Quem imaginava, a Colômbia precisa importar 3,7 milhões de sacas em 2023

Por José Roberto Marques da Costa

Os contratos futuros do café arábica fecharam em leve alta em plena " briga" entre os participantes pelo nível de 155,00 cents, com os " vendidos " tentando evitar a todo "custo" que ultrapasse 157,50 cents onde pode entrar em um canal de alta que tem como objetivo o nível de 175,00 cents.

Em pregão totalmente técnico, com volume de 26.794 lotes, março valorizou 0,20 cents fechando a 154,80 cents, variando de 151,80 cents a 155,40 cents, rompendo o suporte  em 152,32 cents. Os estoques certificados diminuíram 7.939 sacas para 851.625 sacas. Na segunda-feira, os três primeiros suportes estão em 152,63 cents, 150,47 cents e 149,08 cents a as três primeira resistências em 156,18 cents, 157,57 cents a 159,73 cents. 

De acordo com Natália Gandolphi, analista da HedgePoint Global Markets, a primeira previsão da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) para a safra brasileira em 2023/24 veio abaixo da média das projeções do mercado. Ontem, a estatal disse que prevê colheita de 54,9 milhões de sacas. Segundo ela, os preços também continuam a refletir as preocupações do mercado com os efeitos de uma possível recessão global sobre a demanda. “Por enquanto, há sinais de que a demanda ainda tem fôlego”, afirma a analista.

 Até na semana passada, a disputa estava em torno de 150,00 cents e nesta passou para 155,00 cents, chegando na quinta-feira máxima da 157,50 cents. Na performance de ontem rompeu a primeira resistência do dia e hoje rompeu o primeiro suporte do dia. Graficamente, nível acima de 157,50 cents, os contratos de café arábica pode entrar em um forte canal de alta com a recompra dos grandes fundos de investimentos  podendo levar acima dos níveis de 160,00 cents, 165,00 cents, 170,00 cents e buscando a máxima do mês passado 174.35 cents.

 Nos últimos três dias. os exportadores  estavam prorrogando as compras fazendo oferta considerada baixa pelos vendedores estão mais agressivos tentando comprar grandes lotes, levando o indicador da Agnocafé a R$ 1.080,00 e superando o valor de R$ 1.000,00 o indicador da Cepea Segundo fonte do Sul de Minas, está acorrendo aumenta a procura por café, várias compradores estão propondo antecipação de travas futuras, que mostra a escassez de café no mercado. " Não tenho café à venda, mas quem quiser comprar tem de pagar, no mínimo, acima de R$ 1.100,00", diz corretor de Patrocínio", disse um corretor da cidade

Segundo informações de Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), nos mês de janeiro, até dia 20 foram embarcadas 1.615.935 sacas de café, alta de 0,5% em relação ao mês de dezembro. Do total, 1.432.966 sacas foram de arábica, 30.963 sacas de conillon e 161.006 sacas de solúvel. Pela projeção da Cecafé, em janeiro, Brasil deve exportar 2,900 milhões de sacas, queda de 9% e da Secex a exportação deve chegar a 2,880 milhões de sacas, queda de 6%

Pelos dados da CFTC divulgados nesta sexta-feira referente ao dia 17 de janeiro, mostra que os fundos aumentaram cerca de 12.870 suas posições liquidas vendidas para 43.940 lotes, que representa alta de 41,42%.   Os grandes fundos possuíam 43.940 posições líquidas vendidas, sendo 19.005 posições compradas e 62.945 posições vendidas). Em relação a semana anterior, ele aumentaram 9.205 lotes vendidos e diminuíram 3.665 lotes comprados . Os fundos de índice aumentaram em mais de 5 mil lotes o saldo líquido compradas, o que chama a atenção é que o relatório desta semana em relação a duas semanas atrás as posições abertas tiveram forte de 14,4%,  que representa alta de mais de 35 mil lotes passando para 278,880 lotes.

Segundo a diretora executiva da OIC Vanusia Nogueira,  o consumo de café poderá crescer, em média, até 2,5% ao ano até 2030. Em volume, esse desempenho pode representar aumento de até 30 milhões de sacas. Segundo a OIC, entre 2017 e 2021, o crescimento médio anual foi de 1,3%. Nesse período, Ásia e Oceania (3,1%) e África (1,6%) puxaram o avanço. Outras regiões - Américas (Norte, Sul e Central) e Europa -, algumas com mercados mais consolidados, cresceram entre 0,3% e 1,3%.

O analista Eduardo Carvalhaes, do Escritório Carvalhaes, também vê possibilidade de o consumo global de café crescer perto de 2,5% ao ano até 2030. Mesmo com crises econômicas que marcaram diferentes períodos, o Brasil, que é o maior fornecedor global de arábica, dobrou os embarques desde o início dos anos 2000, para 40 milhões de sacas, lembra ele.

A Agnocafé está alertando deste o ano passada, a queda da produção de café da Colômbia, o país está precisando a recorrer a outros países produtores, como o Brasil, Peru e Honduras, para  abastecer o mercado seu interno e fazendo blends para exportação para poder conseguir honrar seus contratos de exportação. Quem imagina a dois anos atrás um quadro grave como este.

No ano de 2021, a Colômbia foi o sétimo principal destino das exportações brasileiras. O país vizinho adquiriu 1,158 milhão de sacas que represento alta 33,4 pontos ante ao ano de 2020. No ano de 2022, o país foi o sexto maior importador  do Brasil com 1.720 milhões de sacas. alta de 48,5%, que representa 562 mil sacas somente do Brasil. O Peru e Honduras também exportam, mas em volume menores.   

Em seu último relatório a USDA, menciona que a economia da Colômbia deverá crescer a um ritmo mais lento em 2023 e o consumo local deverá permanecer estável em 2,2 milhões de sacas. Paralelamente à menor produção, que a USDA estima em 12,5 milhões de sacas, as exportações devem diminuir  para 12,7 milhões de sacas na safra 2022/23. As importações de café estão previstas em 1,9 milhão de sacas para apoiar o consumo doméstico, uma vez que a produção local é principalmente exportada.

Tendo como base a  produção anual de café da Colômbia em 11,1 milhões de sacas em 2022, número que representa uma redução de 12% ante a 2021 e com a provável queda para 10,5 milhões de sacas na safra 2023, o país deve necessitar de 3,7 milhões de sacas para poder fechar os números que representa em termos global 10% das exportações brasileira de 2023.

Segundo Álvaro  Jaramillo, gerente do Comite de Cafeteros de Antioquia, o café colombiano tem sido "tão bom" que praticamente tudo foi exportado, então quase não sobrou pasilla, que são os grãos de qualidade inferior.  Mas, como a Colômbia tem uma indústria solúvel —como Colcafé, Buencafé, entre outros—, esse tipo de grão é necessário.

“É por isso que, quando olhamos para as importações, tivemos um barulho com os produtores pedindo várias vezes ao governo para fechar as importações, mas do sindicato explicamos a eles que isso não pode ser feito por questões relacionadas à Comunidade Andina, é algo muito complexo ” , indicou o dirigente sindical.

E acrescentou que, embora diferentes governos tenham colocado algumas barreiras ou limitações a essas importações, países como o Brasil as processaram e exportam defendendo um mercado livre. Assim, este 2023 não parece tão fácil para o setor cafeeiro colombiano, pois eles preveem que grandes ameaças como o fenômeno La Niña, menor produção, aumento de custos e importações que de continuar e tudo indica que deverá cresce 2023.

Ótimo Final de Semana a Todos

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