Queda da exportação de 45% em fevereiro mostra uma "tragédia anunciada"
Por José Roberto Marques da Costa
Os contratos futuros de café fecharam em queda pelo segundo dia consecutivo contaminado pela interferência externa ao mercado de café com estresse no exterior após o índice de preços de gastos com consumo (PCE) dos Estados Unidos superar as expectativas, fazendo que o indicador do dólar ganhasse força entre moedas internacionais e a valorização dos Treasuries.
O índice cheio e o núcleo do PCE subiram 0,6% em janeiro ante dezembro. O núcleo avançou mais do que o 0,5% previsto por analistas consultados pelo “The Wall Street Journal”. O indicador pode fazer com que o Federal Reserve (Fed) seja mais duro no aperto monetário - após a divulgação dos dados, as apostas em alta de meio ponto porcentual na reunião de março aumentaram e as de corte de juros ainda este ano diminuíram, conforme dados do CME Group com base nos futuros dos Fed Funds.
Em mercado sobrecomprado, o volume de negócios chegou a 25.734 lotes. bem abaixo da média dos últimos pregões, maio teve queda de 2,00 cents fechando a 187,70 cents acima do importante nível técnico de 187,00 cents, variando de 185,90 cents a 190,00 cents, rompendo o primeiro suporte em 187,52 cents e importante nível de 187,00 cents, mas não tendo força para busca o segundo suporte em 185,33 cents. Os estoques de certificados diminuíram 9.429 sacas para 800.137 sacas, perdendo mais de 90.000 sacas nas últimas duas semanas.
Segundo a Reuters, os operadores disseram que o preço foi sustentado pelo aperto no mercado físico no Brasil onde os produtores não têm pressa em vender enquanto os estoques de certificado estão em trajetória de queda. Mas eles acrescentaram que o mercado ficou um pouco sobrecomprado após o recente aumento. Os operadores disseram que o aperto na oferta de curto prazo levou a um fortalecimento no prêmio do contrato de março em relação a maio que chegou a mais de 6 cents nesta semana ante a paridade nas semanas anteriores.
Devido a problemas técnicos, depois de 30 dias, CFTC divulgou hoje seu primeiro relatório mas referente a 31 de janeiro mostrando forte na posições liquidas vendidas grandes fundos, neste período a variação de maio passou de 160,30 cents a 170,55 cents, alta de 10,25 cents. No relatório do dia 31 de janeiro mostrando forte na posições liquidas vendidas grandes fundos, neste período a variação de maio passou de 160,30 cents a 170,55 cents, alta de 10,25 cents. Nos últimos 22 dias a alta acumulada chegou a 19,30 cents que deve mostrar uma mudança radical dos grandes fundos de posições líquidas vendidas para compradas.
Pelos dados da CFTC (Commodity Futures Trading Commission) mostram que os fundos diminuíram cerca de 19.932 suas posições liquidas vendidas para 20.088 lotes, que representa queda de 50%. Segundo os números apresentados, levando-se em consideração apenas as posições futuras os grandes fundos possuíam 20.088 posições líquidas vendidas , sendo 23.123 posições compradas e 43.211 posições vendidas no último dia 31 de janeiro. No relatório anterior, referente a 24 de janeiro, eles tinham 40.020 posições líquidas vendidas, sendo 19.804 posições compradas e 59.824 posições vendidas.
Neste semana a alta atingiu 1,95 cents, no mês 5,95 cents, na últimas 5 semanas valorizou 32,90 cents. Em relação a mínima do ano passado a alta acumulada foi 44,00 cents, recuperando 30% deste o dia 10 de outubro de 2022. O início da queda no ano passado foi quando a Cecafé divulgou as exportações de setembro de 3,6 milhões sacas. Naquele dia, o nível estava em 218,20 cents, com a continuação da queda chegou no piso de 143,80 cents, depois começou a valorizar lentamente até acima de 175 cents no começo do mês.
