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Influenciado de escassez, NY valoriza 18% nos últimos 12 pregões


Por José Roberto Marques da Costa

Os contratos futuros de café arábica tiveram alta novamente nesta sexta-feira, ampliando a longa sequência de alta desde agosto de 2022, valorizando nos últimos 12 pregões  26 cents ( 18% ) influenciado por gráficos técnicos positivos desde o dia 11 de janeiro quanto não teve forçar para operar abaixo do forte piso em 142,50 cents e pela provável escassez do café arábica e conilon no curto, médio e longo prazo. 

O dia foi muito nervoso e agitado com uma forte "briga" com investidores tentando a "todo custo" evitar rompimento no nível de 170,00 cents que aconteceu na última parte do pregão. O volume de negócios atingiu 66.408 lotes, com março valorizando 2,75 cents e fechamento em 169,90 cents próximo a máxima do dia, março variou de 165,95 cents a 170,15 cents, rompendo a primeira resistência em 169,12 cents, não tendo força para buscar a segunda em 171,08 cents devido a enorme "briga". Os estoques certificados diminuíram de 24.947 sacas para 845.775 sacas e segundo um operador, os estoques estão atingiram o pico, já que não há muito mais café pendente de classificação, resta somente de 68 mil sacas pendentes de classificação.

Esta valorização está tendo vários suportes, um vem na escassez do produto no curto prazo devido a venda em "conta gota" dos produtores brasileiros, que atualmente é um dos únicos países que tem produto suficiente para abastecer o mercado. Esta procura está provocando uma valorização dos contratos em NY  com preços spot mais altos pelo café brasileiro, chegando a esta semana pagar um prêmio de 25 pontos e com nítida tendência de alta no curto e médio prazo.

Além da baixa safra de café arábica em 2022 e provável em 2023 no Brasil e para agravar ainda mais, as últimas informações desta semana vem do segundo maior produtor mundial de arábica, dificilmente a produção  da Colômbia em 2023 deverá vai ultrapassar 10 milhões de sacas, que deve colocar mais "lenha" na fogueira da escassez. E para relembra a todos, a Colômbia deverá ter importar 3,7 milhões de sacas em 2023 para honrar seus compromissos com mercado interno e a exportação.

Outro fundamento que está dando sustentação ao café arábica está na performance do conilon em Londres, que operou grande parte do pregão entre US$ 2.000 a US$ 2.020 a tonelada, mas nos últimos 30 minutos do pregão apareceu um "manada" de compras de investidores, com medo da falta do conilon no mercado com escassez refletindo  na queda constante dos estoques de certificados que estão atualmente no menor volume desde 2016.

O pregão desta sexta- feira,  foi um dos dias mais agitado dos últimos anos em Londres, rompendo as três resistência do dia com  29.086 lotes chegando a máxima de US$ 2.057/t, maior nível desde 14 de novembro de 2022. No mês de janeiro, o conilon valorizou US$ 254/t ( 11,4% ) e fechando próximo a máxima do dia e no maior nível deste 14/10/2022 .

Pelos dados da CFTC (Commodity Futures Trading Commission) divulgado hoje referente ao dia 24 de janeiro, mostra que os fundos diminuíram em 8,9% ( 3.920 lotes ) suas posições liquidas vendidas para 40,020 lotes. Os grandes fundos possuíam 40.020 posições líquidas vendidas, sendo 19.804 posições compradas e 59.824 posições vendidas. Em relação ao relatório anterior praticamente mantiveram as posições comprada e diminuíram somente 3.121 lotes vendidos, neste período março teve alta de 8,75 cents. Nas últimas três semanas as posições em abertas tiveram a forte alta de 45 mil lotes com a entrada de novos investidores .  

