A semana iniciou mais otimista com o Set-23 subindo +535 pontos e negociando na terça-feira @ +181,00 centavos de dólar por libra-peso (a máxima da semana). A alegria durou pouco. O presidente do Fed*, sr Jerome Powel, sinalizou novo aumento dos juros americanos em +0,50 pontos a ser oficializada na próxima reunião do dia 22 de março, e possivelmente 2 novos aumentos nas reuniões de maio e julho na mesma base (o mercado agora aposta que o terceiro aumento será de “apenas” +0,25 pontos). Com isso, os juros americanos deverão atingir os 6% ao ano! Os Estados Unidos estão fazendo de tudo para trazer a inflação para voltar a trabalhar “dentro da meta” dos 2% ao ano.
O aumento dos juros americanos deverá levar a uma nova rodada de aumento de juros pelos principais bancos mundiais (zona do euro, Inglaterra e Japão). Com juros mais elevados a recessão nas principais economias do mundo já é dada como certa e inevitável. Com a inflação mais elevada o receio da recessão e aumento do desemprego levou o mercado a rever as expectativas para o aumento do consumo para as principais commodities. No café, agora, segundo a OIC* o consumo mundial do café deverá crescer entre +1/+2% ao ano contra previsão anterior estimada em +2% ao ano.
Esse “1%” representa uma redução ou aumento em potencial na demanda em aproximadamente +/- 3,46 milhões de sacas, refletindo diretamente no índice “estoque x consumo”!
Nesse mês de março o petróleo tipo WTI já caiu -4,08% (com expectativa do crescimento menor na China) e o café -4,32%.
Como esperado e indicado por nós, o mercado de café continuou o movimento de baixa testando a média-móvel dos 50 dias. O volume médio diário negociado ficou ao redor dos +35.000 lotes.
O Set-23 chegou a negociar na mínima da semana, na sexta-feira, @ +171,80 centavos de dólar por libra-peso. “Praticamente” testou o suporte técnico da média-móvel dos 50 dias @ +170,30 centavos de dólar por libra-peso. Após chegar a subir +520 pontos (chegou a negociar @ +177,00 centavos de dólar por libra-peso) perdeu um pouco de força, mas mesmo assim terminou a semana @ +174,85 centavos de dólar por libra-peso. Próxima semana promete!
Na sexta-feira (durante o pregão e durante o evento anual da National Coffee Association na Flórida) a OIC*, através da fala da sua diretora-executiva – Sra. Vanusia Nogueira, informou que “a demanda mundial de café provavelmente excederá um pouco a produção em 2022-23, principalmente devido aos problemas da safra de arábica”. Segundo matéria publicada pela Bloomberg a OIC* estima um “déficit de 4 milhões a 5 milhões de sacas na temporada anterior”.
Essa notícia, junto com notícias vindas do Vietnam (sugerindo que os produtores locais estão substituindo a cultura do café por culturas mais rentáveis e gerando uma potencial redução na produção do Vietnam em -4/-5 milhões de sacas – já vimos esse movimento no Brasil) “fizeram preço” e geraram um movimento de reversão tanto no Maio-23 quanto no Set-23. O Set-23 agora encontra próximas resistências @ +177,90 e + 190,20 centavos de dólar por libra-peso. Suporte importante @ +170,00 centavos de dólar por libra-peso.
Novamente tivemos números publicados da safra brasileira 22/23 e 23/24. Como sempre, os números continuam bem discrepantes.
A Marex reduziu a expectativa da safra brasileira 22/23 do café tipo arábica de +35,08 milhões de sacas para +34,05 milhões de sacas e café tipo robusta aumentou de +21,00 milhões de sacas para +24,20 milhões de sacas. Já para a safra 23/24 a expectativa está em +62,94 milhões de sacas sendo +40,50 milhões de sacas para o café tipo arábica e +22,44 milhões de sacas para o café tipo robusta.
