Safra de 25 milhões de sacas de café arábica começa a ganhar força

Por José Roberto Marqueda da Costa

Com as “soft commodities” encerraram em queda generalizada na bolsa de Nova York, O café arábica liderou as baixas nesta sexta-feira, operando dentro de intervalo volátil de 9,30 cents. Apesar da queda acentuada de 4,24%, na semana teve alta de 11,40 cents ( 5,8%), variando 24,00 cents, de 194,60 cents na segunda-feira a 218,60 cents na quinta-feira.

Hoje o volume atingiu 40.755 lotes, bem acima da média dos últimos pregões, os contratos de setembro tiveram queda de 9,15 cents ( 4,24% ) para 206,70 cents por libra-peso, variando de 205,50 cents a 214,80 cents. Nos primeiros minutos do pregão rompeu o primeiro suporte em 214,02 cents e segundo em 212,18 cents e durante o dia o terceiro suporte em 210,07 cents e chegando a mínima durante o after hours.

Ao final dos trabalhos desta sexta-feira, a CFTC divulgou um novo relatório dos traders, com data de referência de 19 de julho. Segundo o documento, os grandes fundos apresentaram uma retração de 20,18% nas posições líquidas compradas por parte dos grandes fundos. Na oportunidade, esses participantes contavam com 13.524 posições líquidas compradas, sendo 27.499 posições compradas e 13.975 posições vendidas.

Os certificados diminuíram 7.090 sacas para 705.727 sacas e no mês julho acumula queda de 222.890 sacas( -31,6% ), média diária de 10.131 sacas, uma queda acentuada em relação aos 2,19 milhões de sacas do ano anterior. Mantendo está média diária de queda, estoques de certificados zeram na primeira semana de outubro,

A duas semanas atrás, o analista Marcelo Fraga Moreira da Archer Consultoria escreveu " que o mercado está muito vulnerável para um “squeeze” a qualquer momento! Pode ser contra o vencimento Set-22 ou contra o Dez-22! Os estoques certificados americanos estão nos níveis mais baixos desde novembro de 1.999. Terminaram a semana com apenas +854.584 sacas!

E já tem gente apostando que vai cair para +600/+500.000 sacas nos próximos 2 meses!". Esse estoque atual equivale a apenas 2.968 lotes ( atualizando para hoje são 2.450 lotes ). Ou seja, a qualquer momento algum fundo / especulador poderá se posicionar nesse mercado para “exigir” receber o produto físico. Quem estiver “vendido” vai ter que “sair correndo” para cobrir a posição e pagar o preço que for para zerar sua posição! Acredito que vamos ver o mercado dando saltos de +2.000 / +5.000 pontos em breve!  

Os cafeicultores das principiais regiões de café do Brasil estão duplamente preocupados, primeiro com a forte queda da produtividade desta safra bem acima do esperado.  Segundo com a estiagem com indicações dos meteorologistas  que pode se  prolongar até o início de outubro  podendo afetar negativamente a produtividade da safra do próximo ano.  

Pesquisadora e meteorologista do Cepagri, Ana Ávila informou que a seca está mais longa do que o esperado para o estado de São Paulo. "Em anos de La Niña, há chances que a gente tenha menos chuvas nesta época do ano. Nós já temos pouca chuva nesta época, mas, neste ano, está bastante abaixo do esperado" arecentou Ana Ávila.

" A situação de déficit hídrico na cafeicultura de arábica no Sul de Minas, Triângulo Mineiro, Alto Paranaíba e Mogiana Paulista, até o momento é pior em 2022 do que ocorrido em 2021. Até meados de julho, a nossa situação é bem pior do que em 2021, no entanto se tivermos uma chuva no final de julho ou início de agosto, a situação climática muda completamente e poderemos ter uma safra um pouco melhor, mas a safra de 2022 já tem um comprometimento devido a esse déficit hídrico", disse o engenheiro.