Influenciado pela ótima performance dos últimos 12 pregões que teve alta cumulada de 26,00 cents, a grande expectativa dos operadores é se o mercado vai ter força suficiente pra começar a operar acima no nível de 175,00 cents, que deve provocar uma nova onda de compras podendo levar a meta a meta de 189,50 cents, mas antes deveremos ter um enorme " briga". Nos últimos 15 dias a " briga" teve vários níveis, 150 cents, 155 cents, 160 cents e 165,00 cents. Agora será dividida entre o intervalo de 170 cents a 175,00 cents. No pregão de segunda-feira, os três primeiros suportes estão 167,18 cents, 164,47 cents e 162,68 cents e as três resistências em 171,38 cents, 172,87 cents e 175,38 cents.. Como diz o analista Marcelo Fraga Moreira da Archer Consultoria " o mercado é soberano ".

Segundo Eduardo Carvalhaes, os preços seguem firmes devido à expectativa de queda das exportações brasileiras do grão nos primeiros meses do ano, durante a entressafra — a cultura teve perdas com seca e frio nas últimas duas safras. Além disso, os produtores brasileiros estão preferindo não vender pelos valores atuais o que resta da safra de 2022.  O embarque em janeiro atinge 2,208 milhões de sacas, queda de 3,7% e projetando os embarques em até o final do mês, janeiro deverão ser embarcadas 2.860 milhões de sacas, queda de 10,5%.

Segundo a agência  Bloomberg, os futuros de arábica estão acompanhando preços spot mais altos em países produtores como Brasil, disse Kona Haque, chefe de pesquisa da corretora de commodities ED&F Man. Do lado da demanda, as perspectivas melhoraram para o setor, com consumidores mais propensos a tomar café em bares e restaurantes à medida que a inflação diminui, disseram analistas da HighTower em relatório.

De acordo com o Zaner Group, o café pode continuar encontrando suporte na perspectiva de demanda fora dos lares em alta no curto prazo, “à medida em que os níveis de inflação continuam em queda”. O recuo do dólar em comparação com o real também deu suporte aos preços, porque pode reduzir o ímpeto dos exportadores brasileiros, segundo a corretora.

A grande novidade de hoje que foi um surpresa não só para mim, mas também para a grande maioria, o artigo que mostra uma outra realidade e  que mancha  a imagem da tão pestigida  Federação Nacional dos Cafeicultores da Colômbia, que vem enfrentando uma investigação da Controladoria daquele país sobre um rombo que envolve recursos públicos e chega a US$ 120 milhões, que deve refletir negativamente na confiança do mercado e deverá ter reflexo em vários setores no mercado colombiano.

 Abaixo a integra do arigo do Camilo Sánchez publicada no jornal El País que foi traduzido pela Agnocafé nesta nesta-feira.

Federação Nacional dos Cafeicultores sob forte tempestade

"Esse processo não avançou."  Com esta mensagem concisa, o ministro da Fazenda, José Antonio Ocampo, resumiu para este jornal o estado da eleição do novo gerente da Federação Nacional dos Cafeicultores, o todo-poderoso sindicato privado do setor na Colômbia.

 Os fatos remontam a meados de dezembro, quando o ex-diretor Roberto Vélez recebeu uma ligação apressada do secretário particular do presidente para informar que Gustavo Petro defendia uma substituição no cargo que ocupava desde 2015.

Várias fontes sindicais concordam que Vélez, de 62 anos, de Pereira, emergiu como uma figura conciliadora após anos de rixas e desentendimentos entre regiões produtoras do centro e sul do país. Mas, ao mesmo tempo, foi responsável por algumas omissões administrativas que a Controladoria-Geral da União investiga hoje.

 Trata-se de uma auditoria fiscal por eventual perda de ativos em contratos futuros de venda de café, sistema destinado a proteger o vendedor contra quedas repentinas de preços e o comprador contra altas bruscas, em que um preço é fixado por meses ou anos antes da entrega de um produto.

Segundo um relatório publicado em dezembro pela Controladoria, estima-se que esses contratos produziram perdas cumulativas de 500 bilhões de pesos (US$ 120 milhões), o que afetaria dois atores.  De um lado, ao Fundo Nacional do Café, que é uma conta parafiscal com recursos públicos do Governo, gerido pela Federação para pesquisa e comercialização do grão no mundo, entre outras funções.

 Do outro, centenas de pequenos cafeicultores e cerca de trinta cooperativas. Os produtores e a Federação negociaram, entre o final de 2020 e 2021, compras de café a uma média de 950 mil pesos por carga de 125 quilos.  Esses negócios, segundo a Controladoria, não foram firmados em contratos assinados, mas acordados por chat ou verbalmente.

