Chuvas frustrantes aumentam as preocupações dos produtores
Escritório Carvalhaes
Foi uma semana perdida para os negócios de café. Na segunda-feira foi feriado do “Dia do Trabalho” nos EUA e a ICE Futures US não abriu. Na terça-feira, dia 7, tivemos o feriado do “Dia da Independência” no Brasil. Portanto, na prática, o mercado de café começou a operar na quarta-feira. A abertura dos negócios acabou prejudicada com o forte aumento da tensão político-institucional no Brasil após declarações do presidente Jair Bolsonaro durante manifestações em seu apoio no feriado do Dia da Independência, terça-feira. O IBOVESPA afundou quase 4% (no fechamento da quarta-feira a queda foi de 3,75%) e o dólar subiu 2,93% frente ao real, fechando a R$ 5,3276, refletindo o crescimento das preocupações do mercado com a pauta econômica e a situação política do país.
No café, os operadores acabaram aproveitando a fragilidade do ambiente político e notícias sobre a chegada de chuvas em regiões produtoras de café do Brasil - que os institutos de meteorologia já informavam que seriam esparsas e em pouco volume – para derrubar as cotações dos contratos de café na ICE Futures US em Nova Iorque. Na terça-feira, feriado nacional no Brasil, a ICE abriu em forte alta, os contratos para dezembro próximo chegaram a subir mais de 340 pontos, ultrapassando os US$ 2 dólares por libra peso. Mais tarde, com as informações sobre a fala do presidente Jair Bolsonaro já circulando, recuaram e fecharam com apenas 95 pontos de alta. Na quarta-feira, os contratos com vencimento em dezembro recuaram 375 pontos e ontem, quinta-feira, 275 pontos.
Ontem, informações desencontradas sobre paralisações de estradas por caminhoneiros apoiadores de Jair Bolsonaro e de negociações políticas em Brasília para melhorar o pesado ambiente institucional, fizeram o dólar oscilar bastante frente ao real. Antes do fechamento dos contratos de café na ICE, esse ambiente pessimista ajudou os interessados em queda a derrubarem mais uma vez as cotações do café na ICE. Depois, já nos minutos finais de negociação cambial, com as negociações do café na ICE já encerradas, a moeda americana desabou, com a divulgação de uma nota oficial do presidente Bolsonaro, prometendo respeitar decisões judiciais e dizendo que algumas declarações suas ocorreram no “calor do momento”. Após a nota oficial, o dólar chegou a bater na mínima de R$ 5,1380 antes de encerrar o dia em baixa de 1,96%, a R$ 5,2233.
Hoje, o mercado de café em Nova Iorque apresentou um pregão mais calmo e trabalhou em alta moderada. As informações que chegaram sobre as chuvas de ontem e hoje são frustrantes e aumentam as preocupações com o severo e longo período de estiagem sobre os cafezais do sudeste brasileiro. A nota oficial, “Declaração à Nação”, que o presidente Bolsonaro divulgou ontem no final da tarde, diminuiu hoje a tensão político-institucional em Brasília. Os contratos para dezembro próximo fecharam hoje em alta de 60 pontos, a US$ 1,8805 por libra peso. No balanço da semana esses contratos recuaram 495 pontos.
No mercado cambial brasileiro, após recuar forte ontem nos minutos finais de negociação e fechar em queda de 1,96%, hoje a cotação do dólar frente ao real abriu com bastante oscilação. No encerramento do dia, a moeda americana fechou em alta de 0,78% a R$ 5,2670. Na semana acumulou valorização de 1,59%.
Em reais por saca, os contratos para dezembro próximo fecharam hoje a R$ 1 310,18. Ontem fecharam valendo R$ 1 295,83. Anteontem fecharam a R$ 1339,75. Na sexta-feira passada fecharam a semana a R$ 1 323,48.
O mercado físico brasileiro permaneceu o mesmo por toda a semana: firme e comprador, mas praticamente sem vendedores. Hoje, com a ICE e o dólar em alta moderada, os compradores melhoraram um pouco o valor de suas ofertas, mas nosso mercado físico fechou a semana praticamente travado. Não apareceram vendedores nas bases oferecidas pelos compradores. Os cafeicultores continuaram retraídos. O volume de lotes que chega ao mercado é baixo e preocupante para o mês de setembro.
Continua a escassez de lotes de café arábica destinados ao consumo interno brasileiro, o que elevou bastante os preços pagos pelas indústrias de torrefação brasileiras para lotes de arábica utilizados na produção do padrão “tradicional”, o mais consumido no Brasil. Os preços desses lotes subiram e se aproximaram dos preços oferecidos para arábicas mais preparados. O preço do café conilon também subiu bastante nesse início de ano safra, acompanhando a alta dos preços do café arábica destinado ao consumo interno e as altas na bolsa de Londres.
Até dia 2, os embarques de setembro estavam em 276.381 sacas de café arábica, 15.480 sacas de café conillon, mais 35.410 sacas de café solúvel, totalizando 327.271 sacas embarcadas, contra 281.347 sacas no mesmo dia de agosto. Até o mesmo dia 9 os pedidos de emissão de certificados de origem para embarque em setembro totalizavam 528.999 sacas, contra 561.665 sacas no mesmo dia do mês anterior.
A bolsa de Nova Iorque – ICE, do fechamento do dia 3, sexta-feira, até o fechamento de hoje, dia 10, caiu nos contratos para entrega em dezembro próximo 495 pontos ou US$ 6,55 (R$ 34,49) por saca. Em reais, as cotações para entrega em dezembro próximo na ICE fecharam no dia 3 a R$ 1.323,48 por saca, e hoje dia 10 a R$ 1.310,18. Hoje, sexta-feira, nos contratos para entrega em dezembro a bolsa de Nova Iorque fechou com alta de 60 pontos.
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