A cada dia que passa crescem as perdas para nossa próxima safra 2022
Por Escritório Carvalhaes
Cresce a cada semana a percepção dos operadores quanto à seriedade da quebra já consolidada da safra brasileira de café 2022. Esta semana, a agência de notícias Bloomberg divulgou que a OLAM Agrícola, segunda maior exportadora de café do Brasil, declarou que a próxima safra brasileira de café 2022 poderá ter uma quebra de até 8 milhões de sacas de café arábica (em nossa opinião esse número é conservador. A quebra deve ser maior). O problema é que as perdas ainda devem crescer. A seca continua e a cada dia que passa crescem as perdas para nossa próxima safra 2022.
Os contratos de café na ICE Futures US, em Nova Iorque, trabalharam hoje em forte alta. Os contratos para dezembro próximo subiram 420 pontos e fecharam a US$ 1,9220 por libra peso. Ontem fecharam em alta de 60 pontos. No balanço da semana os contratos para dezembro subiram 1070 pontos. Na semana passada esses contratos recuaram 425 pontos.
Além da percepção maior sobre a quebra da safra brasileira, a forte queda do dólar frente ao real, a falta de estoques no Brasil, governamentais e privados, e as dificuldades logísticas para embarque de café no Brasil e em outros países produtores, levaram à alta de 5,7% nas cotações do café em Nova Iorque.
No mercado cambial brasileiro, o dólar caiu forte frente ao real. Fechou hoje com perdas de 1,16% a R$ 5,1950. Apenas ontem o dólar fechou em alta frente ao real. Encerrou a sexta-feira passada valendo R$ 5,3840. Na semana, o dólar acumulou queda de mais de 3,5% frente ao real. A moeda americana, que abriu o pregão na segunda-feira valendo perto de R$ 5,40, foi perdendo força ao longo dos dias. Sinais de abrandamento nas questões políticas internas e um discurso do presidente do Federal Reserve, o banco central dos EUA, que adiou preocupações na economia mundial, derrubaram a moeda americana no Brasil.
Em reais por saca, os contratos para dezembro próximo fecharam hoje a R$ 1.320,79. Ontem fecharam valendo R$ 1.307,10. Na sexta-feira passada fecharam a R$ 1.292,63. Aparentemente, os operadores vinham se esforçando para que, em reais por saca, a cotação do mês presente na ICE, dezembro, permanecessem abaixo dos 1.300 reais por saca. Ontem e hoje, os preços na ICE escaparam e fecharam acima desse valor.
O mercado físico brasileiro mostrou-se, como sempre, comprador. As ofertas subiram ontem e hoje, os cafés arábica de boa qualidade a finos finalmente atingiram o patamar dos 1.100 reais, e saíram alguns negócios. Mesmo nesse patamar, a ofertas de lotes não cresceu. Os vendedores continuaram retraídos. O volume de lotes que chega ao mercado é baixo para o mês de agosto, início de safra.
A escassez de lotes de café arábica destinados ao consumo interno brasileiro, elevou bastante os preços pagos pelas indústrias de torrefação brasileiras para esse tipo de arábica, utilizado na produção do padrão “tradicional”, o mais consumido no Brasil. Os preços desses lotes estão subindo e se aproximando rapidamente dos preços oferecidos para arábicas mais preparados. O preço do café conilon também sobe, acompanhando a alta dos preços do café arábica destinado ao consumo interno.
Hoje voltou a chover sobre o norte do Paraná, embora o acumulado não tenha passado de 1mm nas últimas 24 horas em municípios como Jaguariaíva, Maringá e Apucarana. A expectativa, no entanto, é de aumento da precipitação durante o fim de semana, com acumulado entre 20mm e 30mm. Até o fim do mês de agosto, também voltará a chover sobre São Paulo e Minas Gerais, porém de forma bem mais dispersa e com baixo acumulado. No início de setembro, espera-se o retorno do tempo seco e do calor intenso às áreas de café do país (SOMAR Meteorologia).
As exportações de café solúvel registraram recuo de 7,4% nos primeiros sete meses deste ano em relação ao mesmo período de 2020, para pouco mais de 2,2 milhões de sacas, divulgou esta semana a Associação Brasileira de Café Solúvel.
A Cooxupé, maior cooperativa de cafeicultores do mundo, estreou no mercado de capitais com a captação de R$ 150 milhões por meio da emissão de um CRA - Certificado de Recebíveis do Agronegócio, liquidada no início desta semana. O título tem lastro em CPR - Cédulas de Produto Rural Financeiras, emitidas pela cooperativa, com promessa de entrega de café dos cooperados, o que tornou a operação totalmente baseada no risco da própria cooperativa.
Até dia 26, os embarques de agosto estavam em 1.441.959 sacas de café arábica, 153.570 sacas de café conillon, mais 195.360 sacas de café solúvel, totalizando 1.790.889 sacas embarcadas, contra 1.683.170 sacas no mesmo dia de julho. Até o mesmo dia 19 os pedidos de emissão de certificados de origem para embarque em agosto totalizavam 2556.262 sacas, contra 2.482.367 sacas no mesmo dia do mês anterior.
A bolsa de Nova Iorque – ICE, do fechamento do dia 20, sexta-feira, até o fechamento de hoje, dia 27, subiu nos contratos para entrega em dezembro próximo 1070 pontos ou US$ 14,15 (R$ 73,53) por saca. Em reais, as cotações para entrega em dezembro próximo na ICE fecharam no dia 20 a R$ 1.292,63 por saca, e hoje dia 27 a R$ 1.320,79. Hoje, sexta-feira, nos contratos para entrega em dezembro a bolsa de Nova Iorque fechou com alta de 420 pontos.
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