Mas o preço internacional do grão quase dobrou, por conta dos efeitos climáticos nas lavouras brasileiras, e na hora de entregar as sacas combinadas, milhares optaram por não entregar e vender em outro lugar, pelo novo preço. A Federação redobrou seu compromisso com novos contratos a preços mais elevados e por meio das mesmas cooperativas que estavam atrasadas na execução dos convênios.  O problema não só se agravou, como também criou uma onda especulativa no mercado.

 Os especialistas Eduardo Lora e Felipe Robayo a rotularam como "A crise do 'subprime' no setor cafeeiro" em artigo do jornal financeiro Portafolio que aludiu à crise das hipotecas de alto risco nos Estados Unidos, que em 2008 desencadeou uma crise econômica global crise.

Óscar Gutiérrez, diretor da organização camponesa Dignidade Agropecuária, lembra que desde fevereiro de 2021 vinha alertando sobre a “lápide antecipada”: “Os contratos foram negociados a um preço de $ 1,30 por libra quando os membros da Federação foram advertidos, para informações fornecidas por um das maiores cooperativas cafeeiros do Brasil, que devido à anormalidade climática ia ter uma queda bárbara”.

Para Gutiérrez, havia elementos suficientes para antecipar o aumento dos preços: “No Ministério da Fazenda, no Planejamento, na Federação, eles estavam cientes.  Eles até pularam os regulamentos aprovados para a compra de café no futuro.  Então, quando o preço da libra subia para 2,30 ou 2,40 dólares, as pessoas se sentiam enganadas e a bagunça era grande”.

A sensação de fraude nas plantações de café colombianas resultou em uma cadeia de inadimplência que atingiu compradores na Bolsa de Valores de Nova York, onde a Federação havia prometido vender milhares de sacas compradas.  Os compradores americanos exigiam a entrega do café, ou o pagamento da diferença entre o preço acordado e o que tinha naquele momento.  Foi aí que o grande buraco se abriu. Como Lora conclui, “isso deixou uma onda de problemas que não foram resolvidos.

 A Federação e o Fundo Nacional do Café estão presos.  A reputação internacional em questão e uma cooperativa falida (Andes)”. Não é de estranhar, portanto, que o clima do 90º Congresso do Café em Bogotá, no início de dezembro, tenha sido de confusão.

 A notícia do telefonema da Casa de Nariño estourou como uma tempestade poucas horas depois dos discursos dos ministros campo, da Fazenda, e Cecilia López, da Agricultura, que fizeram um balanço positivo da gestão de Vélez. Concluída a renúncia, a mídia concentrou o foco da informação na reiterada interferência do presidente nos sindicatos privados.

 No caso da Federação, que reúne cerca de 550 mil famílias cafeicultoras, há uma singularidade: essa entidade privada administra os recursos públicos.  Desde meados do século XX existe uma relação com o Estado, que concede ao Governo assentos no conselho de administração, além do poder de veto na eleição do gestor.

Para o ex-ministro da Agricultura e Finanças, Juan Camilo Restrepo, essas relações não são motivo para justificar os canais utilizados pela administração do Petro: “ a Federação Nacional dos Cafeicultores não é uma dependência da Casa de Nariño. Uma característica tradicional da política cafeeira tem sido a concertação com o Governo. Mas, naturalmente, uma mensagem presidencial, praticamente ordenando o afastamento do gerente, é certamente uma expressão arrogante e abrasiva.

De acordo com o cronograma previsto, o Comitê Nacional dos Cafeicultores se reunirá na próxima segunda-feira para definir a lista de candidatos a ser apresentada pelo governo. Guillermo Trujillo, empresário do café e colunista do jornal econômico La República, indica que o momento para a mudança de rumo é "muito ruim".