Com as informações da queda das exportações em janeiro para 2,842 milhões de sacas, e com ajuda de gráficos técnicos começou uma reação mais acentuada chegando a romper 194,00 cents nesta semana, ultrapassando importante níveis técnico como a média de 100 dias em 176,00 cents, depois 183,00 cents, 187,00 cents e 193,00 cents com tendência de romper a média de 200 dias em 198,00 cents, mas influência externa na quinta e sexta-feira interferiram nesta reação.
Caso não tenha nenhum fator externo a tendência continua de alta com ajuda de gráficos técnicos mais positivos deve voltar ao patamar do dia 10 de outubro de 2022, provavelmente na segunda quinzena de março. Como o mercado é "soberano" e deve buscar um novo nível de equilíbrio diante deste aumento do déficit durante 2023. Segundo o analista Marcelo Fraga Moreira da Archer Consulting, os tubarões já começaram a sentir cheiro de "sangue".
Os números da Secex e da Cecafé indicam um futuro incerto e mostrar uma "tragédia anunciada"
A Agnocafé vem alertando a vários meses a possibilidade de forte queda das exportações brasileira nos primeiros seis meses de 2023, começando em janeiro e com queda aumentando todos os mês até a entrada da próxima safra, devido a queda dos estoques remanescente a um patamar crítico combinado com a safra frustrada de 30 milhões de café arábica do ano passado e deste ano que tudo indica deve ficar em 40 milhões de sacas, dando uma safra média de 35 milhões de sacas.
Tudo indica que com estas duas safras Brasil, acionando mais as quedas da Colômbia, México e dos países da América Central e haverá um forte desquilibrio entre produção e consumo que deve gerar em 2023 um déficit acima de dois dígitos
Outro fator deste queda está na mudança da mentalidade de comercialização dos produtores brasileiros, sabendo dos estoques críticos e queda acentuada de sua produção, eles estão negociando somente o necessário para quitar as contas mais imediatas, forçando o mercado aumento constante de suas ofertas. Hoje na parte da tarde a Capebe vendeu 2.275 sacas de duro com 14% a R$ 1.215,00.
O indicador de café do arábica bruto da Agnocafé com 15% cata ficou em R$ 1.240,00 nesta sexta-feira ( 24/02 ) e o indicador livre a R$ 1.220,00. No mês fica com alta de R$ 70,00, durante o ano 2023, alta acumulada de R$ 140,00..
Peneira 17/18 pronto para embarque R$ 1.310,00, cereja a R$ 1.290,00, café certificado a R$ 1.260,00. O indicador para café com 10% a R$ 1.250,00, 20% a R$ 1.230,00, com 25% a R$ 1.220,00 com 30% a R$ 1.2210,00. Para os café de baixa qualidade Duro/riado R$ 1.150,00, duro/riado/rio, R$ 1,120,00, rio a R$ 1.090,00 com 30%. Café duro para consumo a R$ 1.080,00 e riado a R$ 1050,00, repasse de beneficiamento a R$ 1.050,00 e escolha fica em R$ 18,00 o quilo de aproveitamento.
Embarque em fevereiro atinge 1,360 milhões sacas, queda de 29%, diz Cecafé e pela projeção dos embarques até 23, em fevereiro devem ser embarcadas 2,076 milhões de sacas, queda de 27% ante a janeiro. Em relação a fevereiro do ano passado a queda até 23 foram 918 mil sacas, até dia 23 tinham sido embarcadas 2,278 milhões de sacas.
Dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) mostraram nesta quinta-feira que as exportações de café verde está tendo um queda de 45,25% ante a fevereiro do ano passado. Neste mês a média está por dia 100.000 sacas por dia útil, até a terceira semana ante média diária de 182.660 sacas para todo o mês de fevereiro em 2022.
A empresa de consultoria e gestão de riscos hEDGEpoint Global Markets revisou sua projeção para a produção de café arábica 2023/24 do Brasil para 42,3 milhões de sacas, queda de 3,1 milhões de sacas ante a 45,4 milhões de sacas anteriormente. A analista da hEDGEpoint Natalia Gandolphi, disse que o bom nível de chuvas recente não foi suficiente para compensar os impactos negativos que as lavouras no Brasil sofreram com um período de estiagem no final do ano passado que prejudicou a fase de floração.
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