Quem deve predominar, chuvas no Brasil ou deterioração dos certificados?
Por José Roberto Marques da Costa
Os contratos futuros de café arábica tiveram perdas de 13,40 cents ( 5,9% ) nesta semana que deixou o mercado tecnicamente sobrevendido com especuladores, pequenos fundos e traders citando as chuvas no Brasil que podem ajudar a safra do próximo ano, mas a produção atual é incerta e com preocupação no curto prazo com a queda acentuada dos estoques de certificados na bolsa que hoje caíram mais de 30 mil sacas.
Com volume de apenas 21.465 lotes, dezembro fechou em queda de 0,6% ( 1,30 cents) a 215,10 cents por libra-peso, variando de 211,35 cents a 216,25 cents, rompendo os três suportes do dia nas primeira horas do pregão em 214,62 cents, 212,83 cents e 211,37 cents, influenciado valorização global dólar que poderia levar ao nível de 210,00 cents;
No nível abaixo de 212,00 cents encontrou forte sustentação, encontrando spots de compras de grandes fundos de investimento que limitou maiores perdas voltando a operar grande parte do dia entre 214,00 cents a 215,00 cents e fechando acima de nível de 215,00 cents. Diferencial entre dezembro e março continua acima de 5,00 cents.
Na próxima semana, além do fator dólar, o mercado de café arábica deve ser influenciado por dois fundamentos que deve predominar no curto prazo, a intensidade de chuvas nas regiões cafeeira do Brasil a deterioração dos estoques de certificados na bolsa que voltam ao menores nível em 23 anos. O primeiro suporte está em 212,22 cents e segundo em 209,33 cents. A primeira resistência em 217,12 cents e segunda em 219,13 cents
Os estoques de café certificado tiveram forte perda nesta sexta-feira, caíram 31.318 sacas para 532.448 sacas, somente nos 16 dias de setembro caíram 140.237 sacas que representa 26,7%, mantendo esta perda diária média no final do mês de setembro os estoques devem cair pra 410 mil sacas.
Segundo informações de Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), nos mês de setembro, até dia 16 foram embarcadas 1.050.455 sacas de café, alta de 39,1% em relação ao mês de agosto. Do total, 945.016 sacas foram de arábica, 35.791 sacas de conillon e 69.448 sacas de solúvel.
Segundo Eduardo Carvalhaes, a chuva sobre os cafezais do Sudeste brasileiro na segunda quinzena de setembro foi usada como pretexto para derrubar as cotações nesta semana. Se o volume de chuvas continuar adequado, poderemos ter uma boa safra de café a partir de maio de 2023.
O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) informa que as chuvas chegaram às áreas de produção cafeeira. Entre hoje e amanhã (16 e 17), a previsão é de precipitações no Sul de Minas, Zona da Mata e Espírito Santo. O Triângulo Mineiro deve receber chuvas isoladas. Na próxima semana volta a chover a partir da terça e quarta feira no café de Minas, principalmente no Triângulo e, depois, na área cafeeira do Espírito Santo.
Pelos dados da CFTC referente ao dia 13 de setembro, mostra queda de 16,7% nas posições líquidas compradas de fundos para 23.946 lotes, queda de 4.127 nas posições compradas e apenas 681 nas posições vendidos. Os grandes fundos possuíam 23.946 posições líquidas compradas, sendo 34.763 posições compradas e 10.817 posições vendidas. No relatório anterior, referente a 06 de setembro, eles tinham 28.752 posições líquidas compradas, sendo 38.888 posições compradas e 10.136 posições vendidas.
De acordo com a consultoria Itaú BBA, acredita-se que a safra brasileira de arábica pode ter sido um pouco menor que as 41,5 milhões de sacas estimadas pelo USDA, mas acima de algumas estimativas exageradas que circulam no mercado. Ao reduzirmos nossa percepção para o arábica para 38 milhões de sacas, limite inferior de nossa simulação feita em novembro de 2021 (38 a 42 mi de sacas) e mantendo o conilon em 22,8 milhões de sacas, chegamos nos 60,8 milhões apresentados no balanço global ao lado, com o efeito de reduzir o superávit entre produção e consumo de 7,9 milhões de sacas em 2022/23 para 4,4 milhões de sacas, incluído este ajuste.
Como sempre, o tamanho real da safra será definido apenas em meados do próximo ano, por diferença, a partir da consolidação do que de fato será exportado neste ano safra. Se a produção foi próxima de 60-61 milhões de sacas, o Brasil terá condições de exportar pelo menos 2,9 milhões de sacas/mês, ou 35 milhões até julho de 2023.
O desenvolvimento climático no Brasil nas próximas semanas será determinante como ponto de partida para a safra 2023/24, sendo fundamental observarmos o retorno das chuvas sem grande atraso para a abertura da florada principal e com condições favoráveis na sequencia para seu pegamento.
Caso o clima se mostre favorável acreditamos que NY pode sofrer algum ajuste para baixo. Por outro lado, caso as condições climáticas se mostrem ruins, certamente teremos descontos de produção para 2023 e o potencial reduzido.
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