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Preço do café deve ter novas altas e indústria faz misturas para reduzir repasse


Por Ana Paula Ribeiro

O café disparou de preço no último ano e todo mundo já sentiu na hora de fazer as compras no mercado. A má notícia ao consumidor é que ele vai encarar novos aumentos nos próximos meses devido aos baixos estoques do grão e a demanda pela bebida em crescimento.

Para amenizar essas altas, as indústrias apelam para espécies do grão mais em conta para adicionar aos seus blends.

Dados do IBGE mostram que o café moído acumula alta de 58,1% nos 12 meses encerrados em agosto. É um dos itens de alimentação com maior alta o período. O IPCA, índice oficial de inflação do país, sobe 8,7% entre julho de 2021 e agosto de 2022.

Essa majoração dos preços se deve à queda na produção, em especial no Sudeste, devido a eventos climáticos que afetam as lavouras desde a safra 2020/2021. A demanda subiu, tanto no mercado internacional como local, sendo outro fator de pressão sobre as cotações. Por fim, a variação do dólar também influencia, por tratar-se de uma commodity.

“Os preços vão continuar muito pressionados. Estamos em um quadro muito desfavorável. A Conab [Companhia Nacional de Abastecimento] reduziu a projeção da safra atual em 3 milhões de sacas, para 50 milhões”, diz Celírio Inácio, diretor-executivo da Abic (Associação Brasileira da Indústria do Café).

Preço do café deve ter novas altas e indústria faz misturas para reduzir  repasse - TradeMap


A alta do pacote do café na prateleira do supermercado acompanha o preço da commodity. A saca de café robusta, considerado de maior qualidade, está em US$ 244, uma alta de 16,8% em 12 meses, mas de 131% em dois anos.

De acordo com Inácio, a indústria demorou a fazer o repasse de preços, já que contava com estoques remanescentes comprados a preços mais baixos. Essa reserva foi reposta a cotações mais caras e o repasse teve início em agosto do ano passado.

A expectativa do Conselho Nacional do Café é que os estoques de café no Brasil cheguem a 7 milhões de sacas até março, segundo a Bloomberg. O nível considerado confortável seria entre 9 milhões e 12 milhões de sacas.

Blend barato para amortecer alta

Entre 35% e 40% da produção mundial de café fica no Brasil. O país é o maior produtor e exportador mundial do grão.

Da parte que fica no Brasil, o brasileiro consumiu em média 4,84 kg de café em 2021. A expectativa da Abic é que esse número cresça entre 1,5% e 2% em 2022.

O que se espera a partir de agora é uma alta de preço menos acentuada. Um dos motivos é a expectativa de recessão na Europa e Estados Unidos, o que pode reduzir a demanda global pelo café.

A indústria também lança mão de estratégias para amenizar os reajustes e um deles é alterar a mistura de grãos de café, incluindo uma espécie, a conilon, que é mais barata e que não sofreu com a redução de produção.

A saca do café conilon é negociada em US$ 139, segundo o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da Esalq/USP.

“Se a indústria mistura conilon, não precisa repassar toda a alta do arábica. É possível fazer um 100% conilon ou usá-lo mais em blends [misturas de diferentes espécies do grão] “, diz o profissional de uma comercializadora e processadora de produtos agrícolas.

E essa mistura, embora não seja proibida, não fica claro nas embalagens de café.

“A indústria pode e está fazendo isso. Para deixar o preço dentro do que o consumidor pode pagar, as indústrias fazem um blend com um pouco mais de conilon do que faziam antes”, diz o diretor-executivo da Abic, mas ressalvando que isso é feito de uma forma a não produzir uma grande alteração do gosto do café.

Atualmente, a única obrigação da indústria é informar quando um café é 100% de uma só espécie. Algumas marcas possuem linhas mais caras em que garantem 100% arábica. Nos demais, o blend é possível, desde que sejam utilizados apenas grãos de cafés, mesmo que de espécies diferentes.

