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Octaviano relançou Folhas em 1931 e ofereceu assinaturas em troca de café


Por Ricardo Balthazar
Em janeiro de 1931, era possível pagar uma assinatura da Folha da Manhã com café. Um fazendeiro precisava apenas despachar a mercadoria de trem até São Paulo para receber o jornal na varanda. Em preços da época, uma saca de 60 quilos quitava dois anos de assinatura.

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A novidade surgiu poucos dias depois que Octaviano Alves de Lima assumiu o controle da empresa responsável pelo jornal. Produtor de café em Campinas, o novo dono queria ser um porta-voz dos interesses do setor. "Fazendeiros!", dizia o anúncio. "Assinem os jornais que defendem a lavoura!"

Quando Octaviano chegou, restava pouco da empresa. Ela lançara a Folha da Noite em 1921 e a Folha da Manhã quatro anos depois, mas os dois jornais estavam fora de circulação desde outubro de 1930, quando apoiadores da revolução que levou Getúlio Vargas ao poder depredaram sua sede na capital.

O fazendeiro participara das articulações políticas que tinham garantido adesões ao movimento entre os paulistas e via com otimismo os novos tempos. Ao relançar as Folhas, seu principal objetivo era erguer uma plataforma que incentivasse o governo a tomar medidas para favorecer os cafeicultores.

Descendente de uma família que perdera tudo com uma geada no início do século e refizera sua fortuna na Argentina importando café do Brasil, Octaviano voltara a produzir ao assumir uma propriedade herdada pela mulher e temia pelo futuro do setor, atingido com força pela crise de 1929.

Os editoriais balançavam com as ventanias da política e os preços do café, mas Octaviano deixava seu pessoal trabalhar. O diretor da Redação, Rubens Amaral, era opositor de Vargas e teve por muito tempo como secretário um militante de esquerda que fora preso pelo Estado Novo, Hermínio Sacchetta.

Octaviano quase não ia à Redação e se incomodava com a agitação do lugar, segundo os contemporâneos. "Não era uma pessoa acessível", contou o fotógrafo Gil Passarelli, que começou a trabalhar no jornal nessa época, num depoimento em 1985. "Era meio bruto, meio estourado, muito nervoso."
 
Com seu principal concorrente, O Estado de S. Paulo, sob intervenção federal e fora de combate, as Folhas viram suas tiragens se multiplicar nesse período. Durante a Segunda Guerra Mundial, o interesse dos leitores pelo conflito levou a empresa a publicar várias edições diárias dos dois jornais.

Apesar do êxito comercial, Octaviano decidiu se retirar quando a ditadura estava no fim. Em 1942, ele vendeu boa parte do que restava da fazenda de Campinas para o Exército, que até hoje mantém um quartel no lugar. Em 1945, vendeu o jornal para um grupo liderado pelo advogado José Nabantino Ramos.

Estava desiludido com os rumos da política e com a desunião dos cafeicultores que buscara representar. "Desde muito tenho-me sentido forçado à convicção de que é inútil o meu trabalho e insana a minha espera", escreveu, numa mensagem em que justificou sua decisão para os leitores do jornal.

Amaral, Sacchetta e dezenas de profissionais se demitiram ao saber da mudança, por causa da proximidade que havia entre os novos donos e o governo. Um jornalista afixou no quadro de avisos da Redação uma foto de Vargas de cabeça para baixo e escreveu em cima: "Viva a democracia".

Já não era mais possível assinar os jornais pagando com café, mas os preços da mercadoria estavam em recuperação. No dia em que a venda da empresa foi anunciada, uma saca de 60 quilos de café valia no mercado internacional o equivalente a dois anos e dois meses de assinatura da Folha da Manhã.

OCTAVIANO ALVES DE LIMA (1883-1972)

Nascido em Tietê (SP), começou a trabalhar com o pai na Argentina, importando café. Foi dono da Fazenda Chapadão, em Campinas, e assumiu a empresa responsável pela Folha da Manhã e pela Folha da Noite em 1931. Vendeu os jornais a um grupo liderado por José Nabantino Ramos em 1945.

Fonte: Folha de São Paulo

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