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Começa aparece a "ponta do iceberg" do problemático mercado do café


Por José Roberto Marques da Costa

Com volume de 33.775 lotes, os contratos futuros de café arábica fecharam em alta pela primeira vez nesta semana influenciado tecnicamente pelo mercado sobrevendido depois da forte queda de 10,95 cents nos primeiros quatro dias na semana. O dezembro fechou em 213,35 cents alta de 1,50 cents, variando de 209,45 cents a 214,70 cents, chegando a romper o primeiro suporte do dia em 209,58 cents, mas operando abaixo da primeira resistência em 215,85 cents.

Com a entrada dos cafés reclassificados, os estoques de certificados aumentaram 14.905 sacas para 601.680 sacas ( 2.118 lotes ) no seu quarto consecutivo de alta ainda continua nos menores níveis dos últimos 23 anos. Com o volume de dezembro( 18.229 lotes) o dobro de setembro( 9.615 lotes) o pregão foi na continuidade das rolagens de posições com o setembro ainda tendo 13.463 contratos em aberto.

Os dados da  CFTC divulgados hoje referente ao dia 16 de agosto, mostra alta de 17,4% nas posições líquidas compradas de fundos para 18.849 lotes. As posições futuras os grandes fundos possuíam 28.575 posições compradas e 9.726 posições vendidas e relatório anterior, referente a 09 de agosto, eles tinham 27.289 posições compradas e 11.238 posições vendidas. Alta das posições compradas foram 1.286 lotes e a queda das posições vendidas chegaram a 1.512 lotes.

Os traders brasileiros estão querendo "tampar o sol com a peneira" em relação ao tamanho da safra de café arábica com as cooperativas informando semanalmente somente o trabalho do andamento da colheita e não mencionando do volume de  café recebimento em seus armazéns. O estranho é que nos anos anteriores, quando a safra era boa sempre foi de praxe estas informações que orientava o mercado e com esta desinformação estão deixando o mercado desorientando. A mesma atitude da Conab que não divulgou até agora os estoques de café de passagem dos últimos dois anos abrindo grande leque para as especulações.   

A Agnocafé  vem alertando a várias semanas que a forte quebra de safra e alta de preços poderia gerar aumento do número de casos de descumprimento de entregas de café arábica levando os compradores e vendedores a um "acerto de contas" para evitar futuros disputa judicial. Hoje o jornal Valor Econômica ( veja a integra abaixo )  fez uma matéria focando o mesmo assunto que é a pontos do iceberg dos vários problemas no mercado de café nos próximos meses.

Outro problema à vista que vem do clima, se os institutos meteorológicos estiverem certo nas suas projeções com o retorno das chuvas nas regiões de café o  profundeza do iceberg será bem maior, com a influencia negativa  na produtividade da próxima safra, que vai provocar  três quedas consecutivas na produtividade do café influenciado pelo fenômeno La Niña, que também vai interferir na queda da produtividade da Colômbia, que é o segundo maior produtor de café arábica.. 

 Acrescentando ainda o problema grave que está baixos estoques de café certificados. Com a reclacificação do lote de 270 mil sacas de café, os traders estão prorrogando, mas daqui umas semanas os estoques devem reverter e continuarem caindo. No ditado popular eles estão "empurrando com a barriga".

A Agnocafé sempre informou que o principal fundamento do mercada está no tamanho da produção brasileira de café arábica desta safra e muitos participantes terão uma supressa bem desagradável no curto prazo, quando a triste realidade começar aparecer para eles, pois para o produtor começou a aparecer a várias semanas atrás, além da produtividade bem abaixo do esperado que vem do campo, está piorando com queda no rendimento depois do beneficiamento.

A grande quebra da safra está no Cerrado Mineiro e pelas últimas informações os números são surpreendente até para a Agnocafé. A colheita praticamente acabou e os cafeicultores estão observando resultados decepcionante. A safra da região não deve ultrapassar a 3 milhões de sacas, que representa queda de mais de 60% em relação às 7,5 milhões da safra de 2020 e de 36% ante à safra de 2021 que foi de 4,7 milhões de sacas.

Outra problema está nos estoques de certificados da ICE, com traders conseguindo introduzir parte dos 270 mil sacas de café arábica de dois anos que foram retiradas dos armazéns da ICE nos últimos meses. Embora não seja ilegal, participantes do mercado dizem que o processo levanta dúvidas sobre a qualidade do café, porque efetivamente considera o estoque reclassificado como grãos novos. Geralmente, quando os comerciantes retiram o café dos estoques certificados, eles pretendem vendê-lo aos torrefadores.

