Disputa de "narrativas" sobre o tamanho da safra cresce semana após semana
Santos, sexta-feira, 9 de dezembro de 2022
As chuvas que continuaram caindo esta semana em diversas regiões produtoras de café no Brasil, aliadas à previsão de que teremos na próxima semana boas chuvas em muitas regiões produtoras de arábica e de conilon, estimularam fundos e especuladores interessados em resultados de curto prazo a derrubarem as cotações do café em Nova Iorque.
A disputa de “narrativas” sobre o tamanho da próxima safra brasileira de café cresce semana após semana. Parte dos operadores e analistas no exterior está trabalhando com o cenário de que, em 2023, o Brasil, maior produtor e exportador de café do mundo, terá uma safra de arábica com números de produção próximos aos das safras 2021 e 2022. No entanto, aparecem vozes no mercado internacional (e algumas aqui no Brasil) falando em uma grande safra brasileira de café no próximo ano. Os cafeicultores brasileiros, que acompanham de perto o dia a dia de seus cafezais, estimam que a safra 2023 de arábica terá um volume semelhante ao da safra deste ano. Conscientes deste fato, e da forte alta dos custos de produção, não aceitam a queda dos preços nos últimos meses e permanecem fora do mercado físico, vendendo apenas o mínimo possível do que resta de seus estoques, para fazerem frente a compromissos mais próximos.
Os interesses envolvidos são grandes e continuaremos ouvindo muitas análises e “estimativas” sobre a próxima safra brasileira de café, e enfrentando muito “sobe e desce” nas cotações do café na ICE Futures US em Nova Iorque.
A produção de café arábica na Colômbia registrou nova baixa no mês de novembro. O ano tem sido marcado por chuvas expressivas no país vizinho, segundo maior produtor de arábica do mundo e que sente os impactos do La Niña, já confirmando quebra de aproximadamente 1 milhão de sacas na safra 2022 e necessidade urgente de renovação do parque cafeeiro. Nos últimos 12 meses, entre dezembro de 2021 a novembro de 2022, a produção se aproxima de 11,5 milhões de sacas, 11% a menos das 12,9 milhões de sacas colhidas há um ano. E no ano cafeeiro, a produção ultrapassou 1,9 milhão de sacas, 9% a menos que aos mais de 2,1 milhões alcançados no mesmo período anterior (fonte: site “Notícias Agrícolas).
As exportações de café dos países membros e não-membros da OIC - Organização Internacional do Café totalizaram 9,69 milhões de sacas de 60 quilos em outubro, primeiro mês da safra mundial 2022/23, contra 9,87 milhões de sacas registradas no mesmo mês de 2021, (-1,8%). Conforme a OIC, as exportações de café arábica totalizaram 80,54 milhões de sacas nos meses até outubro, ante 82,18 milhões de sacas em 2020/21. Já os embarques de robusta somaram 48,26 milhões de sacas, ante 47,09 milhões (G1/Agência Safras).
Os estoques de café certificado na ICE Futures US, em Nova Iorque, subiram hoje 13.117 sacas. Estão em 681.698 sacas. Há um ano eram de 1.602.705 sacas, caindo neste período 921.007 sacas. De acordo com informações do site internacional Barchart, mais de 456.000 sacas de café estão sendo avaliadas pela ICE Futures Exchange. "Isso está alimentando especulações de que são cafés velhos retirados dos estoques da ICE para reclassificação e recertificação antes de entrar novamente nos armazéns da ICE como novos estoques de café", afirmou a publicação (fonte: site “Notícias Agrícolas”).
Os contratos de café em Nova Iorque tiveram uma semana de queda. Trabalham hoje em baixa moderada. Os para março próximo bateram em US$ 1,6090 na máxima do dia, e fecharam a sexta-feira a US$ 1,5815 por libra peso, em baixa de 55 pontos. Ontem recuaram 150 pontos e encerraram o dia a US$ 1,5870 por libra peso. No balanço desta semana, esses contratos caíram 445 pontos. Na sexta-feira passada fecharam a US$ 1,6260 por libra peso, e, entre dias de alta e de baixa, acumularam perdas de 245 pontos nessa semana.
O dólar fechou hoje a R$ 5,2460 em alta de 0,59 %. Ontem fechou valendo R$ 5,2150, em queda de 0,17 %. Na sexta-feira passada fechou a R$ 5,2160.
Em reais por saca, os contratos de café para março próximo na ICE em Nova Iorque fecharam o pregão hoje a R$ 1 097,47. Ontem terminaram o dia valendo R$ 1 094,78 por saca. Na sexta-feira passada encerraram a semana valendo R$ 1 121,90. Na sexta-feira anterior, fecharam a R$ 1 181,37 por saca.
O mercado físico brasileiro de café arábica permaneceu calmo por toda a semana. Nas bases de preço oferecidas pelos compradores praticamente não aparecem vendedores. São poucos os negócios fechados.
Até dia 8, os embarques de dezembro estavam em 321.285 sacas de café arábica, 9.099 sacas de café conilon, mais 19.137 sacas de café solúvel, totalizando 349.521 sacas embarcadas, contra 903.295 sacas no mesmo dia de novembro. Até o mesmo dia 8 os pedidos de emissão de certificados de origem para embarque em dezembro totalizavam 682.644 sacas, contra 1.295.892 sacas no mesmo dia do mês anterior.
A bolsa de Nova Iorque – ICE, do fechamento do dia 2, sexta-feira, até o fechamento de hoje, dia 9, caiu nos contratos para entrega em março próximo 445 pontos ou US$ 5,89 (R$ 30,88) por saca. Em reais, as cotações para entrega em março próximo na ICE fecharam no dia 2 a R$ 1.121,90 por saca, e hoje sexta-feira dia 9 a R$ 1.097,47. Hoje, nos contratos para entrega em março a bolsa de Nova Iorque fechou em baixa de 55 pontos.
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