 Recorde-se que o preço de referência da libra do café na Bolsa de Nova Iorque, após um ano recorde em 2022, está em queda: "Caiu quase um dólar, de $2,40 em agosto passado para $1,54 em 20 de agosto." Ele explica que, embora seja um sindicato difícil de administrar devido ao seu tamanho e aos interesses encontrados entre os departamentos produtores, as perdas por vendas futuras evidenciam um "desdém administrativo".  Ele se pergunta por que não houve cota máxima individual por produtor e por que a capacidade de produção de cada licitante nunca foi certificada: "Não tem nem nota promissória envolvida", conclui.

Eduardo Lora concorda: “A Federação enlouqueceu e começou a fazer negócios muito grandes no futuro. E ele nem fez contratos. São poucos acordos verbais ou pelo WhatsApp de total leveza. Foi uma péssima gestão de risco por parte de um gestor que, teoricamente, conhece o negócio.”

Além dessa bagunça, o próximo governo enfrentará colheitas reduzidas.  Segundo estatísticas oficiais publicadas no site da Federação, após atingir uma produção sustentada de 14 milhões de sacas entre 2015 e 2019, caiu para 11 milhões.

 Juan Camilo Restrepo, que já foi assessor e gerente comercial da Federação, alerta sobre o cenário internacional: “Este ano podemos ver a produção de uma safra gigantesca no Brasil, de cerca de 62 milhões de sacas, praticamente 50% do consumo mundial.  Isso, mais o aumento das exportações do Vietnã, enfraquecerá o preço.  O novo dirigente vai ter que estrear em crise”

Enquanto aguarda a nomeação do novo timoneiro da Federação, Eduardo Lora conclui que a situação expressa também a complexidade da arquitetura institucional do sindicato. Segundo o economista, hoje é um projeto cooptado que explora o pequeno cafeicultor: "É um sistema de extração de renda para que os membros da federação vivam bem e tenham recursos para pagar as próprias tolices".

Ótimo Final de Semana a Todos

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Contrato Cotação Variação
Julho 200,75 - 5,35
Setembro 199,10 - 5,25
Dezembro 197,40 - 5,10
Contrato Cotação Variação
Julho 3.541 - 139
Setembro 3.470 - 147
Novembro 3.385 - 151
Contrato Cotação Variação
Julho 250,10 - 7,10
Setembro 240,50 - 7,80
Dezembro 236,60 - 8,55
Contrato Cotação Variação
Dólar 5,0700 - 0,85
Euro 5,4570 - 0,52
Ptax 5,0668 - 0,94
  • Varginha
    Descrição Valor
    Duro/riado/rio R$ 1090,00
    Peneira 15/16 R$ 1250,00
    Moka R$ 1250,00
    Safra 22/23 20% R$ 1210,00
  • Três Pontas
    Descrição Valor
    Peneira 17/18 R$ 1280,00
    Safra 22/23 15% R$ 1220,00
    Safra 22/23 25% R$ 1200,00
    Duro/riado/rio R$ 1100,00
  • Franca
    Descrição Valor
    Cereja 20% R$ 1240,00
    Safra 22/23 15% R$ 1240,00
    Safra 22/23 25% R$ 1200,00
    Duro/Riado 15% R$ 1140,00
  • Patrocínio
    Descrição Valor
    Safra 22/23 15% R$ 1220,00
    Safra 22/23 25% R$ 1200,00
    Peneira 17/18 R$ 1280,00
    Variação R$ 1230,00
  • Garça
    Descrição Valor
    Escolha kg/apro R$ 15,00
    Safra 22/23 20% R$ 1210,00
    Safra 22/23 30% R$ 1190,00
    Duro/Riado 30% R$ 1130,00
  • Guaxupé
    Descrição Valor
    Safra 22/23 15% R$ 1220,00
    Safra 22/23 25% R$ 1200,00
    Duro/riado 25% R$ 1130,00
    Rio com 20% R$ 1070,00
  • Indicadores
    Descrição Valor
    Cepea Arábica R$ 1141,86
    Cepea Conilon R$ 970,33
    Conilon/Vietnã R$ 1451,00
    Agnocafé 22/23 R$ 1220,00
  • Linhares
    Descrição Valor
    Conilon T. 6 R$ 1020,00
    Conilon T. 7 R$ 1012,00
    Conilon T. 7/8 R$ 1005,00