Migração para frutas no Vietnã começa a contagiar o café arábica em NY
Por José Roberto Marques da Costa
Os contratos futuros de café arábica fecharam em alta nesta quinta-feira com a continuidade de compras de grandes fundos de investimento devido a escassez no curto e médio prazo e de olho da performance de Londres devido ao vírus " fruta" que começa a contagiar o café arábica em NY.
Com bom volume de 60.907 lotes em NY, maio teve alta de 3,45 cents fechando a 183,60 cents nos maiores níveis em 36 dias ( 01/03), variando de 177,95 cents a 184,55 cents e chegando a romper a primeira resistência do dia em 182,70 cents, acumulando alta de 13,10 cents ( 7,7% ) na curto semana. Os estoques de certificados diminuíram 1.300 sacas para 730.659 sacas no menor nível dos últimos 110 dias e até 06 de abril foram embarcadas 3.034.763 sacas de café referente a março, diz Cecafé
Depois de mais de um mês, o maio retorna a um importante nível de 184,00 cents, média móvel dos últimos 100 dias entrada de um possível canal de alta que deve levar a 187,00 cents e depois ao nível de 28 de fevereiro em 189,65 cents. Tecnicamente a semana foi muito positiva saindo de um canal de baixa que começou em 172,50 cents( a mínima de segunda-feira foi 171,25 cents ) para entrada de canal de alta em 184,00 cents ( a máxima de hoje foi 184,55 cents ).
Para continuar esta trajetória ascendente, o importante se manter acima de 184,00 cents já do pregão de segunda-feira, fator que pode influenciar a performance na semana será o vencimento das opções no próximo dia 13. No vencimento de março, os "vendidos" foram os grandes vencedores. Os três suportes técnicos do dia estão em 179,52 cents, 175,43 cents e 172,92 cents e as três resistências em 186,12 cents, 188,63 cents e 192,72 cents.
Para Eduardo Carvalhaes, alta forte para as cotações do café em Nova Iorque foi por interesses de curto prazo de fundos e especuladores. A divulgação ela Organização Internacional de Café, de novos números indicando queda nas exportações mundiais de café e aumento no déficit global do mercado cafeeiro; a queda na produção de robusta na Indonésia, terceira maior produtora desta variedade; os estoques limitados de robusta no Vietnã; a queda nos estoques de café certificado na ICE Futures US.
Para Agnocafé, a forte reação de mais de US$ 200 nas últimas semanas em Londres tem um outro fundamento além da escassez que está gera intranquilidade no mercado de conilon e futuramente ao mercado de arábica é a forte redução na área de café do Vietnã devido a migração intensas dos cafeicultores vietnamitas para outra cultura mais lucrativa depois da abertura do mercado da China para várias variedades de frutas do país.
A Agnocafé veem acompanhando atentamente esta migração depois da declaração de Do Ha Nam, vice-presidente da Vietnam Coffee and Cocoa Association dada a 45 dias atrás sobre a queda de 15% da safra do Vietnã em 2023 devido a redução de área que deverá provocar um desequilibro entre a produção e consumo no meio e longo prazo
Abaixo o site fez uma análise baseadas nas informações das últimas semanas sobre o motivo porque o café no Vietnã está no maior preço dos últimos anos e trader só fecha o contrato quando está precisando do café. Veja no Link abaixo matéria do VN Express sobre os agricultores vietnamitas trocam café por maracujá, uma das frutas que está invadindo a área de café. "Um número crescente de agricultores na província de Gia Lai, nas Terras Altas Centrais, mudou do café para o maracujá mais popular, pois lucrar com o grão se torna difícil"..
Até o ano passado, a cafeicultura do Vietnã cobria cerca de 710 mil hectares e sua maior área de cultivo de café no Planalto Central responde por cerca de 90% da produção total com a média de 42 sacas por hectare tendo em 2022 uma produção em torno de 30 milhões de sacas.
O aumento dos preços do café vietnamita este ano, juntamente com o aumento das taxas de juros sobre empréstimos bancários, fez com que os exportadores evitassem aumentar seus estoques e relutassem em ter contratos para entrega no futuro devido às preocupações com a volatilidade dos preços globais. Além disso, os agricultores vietnamitas não têm pressa em vender seus grãos de café, o que resulta em escassez de oferta disse Nguyen Xuan Hien, chefe de gabinete da Associação Café-Cacau do Vietnã (Vicofa).
Os agricultores do planalto central, a maior área de cultivo de café do Vietnã, venderam grãos entre US$ 2,78 a US$ 2,90 por quilo, que representa de R$ 844.00 a R$ 880,00 o nível mais alto em anos devido à escassez dos grãos”, disse um trader do cinturão cafeeiro. “Os agricultores não estão vendendo. Os produtores estão se voltando para outras árvores, como o durian, maracujá melancia, jaca e manga para obter melhores lucros.
Baseado nas informações do vice-presidente da Vietnam Coffee and Cocoa Association e presidente do Intimex Group Do Ha Nam, a safra de café 2022-2023 deve cair para 1,47 milhão de toneladas ( 24,5 milhões de sacas ) devido a migração dos cafeicultores por outras culturas.
Sem notícias de queda de produção de mais de 5 milhões de sacas influenciado pelo clima ou algum tipo de doença e mantendo a mesma a produtividade de 42 sacas por hectare e com produção de de 24,5 milhões de sacas se conclui que a área de café do Vietnã sofreu uma forte redução devido ao chamado virus " frutas" de mais de 100 mil hectares ficando em 582 mil hectares
O durian foi a exportação de mais rápido crescimento para a China entre as frutas nos primeiros dois meses deste ano, subindo 291% em relação ao ano anterior, para US$ 56,9 milhões. Além disso, foi responsável por 83% das exportações de frutas. As exportações totais de frutas cresceram 7,7%, para US$ 377,4 milhões. Outras frutas cujas exportações cresceram fortemente foram melancia (alta de 98%), jaca (61%) e manga (14%), , segundo relatório da Agência de Comércio Exterior do Ministério da Indústria e Comércio.
Além da China, a UE também é um mercado com grande potencial, respondendo por 43% do mercado global de frutas e vegetais. O pacto comercial do bloco com o Vietnã, o Acordo de Livre Comércio UE-Vietnã (EVFTA), que retira até 94% dos impostos sobre frutas e vegetais - as alíquotas costumavam ser de 10 a 20% - permite que o Vietnã seja mais competitivo do que Tailândia e China.
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