Isso pode mudar a partir do ano que vem. O Ministério da Agricultura aprovou uma portaria, em maio de 2022, que determina que os fabricantes terão que informar qual a espécie predominante no café. No entanto, isso só passa a ser obrigatório a partir de 1º de janeiro de 2023.

Problemas climáticos

Luiz Paulo Vilela, da consultoria Rehagro Café, explica que a menor produção, e consequente queda nos estoques, está atrelada a duas quebras de safra após a safra recorde de 63 milhões de sacas de 2019/20.

Por duas safras seguidas, a estação chuvosa foi menor do que a média histórica, prejudicando o crescimento das plantas.

“Houve uma frustração por conta da seca. A colheita em 2021/21 seria menor, mas caiu muito mais que o esperado. E a recuperação não veio em 2021/22 devido a uma geada severa em julho do ano passado, que atingiu as regiões produtoras de Minas, seguida por uma seca”, explica.

Para lidar com esses efeitos climáticos, uma das saídas aos produtores é a irrigação, mas o custo é considerado elevado (R$ 25 mil por hectare).

Além do aumento do preço, essas quebras de safra podem implicar perdas financeiras aos produtores. Isso porque eles vendem a produção no mercado futuro e, se não entregam, precisam arcar com isso.

Fonte: Trade Map

Comentarios

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Data: 01/10/2022 12:36 Nome do Usuário: Francisco
Comentário: Segundo o MPMG, realmente a indústria tá fazendo misturas d aproximadamente 10% de casca, paus, milho, areia ao pó d café (o tempo). Aí CONAB por isso a previsão de safra não fecha com a produção.
Contrato Cotação Variação
Julho 206,10 - 9,90
Setembro 203,85 - 9,70
Dezembro 202,50 - 9,50
Contrato Cotação Variação
Julho 3.680 - 298
Setembro 3.617 - 291
Novembro 3.536 - 283
Contrato Cotação Variação
Julho 257,20 -13,55
Setembro 247,60 -12,70
Dezembro 245,00 -11,25
Contrato Cotação Variação
Dólar 5,1130 - 1,53
Euro 5,4850 - 1,01
Ptax 5,1184 - 1,03
  • Varginha
    Descrição Valor
    Moka R$ 1290,00
    Safra 22/23 20% R$ 1250,00
    Peneira 15/16 R$ 1310,00
    Duro/riado/rio R$ 1130,00
  • Três Pontas
    Descrição Valor
    Peneira 17/18 R$ 1320,00
    Safra 22/23 15% R$ 1260,00
    Safra 22/23 25% R$ 1240,00
    Duro/riado/rio R$ 1140,00
  • Franca
    Descrição Valor
    Cereja 20% R$ 1280,00
    Safra 22/23 15% R$ 1260,00
    Safra 22/23 25% R$ 1240,00
    Duro/Riado 15% R$ 1180,00
  • Patrocínio
    Descrição Valor
    Safra 22/23 15% R$ 1260,00
    Safra 22/23 25% R$ 1240,00
    Peneira 17/18 R$ 1320,00
    Variação R$ 1270,00
  • Garça
    Descrição Valor
    Safra 22/23 20% R$ 1250,00
    Safra 22/23 30% R$ 1230,00
    Duro/Riado 30% R$ 1170,00
    Escolha kg/apro R$ 15,00
  • Guaxupé
    Descrição Valor
    Safra 22/23 15% R$ 1260,00
    Safra 22/23 25% R$ 1240,00
    Duro/riado 25% R$ 1170,00
    Rio com 20% R$ 1110,00
  • Indicadores
    Descrição Valor
    Cepea Arábica R$ 1247,84
    Cepea Conilon R$ 1134,67
    Conilon/Vietnã R$ 1658,53
    Agnocafé 22/23 R$ 1260,00
  • Linhares
    Descrição Valor
    Conilon T. 6 R$ 1100,00
    Conilon T. 7 R$ 1092,00
    Conilon T. 7/8 R$ 1085,00