A Safras e Mercados aumentou o seu número para a safra brasileira 2022/23, que passou de +57,30 milhões de sacas para +58,90 milhões de sacas (com a produção dividida entre +35,95 milhões de sacas para o café tipo de arábica e +22,95 milhões de sacas de conilon). Os números para a safra 23/24 ainda estão em revisão e deverão ser divulgados nas próximas semanas.
E a Mercon está estimando a safra 23/24 em +65,86 milhões de sacas sendo +43,72 milhões de sacas do tipo arábica e +22,14 milhões de sacas do tipo robusta.
Durante a semana, novamente alguns “analistas” tentavam justificar os movimentos do mercado “ao sabor dos ventos”. Um dos piores comentários foi “o mercado caiu pois os estoques certificados subiram hoje”! Ora, como que o mercado caiu antes mesmo da publicação da posição dos estoques certificados ter sido publicado – uma vez que os dados são publicados sempre, diariamente, após o fechamento do mercado? E nesse dia houve um aumento nos estoques certificados em apenas +3.200 sacas! +3.200 sacas “fazendo preço” no mercado – parece piada não?
Os estoques certificados terminaram a semana com uma leve alta @ 779.452 sacas e os “estoques pendentes” reduziram de +59 mil sacas para apenas +18.233 sacas.
A Cecafé* finalizou as exportações do mês de Fev-23 e o Brasil exportou apenas +2.395.984 sacas, uma redução em -33,15% em relação a fev-22 e -15,34% em relação a jan-23.
Para o mês de março-23 as projeções, por enquanto, estão indicando uma retomada nos embarques para aproximadamente +3.53 milhões de sacas! Será? Em breve saberemos! Esse número deverá ser acompanhado de perto pelo mercado pois se “começar a aparecer” café disponível nos próximos 3,5 meses o mercado poderá não aguentar e voltar a realizar.
O mercado interno segue travado com produtores ainda aguardando por preços melhores, acima dos +1.200 R$/saca para o café tipo arábica e pelo menos +700 R$/saca para o café tipo robusta.
Para o curto prazo esperamos uma reversão com o Maio-23 buscando novamente os +190/+200 centavos de dólar por libra-peso e o Set-23 buscando os +190/+195 centavos de dólar por libra-peso.
Maio-23:
Set-23:
Para o produtor ainda comprado, atenção e cuidado com as travas futuras!
Como pode alguém em sã-consciência “travar” vendas pelas próximas 4 safras ao mesmo preço, como sugerido por essa cooperativa?
Fazendo uma conta de “padaria”, considerando que a taxa de juros no Brasil continue nos 12% ao ano, pelos proximos 4 anos, entao, os valores para as campanhas 2024, 2025 e 2026 deveriam ser, respectivamente, pelo menos 1.108,80 / 1.241,86 / 1.390,88 R$/saca!
Como sempre, muito cuidado com o “canto da sereia” e PROTEJAM-SE!
Boa semana a todos!
Marcelo Fraga Moreira é um profissional há mais de 30 anos atuando no mercado de commodities agrícolas, escreve este relatório sobre café semanalmente como colaborador da Archer Consulting.
Data: 12/03/2023 16:51 Nome do Usuário: leonardo Comentário: Vamos partir do pricipio que 1saco de café 60kg produz 7000 xicaras e que se for vendida a 5 reais/xicara=35000reais. Sera que o produtor não merece ficar c/ 5% disso? 1750reais? Pobres produtores!!!
Data: 12/03/2023 13:01 Nome do Usuário: Wellington Comentário: Produtores do Vietnã estão mais espertos que nós, precisamos também partir para outra atividade mais rentável, principalmente nas montanhas, mão de obra cara e escassa.
Data: 12/03/2023 08:59 Nome do Usuário: carlos Comentário: ...acorda produtor , só existi um caminho garantido . ter 1 safra na SUA TULHA , outra no banco e uma na arvore fazendo assim vc NUNCA VAI FICAR NA MAO DESTES SANGUE-SUGA ... CAFÉ É NA SUA TULHA
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