Nesse caso, eles o venderiam de volta ao ICE e teriam lucro, já que a recertificação elimina penalidades que são aplicadas à medida que o café envelhece nos armazéns. Quanto mais velho o café, maior o desconto. O risco para os comerciantes que desejam reclassificar o café é se grande parte do café falhar na classificação. Os estoques certificados vêm caindo rapidamente este ano, à medida que os participantes do mercado compraram essas sacas por serem mais baratas do que os lotes no mercado à vista.

Veja a matéria do Jornal Valor Econômico    

As lavouras de café no Brasil, maior produtor e exportador da variedade arábica do planeta, foram afetadas por secas e geada nos últimos dois anos, e o efeito climático mexeu não só com as cotações. Motivados pelo aumento de preços ou pela diminuição da colheita, alguns cafeicultores descumpriram compromissos de entrega firmados com antecedência, cenário que tem gerado iniciativas de aperfeiçoamentos contratuais nas negociações de vendas futuras ao longo da cadeia.

O volume de ações ajuizadas pelo Santos Neto Advogados por descumprimento de entregas cresceu significativamente desde o ano passado. Se em 2020 o escritório acionou a Justiça cerca de 15 vezes para reclamar café não entregue para tradings que atende, no ano passado, o número de ações saltou para 80, referentes a 52 mil sacas de café. Em 2022, ainda com a colheita caminhando, foram 45 ações até agora, envolvendo 28 mil sacas.

O número atual de ações ajuizadas corresponde a cerca de 4% dos contratos fechados pelas quatro tradings que o Santos Neto representa. “Não são muitas, se observado o universo de contratos fechados pelos clientes do escritório. Mas é relevante para quem não vivia esse problema antes”, afirma Fernando Bilotti, sócio do escritório. “Os preços estão muito descasados, o que gera um incentivo para quem não quer cumprir o contrato”, continua o advogado.

Diante disso, observa, tradings que atuam em café estão revisando seus contratos e incluindo cláusulas que as protegem de descumprimento, a exemplo do “washout” (que prevê indenizações em caso de rupturas). Esse tipo de regra integra os documentos que estabelecem compra e venda de soja há alguns anos - e “o pessoal do café está pensando nisso agora”, afirma Bilotti.

O advogado não informa os nomes dos clientes, mas diz que eles estão entre as tradings “de grande porte”. No Brasil, entre as que se destacam no segmento figuram Olam, Louis Dreyfus Company, Mitsui, Volcafé e Cofco, entre outras. Ele acrescenta que havia certa “informalidade” em etapas de negociações. A regulamentação das transações por meio de contrato existia, mas, em alguns casos, as assinaturas demoravam. “As tradings que negociam soja e milho levam no máximo dois dias para recolher assinatura”, diz.

Mas o interesse em revisões contratuais não está acontecendo apenas com as compradoras de café. Segundo Eduardo Carvalhaes, do Escritório Carvalhaes, os cafeicultores também estão mais atentos a isso. “É normal que o momento atual gere mudanças contratuais”, opina. Ele acrescenta que o mercado de café vive um momento atípico e reforça que não há uma “tradição” histórica de descumprimentos. “Mas uma hora ia acontecer, porque os estoques de segurança caíram muito nos últimos 20 anos”, disse. “Daqui para a frente, vamos viver com a safra do ano”.

A cada safra, os cafeicultores comercializam uma parte da produção com dois ou três anos de antecedência. Em geral, os produtores “travam” antecipadamente cerca de 30% do que colhem para garantir parte da venda (a volatilidade no segmento é menor que a das cadeias de soja e milho). Para se ter ideia da diferença de cotações nos últimos dois anos, os contratos de vendas futuras de café celebrados no fim de 2020 sinalizavam a comercialização da saca a cerca de R$ 600 - valor que, agora, está perto de R$ 1,5 mil, dizem agentes do segmento.

Segundo Carvalhaes, é difícil identificar com exatidão o volume total comprometido em contratos futuros em cada ciclo produtivo, já que as negociações são privadas. “Os números que circulam são um ‘chute’”, opina. Uma fonte que prefere não ser identificada estima de 12 milhões a 15 milhões de sacas atualmente comprometidas nesse modelo. “Parte é volume desta safra, que foi vendido no passado, e parte é rolagem de 2021 para entrega neste ano”, disse a fonte.

