taxa de rolagem [adiamento] dos embarques era de 20%. Em julho, foi para 40%, e agora, em agosto, estamos perto de 50%”, afirma o diretor técnico do Cecafé.