Atual inquilina compra antiga sede da Garcafé na cidade de Patrocínio
Pouco mais de um mês após o empresário garcense Flávio Peres oficializar proposta de aquisição de imóvel da Garcafé (Cooperativa dos Cafeicultores da Região de Garça) , em Patrocínio, no cerrado mineiro, a empresa Armazéns Gerais Leste de Minas, atual inquilina dos armazéns da cooperativa, fez valer seu direito de prioridade e concretizou na semana passada a transação, adquirindo por R$ 25 milhões o terreno de 55,125 mil metros quadrados, no qual se encontram as instalações da unidade da cooperativa naquele município.
A manifestação pela compra ocorreu assim que a empresa foi comunicada da proposta feita por Flávio Peres, que ofereceu pagar R$ 25 milhões pela área, R$ 2 milhões a mais que a oferta mínima estipulada.
Muito embora ainda tivesse mais cerca de 90 dias para efetivar a compra, a locatória fechou rapidamente a negociação. Por meio de compromisso assumido em cartório, o grupo aceitou pagar os R$ 25 milhões oferecidos pelo empresário garcense e tem até o dia 23 de novembro para fazer a liquidação do valor total.
"O negócio está fechado", comemorou Wilson Lopes, presidente da comissão liquidante da Garcafé, salientando que os locatários tinham a preferência e acharam interessante adquirir a estrutura que ocupam há vários anos.
"Não está pago porque isso demora por causa de uma série de documentos, mas está garantido que a empresa vai adquirir", completa Lopes, cujo foco agora se volta para a reativação da Garcafé.
Com a venda da filial em Patrocínio, a Garcafé viu a possibilidade de levantar recursos para aproveitar um desconto de quase 70% sobre a dívida com a União, que recua aproximadamente R$ 70 milhões, para cerca de R$ 25 milhões.
Para entender todos os pontos que envolvem a dívida milionária da Garcafé com o governo federal é necessário voltar ao ano de 2000, quando a diretoria da cooperativa, em grave crise financeira, aderiu a programas governamentais criados justamente para socorrer as cooperativas que estavam em situação difícil. Tal dívida foi formada por empréstimos tomados do Pesa (Programa Especial de Saneamento de Ativos), assim como a securitização, nos quais a Garcafé fez a adesão, indicou avalistas e, no entanto, não conseguiu efetivar os pagamentos.
"A Garcafé recebeu seus valores e cooperados endossaram, só que, na época, o banco também exigiu mais bens em garantia, além do aval dos diretores e conselheiros e até conselheiros fiscais. A dívida deveria ter sido dividida entre todos, mas muita gente não pagou e isso foi gerando uma bola de neve. Esses valores, que inicialmente somavam entre 14 e 15 milhões de reais, saltaram para 70 milhões de reais. Quando chegou em 2018, a União decidiu que aqueles que não tinham pagado nada, seus contratos venceriam em 2020 e não mais em 2025", informou Lopes.
"Porém, este ano, o governo decidiu facilitar o pagamento oferecendo desconto e condições especiais. Uma ótima oportunidade para cooperativas que pudessem dispor de alguns bens a fim de sanar a dívida com desconto de até 70% e 12 anos para pagar com parcelas anuais. Para nós esse valor cairia de R$ 70 milhões para R$ 22 milhões, aproximadamente, a ser pago anualmente. Eu procurei alguns cooperados com melhores condições financeiras e alguns deles demonstraram que tinham condições de assumir essa dívida, adquirindo aquela estrutura imponente da filial que a Garcafé construiu na cidade de Patrocínio. Quando recebemos a informação que poderia pagar em doze anos, o empresário Flávio Peres, como bom garcense que sempre foi, nos procurou e fez a proposta de aquisição. Ele pediu para levantar o montante necessário para pagar a primeira parcela da dívida, e falou que se não conseguíssemos vender ele iria adquirir a estrutura e fazer o pagamento", complementou.
Mesmo não adquirindo a área, a intervenção do empresário possibilitou que a Garcafé pagasse a primeira parcela e usufruísse do desconto oferecido pelo governo.