Em canal de alta, nos últimos 15 dias, café arábica em NY valoriza 17,25 cents
Por José Roberto Marques da Costa
Bem diferente do açúcar, algodão e cacau que recuaram na bolsa de Nova York nesta sexta-feira, com as recompradas dos fundos de investimentos, os contratos de café arábica valorizaram, maio teve alta 200 pontos para 228,40 cents por libra-pesa chegando a operar no novo piso de 230,00 cents. Na semana o maio registrando valorização de 2,4%.
Com o retorno dos grandes fundos depois da forte migração pra outras commodities devido ao conflito entre Rússia-Ucrânica, o café arábica a valorizar 9,6% nos últimos 15 dias, saindo do piso de 210,00 cents para 230,00 cents, alta de 1.725 pontos, no dia 15 de março fechou a 211,15 cents e hoje 228,40 cents, em relação a mínima ( 210,15 cents) e máxima ( 230,30 cents ) a alta chegou 2.015 cents.
Com volume de 30.298 lotes, março variou de 224,80 cents na abertura a 230,40 cents, maior nível em 21 dias, ultrapassando a primeira resistência do dia em 229,32 cents, não chegando a segundo em 232,23 cents. Depois de quatro dias de queda, o mês de abril começa com alta 4.726 sacas nos estoques certificados para 1.084.842 sacas.
No pregão de segunda-feira, o primeiro suporte está em 221,82 cents e a primeira resistência em 229,32 cents. Caso não tenha nenhuma interferência externa, café arábica deve buscar níveis acima de 230,00 cents podendo ultrapassar a segunda resistência em 232,23 cents. Tecnicamente será muito positivo se o setembro ultrapassar 233 cents.
Para ter uma visão mais clara do mercado no curto e médio prazo, é preciso analizar o relatório dos traders que sempre é publicado na sexta-feira no final da tarde. O relatório de hoje mostra um queda de 16% na posição liquidas compradas dos fundos em consequência a queda de 970 pontos no período de 22 a 29 de março, bolsa de NY caiu de 225,40 cents a 215,70 cents.
Os dados da CFTC divulgados referente ao dia 29 de março, mostra diminuição 15,7% nas posições líquidas compradas de fundos para 15.734, queda de 2.928 lotes. Os grandes fundos possuíam 15.734 posições líquidas compradas sendo 26.237 posições compradas e 10.503 posições vendidas, No relatório anterior eles tinham 18.662 posições líquidas compradas sendo 28.474 posições compradas e 9.812 posições vendidas, queda de 2.237 posições compradas. Para uma queda de 970 pontos, alta de apenas 691 lotes foi muito pequena, mostra que os fundos continuaram saindo das posições compradas, migrando para outras commodites e não para as posições vendidas.
O posicionamento dos grandes fundos começaram a mudar a partir do dia 29 de março, quando começou a valorização do café arábica em cerca de 5%, influencido pelas informações de queda de safra bem acima do esperado no Brasil, Colômbia e Honduras e pelos informações climáticas dos próximos meses, continuação das chuvas na Colômbia até maio, a estiagens nos próximos meses nas regiões de café de Minas Geris e a precose entrada das massas polares no sul do Brasil, que segundo o MetSul, "abril começou com cara de julho", com as primeiras temperaturas abaixo de zero 30 dias antes.
Com retorno gradual e considerando antecipado dos fundos, o café arábica entrou dentro de um canal de alta e recuperado vários pisos importantes. Depois de testar o piso de 210 cents ultimos 15 dias, recuperou os pisos de 215 cents, 220 cents, 225 cents e hoje ficou brevemente acima de 230,00 cents e tudo indica de deve continuar com esta performance. Com o retorno dos fundos, a tendência natural para nos próximos dois meses é ficar acima de 60 mil lotes comprados.
A 12 meses atrás, os fundos estavam com menor nível de posições liquidas compradas desde 2020, cerca de 6.860 posições líquidas compradas sendo 39.348 posições compradas e 32.488 posições vendidas. No começo de junho, 60 dias depois, com as notícias de entradas massas polares de maior intensidade, passaram para 40.267 posições líquidas compradas sendo 61.452 posições compradas e 21.185 posições vendidas.
Nesta semana, a Climatempo alertou que o volume de chuvas em Minas Gerais, principal Estado produtor de arábica do país, está abaixo da média. A Somar Meteorologia informou que a chuva na área de Minas Gerais, que responde por cerca de 30% da safra de arábica do Brasil está apenas 38% da média histórica.
Para banco holandês Rabobank, a demanda aquecida, as restrições de oferta devem continuar a oferecer suporte especialmente no primeiro semestre do ano. O banco prevê crescimento de 2,5% no consumo global de café no ciclo 2021/22 e oferta global tem restrições devido à diminuição da colheita em importantes países produtores.
Segundo a Metsul, a chegada do frio mais cedo neste ano já era prevista, influenciada fenômeno La Niña atuando no Pacífico. Teremos dias de temperatura baixa no começo de abril, portanto, estão dentro do que poderia se esperar com a atuação do fenômeno. A La Niña persistirá, mas não deve ser esperado frio constante, ao contrário, a tendência é que os dias de frio sejam mais episódicos. O que o resfriamento do Pacífico terá como maior efeito é aumentar o potencial de incursões de ar frio de maior intensidade.
Agnocafé alerta que no ano passado, também tivemos a influencia do La Niña com massa polares mais intenso de curta duração, as mesmas características deste ano. Em 2021, as regiões de café sofrendo com três fortes massas polares que provocaram geadas severas.
Outra informação sobre a influencia do La Ninã que está desenhando um quadro significativo, são as previsões da AccuWeather para a temporada de furacões no Atlântico de 2022 que começa em 1º de junho e termina em 30 de novembro, estão prevendo 16 a 20 tempestades, das quais seis a oito podem se tornar furacões, e três a cinco delas podem ser grandes furacões.
O climatologista estadual Barry Keim disse que, considerando que as duas últimas temporadas estavam fora dos gráficos, as previsões para este ano ainda não são reconfortantes. “Podemos estar no topo do que vimos nos últimos 170 anos”, disse Keim. La Nina desempenhou um papel significativo nas duas últimas temporadas de furacões no Atlântico e a Administração Nacional Oceânica e Atmosférica (NOAA) prevê que La Nina continuará a desempenhar um papel de protagonista este ano poderá entrar nos livros de recordes.