Colômbia deverá ter que importar 5 milhões de sacas em 2023

Por José Roberto Marques da Costa

Os contratos de café arábica fecharam nesta sexta-feira em NY com os números da  Colômbia assustando o mercado logo no início do pregão, com a revelação da  queda de produção bem acima que o mercado esperava e com a provável continuação das chuvas nos próximos 90 dias, podendo fechar o ano de 2023 com safra em torno de 9 mihões de sacas. O inacreditável, o mais pessimista do mercado nunca imaginou que a Colômbia deverá ter que importar 5 milhões de sacas para cumprir seus compromisos em 2023.

Em dia agitado e com volume de 46.134 lotes, julho valoriza 5,10 cents fechando a 188,05 cents, maior nível desde 27 de abril, variando de 182,80 cents a 189,25 cents, ultrapassando duas resistências do dia em 185,50 cents e 188,05 cents, mas não tendo força para buscar a terceira em 190,05 cents.  Na semana, a alta foi de 2,10 cents, variando de 181,10 cents a 189,25 cents, com setembro fechando acima de 185,00 cents, bem acima da média dos últimos 200 dias em 182,60 cents. Os estoques certificados diminuíram 2.027 saca para 659.324 sacas, o menor nível em 5 meses. Na segunda-feira, os suportes do dia estão em 14,15 cents, 180,25 cents e 177,20 cents e as resistências em 190,60 cents, 193,15 cents e 197,05 cents.

A oferta de arábica continua apertada, já que a colheita do Brasil está apenas começando. Além disso, os comerciantes dizem que os agricultores estão encontrando café no chão após as fortes chuvas do mês passado e também as preocupações crescentes com a demanda de café.  Segundo a Fundação Procafé, depois de três grandes floradas, a maturação também está irregular, o que pode ser o grande desafio da safra atual. Com relação ao volume de produção, ainda é cedo para falar em números oficiais, mas a Fundação mantém a expectativa de recuperação na produção.

O relatório da CFTC divulgado hoje, referente a 02 de maio, mostra  queda suas posições líquidas compradas, neste período a variação de julho passou de 191,60 cents a 186,75 cents, queda de 4,85 cents. Pelos dados da Commodity Futures Trading Commission divulga referente ao dia 02, mostra que os fundos diminuíram em 2.653 lotes ( 13,4% ) suas posições liquidas compradas. Segundo os números apresentados, levando-se em consideração apenas as posições futuras os grandes fundos possuíam 17.201 posições líquidas compradas sendo 37.758 posições compradas e 20.557 posições vendidas, queda de 1.797 lotes nas posições compradas e alta de 856 nas posições vendidas. 

O preço do Indicador da Organização Internacional do Café sobe para 178,57 cents em abril, apoio por exportações descrescente, com queda de produção e aumento de consumo gerando  déficit estimado de 7,3 milhões de sacas no ano cafeeiro de 2022/23. "  A produção mundial de café caiu 1,4%, em relação ao ano anterior, para 168,5 milhões de sacas no ano cafeeiro de 2021/22; no entanto, espera-se uma recuperação de 1,7%, para 171,3 milhões de sacas em 2022/23.  O consumo mundial de café aumentou 4,2%, para 175,6 milhões de sacas no ano cafeeiro de 2021/22. Espera-se que aumento de 1,7%, para 178,5 milhões de sacas no ano cafeeiro de 2022/23.  Como resultado, espera-se que o mercado mundial de café sofra mais um ano de déficit, com um déficit estimado de 7,3 milhões de sacas no ano cafeeiro de 2022/23", diz o realtório.

Embarque de café verde em abril chega a 2,3 milhões de sacas, queda de 16,7% ante abril de 2022 e de 15,6% ante a março,  segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex).Somando o café solúvel, segundo a Cecafé, os embarques até quinta-feira ( 04)  referente a abril chegara a 2,660.723 sacas, queda de 14% ante a março.

O lucro líquido reportado pela rede de cafeterias Starbucks no segundo trimestre fiscal, encerrado em 2 de abril deste ano, totalizou US$ 908,3 milhões. O resultado ficou 34,7% acima do apurado no mesmo período de 2022. A receita líquida, por sua vez, cresceu 14,2%, atingindo US$ 8,7 bilhões ante o mesmo trimestre de 2022.

Na América do Norte, as vendas cresceram 17%, para US$ 6,3 bilhões, impulsionado por um aumento de 6%  somado a crescimento líquido de novas lojas próprias de 4% nos últimos 12 meses. No segundo trimestre fiscal a empresa abriu 464 novas lojas (resultado líquido), incluindo fechamentos na América do Norte e internacional como parte dos esforços contínuos para fortalecer o portfólio, encerrando o período com 36.634 lojas globalmente, sendo 51% operadas pela empresa e 49% licenciadas.

A chinesa Luckin Coffee registrou receitas crescentes no primeiro trimestre, juntamente com um crescimento robusto das lojas e fortes lucros no primeiro trimestre de 2023. Relatando seus resultados para os três meses encerrados em 31 de março de 2023, a Luckin Coffee disse que as receitas aumentaram 84,5% em relação ao ano anterior, atingindo US$ 646 milhões, um aumento atribuído a aumentos no número de produtos vendidos, lojas em operação e clientes de transações mensais. A rede de cafés abriu 1.137 lojas no período, incluindo suas duas primeiras lojas internacionais em Cingapura, e agora opera 9.351 locais, compreendendo 6.310 lojas próprias e 3.041 lojas parceiras.

