Diferença da estimativa da Conab e Rabobank sobe para 11,1 milhões de sacas
Em dia volátil e com baixo volume de 26.576 lotes, o café arábica de julho teve queda 2,85 cents ( -1,3% ), a 215,85 cents dólares por libra-peso, à medida que temores dos investidores sobre o risco de geada no Brasil, diminuíram. Devido a especulação climática no Brasil, durante a semana variou cerca de 8,3% ( 17,55 cents ) de 211,80 cents a 229,35 cents. O dólar acumulou queda de 3,64% na semana fechando a R$ 4,8740.
Segundo a Reuters, especialistas em café disseram nesta sexta-feira que geadas leves danificaram apenas algumas folhas dos cafeeiros, o que não deve causar impacto na produção. “Embora as áreas de cultivo de arábica do Brasil estejam recebendo frio nesta semana, é improvável que elas tenham geadas prejudiciais”, diz relatório do Zaner Group.
Segundo José Roberto Marques da Costa da Agnocafé, com as informação durante a madrugada de possíveis geadas no Brasil, abertura do pregão julho chegou a 223,30 cents ( + 4,6 cents ), chegando ultrapassar a primeira resistência do dia em 221,00 cents e flertar a segunda em 223,30 cents. Com as primeiras notícias de que o cafezais não foram afetado, os investidores começaram a liquidar suas posições, que levou a mínima de 214,30 cents, rompendo o primeiro suporte em 214,80 cents e fechando acima do piso de 215,00 cents.
O relatório dos traders, referente ao dia 17 de maio, mostra alta de 59,3% nas posições líquidas compradas de fundos para 21.305, os fundos estavam com 29.947 posições compradas e 8.642 posições vendidas. " A supresa foi a alta de apenas 6,5% nas posições compradas e forte queda de 41,3% nas posições vendidas" disse José Roberto
Mas, segundo Eduardo Carvalhaes, analista do Escritório Carvalhaes, o cenário global inspira cuidados. “Os estoques são baixos nos países consumidores e praticamente não existem nos países produtores. Os embarques brasileiros caíram em abril e devem continuar a cair neste mês e no próximo”, afirma. Segundo os dados do relatório de hoje da Cecafé, os embarques de café despencam 43%, somente 859 mil sacas nos 20 dias de maio. uma média diária de apenas 42.950 sacas, sendo uma das piores médias diárias nos últimos anos.
Em mercado muito especulativo do café, nesta sexta-feira, o Rabobank manteve inalterada sua projeção para a safra brasileira de 2022 em 64,5 milhões de sacas, perto do topo das estimativas. A diferença entre o Rabobank e a Conab que divulgou esta semana, diminuindo sua estimativa para 53,4 milhões de sacas, aumentou para 11,1 milhões de sacas, o equivalemte a produção anual da Colômbia.
Para Agnocafé, três fatores serão fundamental no curto, médio e longo prazo para o mercado internacional do café arábica e robusta, além do clima no Brasil no curto prazo e a estiagem no médio prazo, começa aparecer outro fundamento importantíssimo de longo prazo.
As altas dos preços dos fertilizantes em função da guerra Rússia- Ucrânia devem influenciar em muito os preços do café na próxima safra, tanto que USDA alertou ontem da queda da safra do Quênia e o governo do Vietnã anunciou na semana passada sobre provável queda pelo mesmo motivo, em ambos os países, o aumento dos custos dos fertilizantes devem gerar uma diminuição de produção de café em 10%.
Extrapolando para os outros países produtores esta tendência global, na próxima safra, a queda vai ser muito expressiva em torno de 17 milhões de sacas, tendo como base a produção mundial da OIC em torno de 170 milhões de sacas, que deve aumentar ainda mais o déficit do produto.
O Serviço Agrícola Estrangeiro (FAS) do Departamento de Agricultura dos EUA previu que a produção de café do Quênia em 2022/23 caiu 10% devido ao menor uso de fertilizante por parte dos cafeicultores.
A Associação de Café e Cacau do Vietnã alertou também os altos preços dos fertilizantes podem forçar os cafeicultores a reduzir o uso de fertilizantes, o que pode levar a uma queda de 10% na produção de café na próxima temporada.
Na Colômbia devido as fortes chuvas dos últimos meses e também o menor uso de fertilizantes, a queda deve ficar em 15% caindo de 14,1 milhões de sacas para 12 milhões de sacas, segundo a Federação Colombiana de Café.
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