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Tamanho da 'contabilidade criativa' na Americanas surpreende gestores


Por Adriana Cotias

Não é de hoje que se ouvia falar numa possível "contabilidade criativa" em Lojas Americanas. Mas a divulgação de uma classificação incorreta de R$ 20 bilhões nas contas de fornecedores e de despesa financeira caiu como uma bomba para gestores de recursos que acompanham as ações e papéis de dívida da empresa. 

"Se fossem R$ 5 bilhões, eu ficaria chocado, mas conseguiria construir, mas R$ 20 bilhões é muita coisa", diz um gestor que tem exposição pequena nos papéis. Após participar da conferência da empresa, ele afirma que ficou a sensação de que nem os executivos que acabaram de assumir e já renunciaram têm o diagnóstico do tamanho do problema. Limitaram-se a dizer que os R$ 20 bilhões estão no balanço, mas em rubricas erradas.

"Quando se olha o passivo, com um total de R$ 32 bilhões, dos quais R$ 5 bilhões são de fornecedores - o [Sérgio] Rial [CEO que deixou o cargo] falou em valor pouco maior -, e que tem R$ 20 bilhões de diferença que estão na linha errada, fica a impressão que tem coisa fora do balanço."

Ele lembra que há dois anos, quando a Via deu transparência a um passivo trabalhista da ordem de R$ 2 bilhões, já foi um "deus nos acuda", agora é um evento de R$ 20 bilhões para uma companhia que tem patrimônio de R$ 15 bilhões. A dúvida é o quanto o trio de sócios, Jorge Paulo Lemman, Beto Sicupira e Marcel Telles, da 3G Capital, estará disposto a aportar na capitalização da companhia.

Para os bancos credores ficou difícil fazer qualquer avaliação de crédito da empresa porque os balanços apresentados nos últimos anos não são confiáveis, mas se "largarem a mão", parando de descontar faturas de fornecedores, ela para de ter produtos para colocar na prateleira e o negócio se torna inviável. A mensagem de Rial, diz, foi que se isso ocorrer, a solução deixa de ser por meio de uma capitalização e vai para a recuperação judicial. "Se os bancos não puxarem o tapete, a companhia continua andando e a capitalização acontece, sabe se lá em que tamanho".

Esse gestor diz ver algum contágio para outras varejistas listadas na B3, mas ao olhar as demonstrações de Via e Magazine Luiza, por exemplo, há aparentemente maior clareza sobre operações com risco de sacado em relação à conta total de fornecedores. "Se olhar com maldade, os executivos sempre receberam um pacote agressivo de remuneração em cima das metas. Quem se beneficiou foram os executivos com uma conta bancária gorda em cima de níveis de rentabilidade que não aconteceram.” Ele acrescenta que se o caso ocorresse nos Estados Unidos caberia punição rigorosa, algo que ele não sabe dizer se vai ocorrer no Brasil.

A decisão, por ora, foi manter o 1% de exposição em ações da Americanas na carteira, que pela desvalorização que se desenha para hoje (os papéis ainda estão em leilão), a fatia deve cair a 0,25%. "Em condições normais, eu teria mais ou zeraria, mas neste momento, dado que não tem nenhuma informação, não faço nada porque o prejuízo já veio."

Para um gestor do segmento de crédito, o caso se caracteriza como um "típico conflito de agência", mesmo com parte dos bônus dos executivos reinvestido nas ações. Ele cita que ao contabilizar despesa financeira como subtração da conta de fornecedor, deve ter mais coisa fora do balanço. "Isso significa pelo menos três anos de lucros irreais", afirma.

O profissional diz não ter papéis da varejista na carteira, mas que a administração afirmou na conferência com o mercado não haver cláusula de aceleração de pagamento antecipado para os R$ 10 bilhões em debêntures que estão nas mãos do mercado.

No secundário, o ativo com vencimento em julho de 2023 tinha vendedor a 75% do par e comprador a 35%, o que significa que tem investidor querendo sair com prejuízo e que o preço na outra ponta já é de companhia em recuperação judicial, afirma esse gestor. Com cerca de R$ 1 bilhão vencendo, a avaliação é que haveria caixa para pagar a obrigação.

Esse gestor calcula que metade dos papéis de dívida esteja nas mãos de fundos e investidores pessoas físicas, e que há de se esperar um baque para as carteiras de crédito em geral. Se começarem a tomar resgate pelo resultado ruim da cota, podem ter que se desfazer de ativos bons para cumprir seus compromissos, gerando um efeito em cadeia no segmento.

Ele também vê o acesso de outras varejistas ao financiamento via mercado de capitais mais difícil. "O crédito vai ficar mais escasso nas próximas semanas mesmo para companhia grande."

Fonte: Valor

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