 A illycaffè com sede em Trieste resistiu à volatilidade do mercado no primeiro trimestre para gerar um crescimento sólido nas vendas em seus principais mercados em todo o mundo, com a Itália, os EUA . As receitas totais da torrefadora de café cresceram 13,2% ano a ano durante o primeiro trimestre. O crescimento foi liderado por fortes desempenhos na Itália, onde as receitas cresceram 10,7% e nos EUA, que registraram um aumento de 27,7% em relação ao ano anterior.

"Café e La Niña, "relação tóxica" para produção de grãos que entrou em colapso", esta foi a manchete do site de econômia da Colômbia na manhã de hoje 

A Colômbia produziu 566 mil sacas de café em abril, uma queda de 25% em relação às 750 mil sacas ante a abril de 2022 e 29% a menos que as 799 mil sacas produzindas em março. Segundo informções da Federação Nacional dos Cafeicultores (FNC) a queda se deve ao "excesso de chuvas e menores níveis de adubação". "A redução da safra é explicada pelo aumento das chuvas na zona cafeeira, após três anos do fenômeno La Niña, ao qual se somam menores níveis de adubação devido aos altos preços deste importante insumo.

A FNC também observou que a Colômbia produziu 3,26 milhões de sacas nos primeiros quatro meses de 2023, queda de 6% em comparação com 3,46 milhões de sacas no mesmo período do ano passado, nos últimos doze meses a produção caiu 9%, para 10,9 milhões de sacas. No ano cafeeiro (outubro de 2022 a abril de 2023), a produção foi próxima a 6,2 milhões de sacas, queda de 11%.

A exportações em abril foram de 719 mil sacas, uma queda de 15%, neste ano, as exportações ficaram próximas a 3,4 milhões de sacas, 15% a menos. Nos últimos 12 meses, as exportações caíram 9%, para 10,8 milhões de sacas e no ano cafeeiro foram 6,2 milhões de sacas, 14% a menos que as quase 7,3 milhões de sacas embarcadas no mesmo período anterior,

 Devido ao La Niña que dura mais de 3 anos com chuvas anormais e que se deve prolongar até o mês de julho, refletindo mais quedas nos próximo 90 dias, os números verificados na Colômbia podem ser classificados como inacreditáveis. O país deve 'fechar' uma produção de em torno de 9 milhões de sacas em 2023. Com isso, os colombianos perderiam o posto de terceiro maior produtor mundial de café para a Indonésia. Com essa retração, o país, para cumprir seus contratos já fechados e mais o consumo interno deverá importar entre 4,5 e 5 milhões de sacas, sendo que cerca da metade desse volume deve vir do Brasil.

O quadro é apertado no contexto global, ainda mais levando-se em conta a diminuição da área plantada com café do maior produtor de mundial de conilon, o Vietnã, diante do aumento da rentabilidade para os produtores com a exportações de frutas para China, queda da produção da Indonésia devido ao clima. Somado a produção do Brasil e da Colômbia, representa um contexto pior do que já verificávamos em setembro passado, quando o terminal nova-iorquino gravitava em torno de 220 centavos de dólar por libra peso. Obedecendo a lei de "oferta e consumo", há espaço para uma recomposição, para cima, das cotações e como o mercado é soberado deverá encontrar um equilibro no meio e longo prazo.

A espectativa do mercado do conilon que fechou nesta sexta-feira nos maiores níveis em 12 anos com maio ultrapassando novamente o nível de 2.600 a tonelada, a dúvida do mercado está na real produção do Vietnã, a 60 dias atrás, o vice-presidente da Vietnam Coffee and Cocoa Association e presidente do Intimex Group estimou uma produção de 24,5 milhões de sacas e nesta semana segundo pesquisa da Bloomberg a produção será de 27,8 milhões de sacas.

Em um matéria da Bloomberg News, informa que  produção de café conilon do Vietnã provavelmente encolheu este ano para a menor em quatro anos, já que os agricultores se concentraram mais no cultivo de duriões e foram atraídos por um bom retorno financeiro. A safra caiu mais de 7% em relação ao ano anterior, para 1,67 milhão de toneladas ( 27,833 milhões de sacas ), segundo estimativa mediana de exportadores e traders em pesquisa da Bloomberg.

As expectativas de colheita diminuíram gradualmente à medida que a colheita avançava,  "A produção real foi menor do que as pessoas previam", disse Phan Hung Anh, executivo-chefe da exportadora Quang Minh Coffee Trading, na província vietnamita de Binh Duong, no sul.

 “Os produtores investiram menos em suas fazendas de café porque seus olhos estavam fixos no cultivo de duriões e outras frutas lucrativas.” Outro exportador de café, Le Duc Huy, diretor geral da Simexco Daklak, disse que a safra menor foi explicada por um ano de baixa no ciclo de produção da safra, aumentos nos custos de fertilizantes e uma rentabilidade em outras culturas desde o início do ano passado, que afastou alguns produtores.

Em matéria vinculada na Agnocafé no começo de março, Do Ha Nam, vice-presidente da Vietnam Coffee and Cocoa Association e presidente do Intimex Group, já alertava sobre a quebra da safra na safra 2022-2023, ele afirmou que a produção de café deve ficar 1,47 milhão de toneladas ( 24,5 milhões de sacas ). " A área de cultivo de café está diminuindo porque os cafeicultores passam a plantar outras árvores com maior eficiência econômica, como durian, abacateiro e maracuja consorciadas na horta", diz ele. 

Ótimo final de semana a todos

Comentarios

Inserir Comentário