Governo propõem no Congresso reforma agrária cafeeira na Colômbia
Por Daniel Alejandro Restrepo Tabares
O segundo dia do Congresso Nacional dos Cafeicultores promovido pela federação girou em torno da reforma agrária cafeeira proposta pelo governo nacional por meio do Ministério da Agricultura e Desenvolvimento Rural, para fortalecer o setor e buscar tirar 54% dos cafeicultores da pobreza em que se encontram (segundo os números de Sisben).
Durante o encontro com Cecilia López Montaño, chefe da pasta nacional, foi informado que haverá um aumento de US$ 4 bilhões para o setor agropecuário, cifra que ainda não supera os US$ 5,2 bilhões aportados pelo governo do então presidente Juan Manuel Santos Calderón. No entanto, López Montaño afirmou que a injeção de recursos por parte do governo nacional ajudará a evitar que a pobreza nas famílias cafeicultoras aumente ainda mais.
"Peço que façamos a reforma agrária do café porque os números são preocupantes, uma atividade que pode gerar quase US$ 4 bilhões em exportações por ano não pode ter um número de produtores em situação de pobreza."
O Ministro da Agricultura e Desenvolvimento Rural esclareceu que as mudanças para o setor cafeeiro serão diferentes das propostas para o restante do setor agrícola, já que os cafeicultores estão entre os mais afetados financeiramente por fatores como as constantes chuvas e os inconvenientes gerados pelo não cumprimento dos compromissos com as vendas futuras
“É claro que essa reforma agrária cafeeira terá o apoio do ministério, mas sugeri aos cafeicultores que olhassem quanto custam hoje os recursos do Sisben ao governo com toda essa população de produtores incluída. A ideia é que eles saiam da pobreza, então esses recursos devem ajudar a aumentar o tamanho das fazendas que exportam café”, disse López Montaño.
A ministra disse que quem sabe como deve ser feita essa reforma são os cafeicultores, além disso, os convocou para que todos os recursos de apoio alocados pela Federação Nacional dos Cafeicultores sejam concentrados nos setores mais pobres da cafeicultura .
Não ao café robusta
Durante a intervenção do Ministro da Agricultura e Desenvolvimento Rural, o dirigente cafeeiro Fáber Buitrago Patiño, nomeado no congresso da FNC como presidente da Comissão de Comercialização e Negócios do Café, manifestou ao chefe da pasta nacional a sua preocupação com o anúncio da substituição cultivos ilícitos para plantar a variedade de café Robusta
O representante sindical do departamento disse que os cafeicultores, juntamente com o agronegócio, geram 10% do PIB, ou seja, a cada US$ 100 -US$ 10 são produzidos pelo setor-, por isso esperam maior apoio do governo nacional para a implementação do reforma agrária cafeteira.
"Aplaudimos a reforma que se pretende realizar, mas reiteramos o convite para que os cafeicultores da Colômbia, que cultivam arábica, não se dêem tiro no pé, porque não podemos fazer as pazes com o café robusta, pois um hectare de café artesanal gera cinco empregos, enquanto um hectare de robusta gera um emprego”, disse Buitrago Patiño.
O dirigente sindical de Quindío disse que promover as exportações de robusta em detrimento das exportações de arábica afetaria a qualidade do café colombiano e levaria a uma deterioração da imagem internacional do café colombiano.
“Estamos debatendo esse assunto na comissão de marketing e o apelo que fazemos é que façamos essa reforma do café, mas com cafés arábicas lavados suaves. Não somos contra o plantio de poucos robustas, mas devemos defender esse diferencial que conquistamos nos mercados internacionais”, destacou o líder cafeicultor.
Sobre o debate, a ministra da Agricultura e Desenvolvimento Rural, Cecilia López Montaño, disse que em algumas áreas do país o café robusta pode ser um importante substituto para os cultivos ilícitos, embora reconheça que a Colômbia é o maior exportador de café suave e que este categoria não deve ser perdida. "Não vamos descartar a possibilidade de que o café robusta seja uma alternativa para os plantadores de coca que desejam abandonar os cultivos ilícitos."
Memorando de entendimento para regularização fundiária
O acordo busca aprofundar a cooperação em diversas áreas em benefício dos cafeicultores colombianos, especialmente nas áreas afetadas pelo conflito armado. Com este novo memorando, dá-se continuidade ao compromisso da FNC e da USAID de promover o desenvolvimento rural nas áreas mais afetadas pelo conflito armado, melhorando a qualidade do café produzido nessas regiões e promovendo-o por meio da estratégia Coffee for Peace.
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