Fundamentos não mudaram, continuam e não devem se alterar tão cedo
Escritório Carvalhaes
Em uma semana tensa na área política brasileira, em meio à muitos boatos e debates com as pressões para alterar, romper, a regra do teto de gastos, e permitir R$ 83,6 bilhões em gastos extras para conseguir acomodar o Auxílio Brasil de R$ 400, o mercado financeiro e o câmbio apresentaram um comportamento caótico. O acordo feito pelo governo federal para mudar a regra do teto de gastos e permitir os gastos extras, resultou no pedido de demissão de dois importantes membros da equipe econômica. O secretário especial do Tesouro e Orçamento e o secretário do Tesouro.
No mercado financeiro, o IBOVESPA teve sua pior semana desde março de 2020 e encerrou hoje em mais uma queda, de 1,34% aos 106.854 pontos. No decorrer do dia chegou a cair 4,53 %. No acumulado da semana, o IBOVESPA recuou 7,28 %, a pior marca desde março de 2020.
Como não poderia deixar de ser, toda essa agitação levou o mercado cambial brasileiro a uma semana de fortíssimas oscilações e falta de rumo, influindo diretamente no comportamento das cotações do café na ICE Future US em Nova Iorque.
Os contratos de café na Bolsa de Nova Iorque oscilaram forte e sem rumo por toda a semana, acompanhando o caos do mercado cambial brasileiro. Hoje, sexta-feira, abriram em alta e oscilaram forte, 800 pontos entre a máxima e a mínima do dia. Os contratos para dezembro chegaram a bater em US$ 2,06 com mais de 300 pontos de alta. Após a abertura do mercado cambial, com o dólar trabalhando em alta forte frente ao real, na máxima do dia bateu em R$ 5,7545, as cotações do café cederam e passaram a trabalhar no negativo. Fecharam em baixa, com o dólar em alta frente ao real. No final da tarde, após entrevista conjunta dada pelo Presidente Bolsonaro e o Ministro Paulo Guedes, onde foi confirmada que Paulo Guedes continuaria à frente do ministério da Economia, o dólar cedeu e fechou em queda de 0,65 %, a R$ 5,6282. Mesmo com esse alívio, o dólar comercial acumulou alta de 3,22 % na semana. Ontem o dólar subiu 1,92 % e fechou a R$ 5,6670 empurrando as cotações do café na ICE para o campo negativo.
Os contratos para dezembro fecharam hoje em queda de 345 pontos a US$ 1,9985 por libra peso. Ontem recuaram 225 pontos a US$ 2,0330 por libra peso. Todos os demais vencimentos fecharam hoje acima de US$ 2,02. No balanço da semana recuaram 355 pontos. Na semana passada subiram 205 pontos e encerraram a sexta-feira passada valendo US$ 2,0340 por libra peso.
Em reais por saca, os contratos de café para dezembro próximo na ICE fecharam hoje a R$ 1 487,56. Ontem fecharam a R$ 1 524,00. Na sexta-feira passada fecharam a semana a R$ 1 467,44. Portanto, em reais, os contratos de café na bolsa novaiorquina subiram esta semana.
Continuamos com a opinião que os fundamentos não mudaram, continuam os mesmos e não devem se alterar tão cedo. As chuvas que começaram a cair a partir do início de outubro, caem em muito bom volume, são essenciais para evitar uma quebra ainda maior, mas não estancarão instantaneamente o ciclo de perdas, e muito menos recuperarão o que já foi perdido para a safra do próximo ano. Nosso parque cafeeiro está enfraquecido e em condições difíceis.
Todos os demais fatores de alta, que temos listado repetidamente, permanecem sem mudanças.
O forte recuo nos embarques brasileiros de café em setembro, divulgados na quarta-feira da semana passada pelo Cecafé, é mais uma preocupação para o mercado de café. A "Green Coffee Association" divulgou na sexta-feira, 15, que os estoques americanos de café verde totalizaram 6.022.923 em 30 de setembro de 2021. Caíram 107.561 sacas em relação às 6.130.484 sacas existentes em 31 de agosto de 2021.
O aumento expressivo das exportações de café do Brasil para a Colômbia, segundo maior produtor mundial de café arábica, é mais um forte indicador dos problemas enfrentados por nossos vizinhos, em um momento em que também estão tendo um significativo aumento de seu consumo interno.
Enfrentamos ainda sérios problemas com a falta de contêineres e espaço em navios, além de forte alta nos principais insumos para a produção de café. Energia elétrica, combustíveis, fertilizantes, defensivos, tratores e maquinários, estão subindo com força. Com a chegada das chuvas, os cafeicultores precisam começar a adubação, que já está dois meses atrasada. A subida vertiginosa dos preços de todos os fertilizantes assusta bastante os produtores.
Em meio a muita oscilação, a crescente percepção do quadro acima vai levando os contratos de café na ICE a um novo patamar de preços.
Continua a escassez de lotes de café arábica destinados ao consumo interno brasileiro.
Apesar dos compradores recuarem o valor de suas ofertas, o mercado físico do conilon está firme, comprador. Com ofertas mais baixas, diminuiu bastante o número de vendedores.
Em nossa opinião a chegada das chuvas não mudará o comportamento dos cafeicultores no mercado de café.
No mercado físico brasileiro, os compradores aumentaram o valor de suas ofertas acompanhando a escalada do dólar. O volume de negócios foi pequeno. O produtor de café vende apenas o necessário para fazer “caixa” e cumprir os compromissos mais próximos.
O CECAFÉ – Conselho dos Exportadores de Café do Brasil informou que no último mês de setembro foram embarcadas 3.111.905 sacas de 60 kg de café, aproximadamente 26,5 % (1.119.936 sacas) menos que no mesmo mês de 2020 e 9,7 % (307.685 sacas) mais que no último mês de agosto. Foram 2.422.269 sacas de café arábica e 326.045 sacas de café conilon, totalizando 2.748.314 sacas de café verde, que somadas a 359.644 sacas de solúvel e 3.947 sacas de torrado, totalizaram 3.111.905 sacas exportadas em setembro último.
A "Green Coffee Association" divulgou que os estoques americanos de café verde totalizaram 6.022.923 em 30 de setembro de 2021. Uma baixa de 107.561 sacas em relação às 6.130.484 sacas existentes em 31 de agosto de 2021.
Até dia 22, os embarques de outubro estavam em 1.459.343 sacas de café arábica, 113.939 sacas de café conillon, mais 149.935 sacas de café solúvel, totalizando 1.723.217 sacas embarcadas, contra 1.508.126 sacas no mesmo dia de setembro. Até o mesmo dia 22 os pedidos de emissão de certificados de origem para embarque em outubro totalizavam 1.992.199 sacas, contra 1.969.884 sacas no mesmo dia do mês anterior.
A bolsa de Nova Iorque – ICE, do fechamento do dia 15, sexta-feira, até o fechamento de hoje, dia 22, caiu nos contratos para entrega em dezembro próximo 355 pontos ou US$ 4,69 (R$ 26,61) por saca. Em reais, as cotações para entrega em dezembro próximo na ICE fecharam no dia 15 a R$ 1.467,44 por saca, e hoje dia 22 a R$ 1.487,56. Hoje, sexta-feira, nos contratos para entrega em dezembro a bolsa de Nova Iorque fechou com baixa de 345 pontos.
Inserir Comentário