Tendo como base de cálculo o sistema meteorológico da Cooxupé em 15 cidades dentro da sua atuação no mês de julho até dia 22, choveu somente 2,7% da média histórica deste mês. Choveu em apenas 4 cidades, Cabo Verde com 3,6mm, Carmo do Rio Claro 1mm, Caconde 0,8mm e Nova Resende 0,2mm, as outras 11 cidade não recebeu nenhum mm de chuva. A média histórica de chuva no mês de julho das 15 cidades está em 13,7mm sendo a maior na cidade de Cabo Verde 22,8mm e a menor na cidade de Monte Carmelo 5,4mm. A média geral de precipitação foi de 0,37mm.

Outro fator que está alertando o mercado para uma safra bem abaixo do esperado está sendo transmitidas indiretamente  pelas cooperativas brasileiras, Nos últimos anos, durante o decorrer a colheita, sempre foi de praxe a informação semanalmente o volume de entrada de café em seus armazéns, mostrando ao mercado a boa evolução. Nesta semana, o jornal Valor Econômico publicou um matéria focando a colheita de café, e todas as cooperativas focaram apenas na qualidade do café arábica, do atraso da colheita e na perspectiva de boa safra para próximo ano, mas a informação principal referente ao volume de café recebimento evitaram de falar.

Durante a semana um fonte do cerrrado mineiro disse para Agnocafé, na safra 2020 a produção de café foi ótima ficando em 7,5 milhões de sacas. Influenciado pelo La Niña, no ano em 2021 caiu cerca de 36% para 4,8 milhões de sacas e neste ano de 2022 a queda vai ser bem acentuada podendo ultrapassar 50% em relação ao ano de 2020." Se chegar a 3,5 milhões de sacas temos que agradecer a Deus", disse ele.

Um engenheiro agrônomo que administra fazendas de café no Brasil, disse nesta quinta-feira que, com dois terços da colheita concluída, os agricultores estão relatando volumes menores. “Ainda há grãos de café nos campos que precisam ser colhidos, mas a maioria dos agrônomos e fazendas com quem conversei nas últimas semanas relatam uma temporada com menos café do que esperavam mesmo depois de colocar a geada de 2021 nos cálculos”, disse ele. Ferraresso acredita que a produção total pode ficar abaixo da estimativa do governo.

Com as informações atualizadas pelo site Agnocafé sobre a queda de produção bem acima do esperando na grande  maioria das regiões sobre andamento da colheita de café arábica,  está levando a um safra nunca imaginado pelo mercado. A cerca de 60 dias a estimativa estava em 35 milhões de sacas e com o passar do tempo caiu para 30 milhões de sacas e agora a estimativa 25 milhões de sacas começa a ganhar força entre alguns setores do mercado.        

Veja abaixo outras analises

Um Trader disse a agência Reuter, com o êxodo de fundos de longo prazo, o mercado fica muito suscetível à volatilidade de curto prazo e acrecentou que  os negociantes disseram que o mercado continua instável, com os preços pressionados pelo bom progresso da colheita no maior produtor, o Brasil, e o real fraco que impulsiona as vendas dos agricultores em dólar.

Segundo Haroldo Bonfá, diretor da Pharos Consultoria em entrevista ao jornal Valor Econômico, sob o temor de recessão global, muitos investidores têm migrado para o dólar e títulos do Tesouro americano, ativos considerados mais seguros.

Hoje, a moeda americana chegou a R$ 5,50, seu maior patamar desde janeiro. A valorização do dólar pode impulsionar as exportações brasileiros de café, aumentando a oferta do grão no mundo.

Ele ponderou que o café dificilmente deixará de ser consumido, mas observou que as pessoas podem optar por produtos mais baratos e menos sofisticados. O americano, por exemplo, prefere os cafés da Colômbia e da América Central, mas poderá consumir o produto brasileiro, que é mais barato”, explicou.

Além da inflação, outra sombra sobre a Europa é uma eventual escassez de gás russo durante o inverno no Hemisfério Norte. “Não sabemos como a comunidade europeia vai reagir. Podem ter que buscar outras fontes de energia e apelar para o racionamento”, disse Bonfá.

Fonte: Agnocafé

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