A colheita de café arábica deste ano deverá somar 35,7 milhões de sacas, volume 23,6% menor do que o de 2020 (última safra de bienalidade positiva, quando as árvores produzem mais café naturalmente) e 13,6% superior ao de 2021, segundo a Conab. Agentes de mercado calculam que o volume deverá ser menor, sem dar detalhes.

Na área de atuação da cooperativa Minasul, segunda maior central exportadora, depois da também mineira Cooxupé, não há problema de entregas, disse Guilherme Salgado, diretor da área de café. O que há é “incipiente”, segundo ele. Diante de expectativa de quebra neste ano, a cooperativa traçou uma estratégia para contribuir com o cooperado. A Minasul abriu ao produtor a opção de ele entregar apenas metade dos volumes comprometidos para 2022.

“Eles podem escolher entregar metade ou tudo”, conta. Cerca de 50% dos cooperados toparam. O volume que a Minasul deixará de receber neste ano será substituído por café que a central vai comprar a preços atuais com verba do Funcafé. No próximo ano, o produtor entregará o volume “rolado”, acrescido de 5%. O café que a central receberá em 2023, a preços de 2020 ou 2021, será vendido a valores atuais - portanto, mais altos -, compensando os desembolsos feitos para substituir volumes, explica Salgado. 

Comentarios

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Data: 20/08/2022 17:58 Nome do Usuário: Leonardo Pompeia
Comentário: Parabens Jose Roberto pela coragem de publicar a verdade sobre as previsões enganosas divulgadas sobre a safra atual do cafe. Conab, Ibge e outros chutadores tentam superestimar uma safra q não temos
Data: 20/08/2022 00:22 Nome do Usuário: Roberto Rocchini
Comentário: O produtor deveria na sua maioria resetar tudo que "sabe" sobre cafe, e seguir os conselhos do Sr armando MATIELLO, da sincal , começar do zero, aí o produtor vai trabalhar como manda o figurino
Data: 19/08/2022 20:40 Nome do Usuário: Francisco
Comentário: O recebimento d café arábica d nossa coop hoje 19/08 está em 30% do q recebeu em 2020 e 55% do q recebeu em 2021. E a conab diz q a safra 22 vai ser maior q a 21, acho difícil até mesmo empatar.
Contrato Cotação Variação
Julho 200,75 - 5,35
Setembro 199,10 - 5,25
Dezembro 197,40 - 5,10
Contrato Cotação Variação
Julho 3.541 - 139
Setembro 3.470 - 147
Novembro 3.385 - 151
Contrato Cotação Variação
Julho 250,10 - 7,10
Setembro 240,50 - 7,80
Dezembro 236,60 - 8,55
Contrato Cotação Variação
Dólar 5,0700 - 0,85
Euro 5,4570 - 0,52
Ptax 5,0668 - 0,94
  • Varginha
    Descrição Valor
    Duro/riado/rio R$ 1090,00
    Peneira 15/16 R$ 1250,00
    Moka R$ 1250,00
    Safra 22/23 20% R$ 1210,00
  • Três Pontas
    Descrição Valor
    Peneira 17/18 R$ 1280,00
    Safra 22/23 15% R$ 1220,00
    Safra 22/23 25% R$ 1200,00
    Duro/riado/rio R$ 1100,00
  • Franca
    Descrição Valor
    Cereja 20% R$ 1240,00
    Safra 22/23 15% R$ 1240,00
    Safra 22/23 25% R$ 1200,00
    Duro/Riado 15% R$ 1140,00
  • Patrocínio
    Descrição Valor
    Safra 22/23 15% R$ 1220,00
    Safra 22/23 25% R$ 1200,00
    Peneira 17/18 R$ 1280,00
    Variação R$ 1230,00
  • Garça
    Descrição Valor
    Escolha kg/apro R$ 15,00
    Safra 22/23 20% R$ 1210,00
    Safra 22/23 30% R$ 1190,00
    Duro/Riado 30% R$ 1130,00
  • Guaxupé
    Descrição Valor
    Safra 22/23 15% R$ 1220,00
    Safra 22/23 25% R$ 1200,00
    Duro/riado 25% R$ 1130,00
    Rio com 20% R$ 1070,00
  • Indicadores
    Descrição Valor
    Cepea Arábica R$ 1141,86
    Cepea Conilon R$ 970,33
    Conilon/Vietnã R$ 1451,00
    Agnocafé 22/23 R$ 1220,00
  • Linhares
    Descrição Valor
    Conilon T. 6 R$ 1020,00
    Conilon T. 7 R$ 1012,00
    Conilon T. 7/8 R$ 1005,00