"Com toda nossa experiência nunca enfrentamos nada parecido", diz Carvalhaes
Escritório Carvalhaes A semana foi de alta no mercado de café. As cotações dos contratos na ICE Futures US em Nova Iorque subiram com força. Os para dezembro próximo acumularam 795 pontos positivos. Haviam recuado 165 pontos na semana passada, e na anterior 495 pontos. Os 795 pontos recuperaram a queda das duas últimas semanas e ainda tivemos um saldo positivo de 135 pontos.
Aparentemente os operadores no exterior estão se conscientizando da seriedade do quadro atual, que como já afirmamos, com toda nossa experiência nunca enfrentamos nada parecido. As cotações subiram mesmo com a chegada de chuvas no sudeste brasileiro a partir deste final de semana. O volume será pequeno e variará bastante de região para região. Na segunda metade da semana que vem, o tempo seco e o calor retornarão para todas as áreas de café.
As chuvas só deverão começar a se tornar mais frequentes, aumentando aos poucos a umidade do solo, a partir dos primeiros dias de outubro. Repetimos, que quando o ciclo de chuvas se regularizar no sudeste brasileiro, poderemos ter um freio no crescimento das perdas para 2022, que dependerá não apenas das chuvas de outubro, mas do regime de chuvas até maio próximo, quando se iniciam os trabalhos de colheita da nova safra. É impossível a recuperação do volume já perdido com a longa seca iniciada no segundo semestre de 2020, que persiste até agora, e com as três frentes frias e geadas do último mês de julho.
De acordo com o 3º Levantamento da atual Safra 2021 de café, divulgado pela CONAB - Companhia Nacional de Abastecimento na última terça-feira, dia 21, o Brasil deve produzir aproximadamente 46,9 milhões de sacas de café beneficiado. O número representa diminuição de 25,7% em relação ao resultado da safra de 2020. A área em produção, por sua vez, é atualmente estimada em 1,8 milhão de hectares, 4,4% menor que a safra anterior. O levantamento da CONAB ocorreu em um momento em que mais de 95% das áreas plantadas já foram colhidas.
O resultado da pesquisa de campo confirma, portanto, redução considerável na produção, em comparação à safra anterior, considerada recorde. Além dos efeitos fisiológicos da bienalidade negativa, observados em diversas regiões produtoras neste ciclo, os motivos para a redução também incluem as condições climáticas adversas de seca em muitas localidades e as geadas, que ocorreram em junho e julho. Estes fatores influenciaram tanto para redução do rendimento médio como para a diminuição da área em produção. A produção de café arábica está estimada em 30,7 milhões de sacas, 36,9% a menos se comparado ao volume produzido na safra anterior. O conilon, por sua vez, deve alcançar uma produção de 16,15 milhões de sacas, o que indica um aumento de 12,8% sobre o resultado obtido em 2020. (Fonte: Conab)
Sem estoques governamentais, e com estoques privados de passagem praticamente zerados - devido ao recorde de exportação batido pelo Brasil no último ano safra e ao consumo interno brasileiro, o segundo maior do mundo – a quebra estimada de 37 % na produção de arábica deste ano é desalentadora e impossibilita a repetição do volume exportado por nós no ano safra 2020/2021, agora neste ano safra 2021/2022. Os operadores contavam com uma grande safra em 2022, mas, como dissemos acima, a severa seca no segundo semestre de 2020 e no primeiro semestre de 2021, que persiste até hoje, quando estamos já na última semana de setembro, mais as três frentes frias com geadas em julho último, já derrubaram fortemente nossa produção de arábica em 2022, com reflexos em 2023.
Com o cenário acima ficando mais claro a cada dia, na ICE Futures US, em Nova Iorque, os contratos de café trabalharam em alta forte no decorrer da semana. Os contratos para dezembro próximo fecharam hoje em alta de 375 pontos, a US$ 1,9435 por libra peso. No balanço da semana subiram 795 pontos. Na semana passada recuaram 165 pontos, e na semana anterior 495 pontos. Os 795 pontos de alta recuperaram a queda das duas últimas semanas e ainda deram um saldo positivo de 135 ponto.
No mercado cambial brasileiro, o dólar continuou oscilando bastante. Trabalhou em alta moderada por toda a semana e hoje terminou o dia em alta de 0,64 %, a R$ 5,3430. Fechou a semana passada a R$ 5,2860.
Em reais por saca, os contratos de café para dezembro próximo na ICE em NY fecharam hoje a R$ 1 373,61. Na sexta-feira passada fecharam a R$ 1 303,37. Escaparam da base em vêm trabalhando nas últimas semanas, fechando todos os dias ao redor de R$ 1 300 por saca, valor que, aparentemente, os operadores e seus programas vinham tentando manter.
O mercado físico brasileiro permaneceu firme e comprador por toda a semana, mas continuou praticamente sem vendedores. Hoje, com mais uma alta em Nova Iorque, os compradores voltaram a subir o valor de suas ofertas e produtores que precisam fazer “caixa” fecharam negócios. O volume não foi grande. A alta no decorrer da semana no mercado físico brasileiro foi bem menor do que a alta, em reais por saca, nos contratos de café na ICE em Nova Iorque. Os cafeicultores continuaram retraídos. O volume de lotes que chega ao mercado é baixo e preocupante para o mês de setembro. Os preços pagos pelas ligas de arábica no mercado interno brasileiro estão a cada dia mais próximas dos valores ofertados para os arábicas mais preparados.
Continua a escassez de lotes de café arábica destinados ao consumo interno brasileiro, o que eleva diariamente os preços pagos pelas indústrias de torrefação para os lotes de arábica utilizados na produção do padrão “tradicional”, o mais consumido no Brasil. AS ofertas para o padrão com 600 defeitos estão entre 980 e 1000 reais. Mesmo assim não é fácil encontrar vendedores no mercado.
O mercado físico do conilon está firme, comprador. Os preços chegam até R$ 810,00. Cresce a porcentagem de conilon nas ligas de consumo interno.
Em nossa opinião a chegada das chuvas não mudará o comportamento dos cafeicultores no mercado de café.
Até dia 23, os embarques de setembro estavam em 1.611.833 sacas de café arábica, 173.035 sacas de café conillon, mais 170.709 sacas de café solúvel, totalizando 1.955.577 sacas embarcadas, contra 1.474.869 sacas no mesmo dia de agosto. Até o mesmo dia 23 os pedidos de emissão de certificados de origem para embarque em setembro totalizavam 2.230.774 sacas, contra 2.077.027 sacas no mesmo dia do mês anterior.
A bolsa de Nova Iorque – ICE, do fechamento do dia17, sexta-feira, até o fechamento de hoje, dia 24, subiu nos contratos para entrega em dezembro próximo 795 pontos ou US$ 10,52 (R$ 56,19) por saca. Em reais, as cotações para entrega em dezembro próximo na ICE fecharam no dia 17 a R$ 1.303,37 por saca, e hoje dia 24 a R$ 1.373,61. Hoje, sexta-feira, nos contratos para entrega em dezembro a bolsa de Nova Iorque fechou com alta de 375 pontos.
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