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Forte escassez do robusta deve contaminar em breve o arábica


Por José Roberto Marques da Costa

Com o forte volume de 53.582 lotes, o maior da semana, julho teve queda de 2,75 cents fechando a 180,30 cents, variando de 179,05 cents a 187,80 cents, ultrapassando a primeira resistência 185,33 cents e segunda em 187,62 cents e rompendo o primeiro suporte em  180,13 cents. Na semana teve queda 1,30 cents, variando de 175,55 cents ( ontem) a 187,80 cents ( hoje). Os estoques de certificados diminuíram 935 sacas para 573.508 sacas, para o menor nível desde 28 de novembro de 2022.

Podemos dividir o pregão desta sexta-feira em duas partes distintas, antes de depois da divulgação do relatório de emprego do Departamento do Trabalho dos EUA. A primeira parte foi uma continuação da recuperação de começou na quarta-feira, apoiada em gráficos técnicos e na queda do Índice do Dólar (DXV) que chegou a 103,315 pontos, queda de mais de 0,10%, levando julho a romper duas resistência com a meta de buscar o nível acima de 190,00 cents.

Mas no meio do caminho teve relatório que mudou o rumo. O relatório de emprego do Departamento do Trabalho mostrou que a taxa de desemprego ficou em 3,7% em maio, contra uma previsão de 3,5%, enquanto o salário médio por hora avançou 0,3%, abaixo dos 0,4% de abril, destacando um arrefecimento na inflação salarial.

Depois da divulgação deste relatório, o dólar global começou a valorizar, e os contratos de café arábica e conilon começaram a perder força, não perdendo esta excelente oportunidade, os investidores começaram a uma realização de lucro, saindo da máxima  de 187,80 cents derrubando para mínima de 179,05 cents, gerando diferencial de 8,75 cents( muito investidores ganharam muito dinheiro ) e fechando acima de 180,00 cents. Nesta trajetória de valorização do dólar, o DXV chegou a 104,035 cents, alta de mais de 0,48%,

Apesar de vários fundamentos fortemente positivos que dão e devem dar sustentação ao mercado no meio e longo prazo, no curto prazo  quem domina o mercado são os especuladores e os contratos ficam dento de um intervalo de 175,00 cents a 190,00 cents, até começar as entradas das massas polares que podem trazer prejuízos aos cafezais no Brasil. Neste mês de junho são três frente frias.     

O mês de junho terá pelo menos três frentes frias relevantes que devem passar sobre o Brasil. Destas, dois sistemas têm potencial para causar queda acentuada de temperatura em grandes áreas do país, com perspectiva de geadas amplas e temperaturas negativas na região Sul.  A primeira das frentes frias de junho só deve chegar ao país entre os dias 10 e 15. Já a segunda frente fria deve passar pouco depois do solstício de inverno, que ocorre no dia 21 de junho. A terceira está prevista para o fim do mês.

O relatório da CFTC divulgado hoje, referente a 30 de maio, mostra  queda das posições líquidas compradas e aumento das posições vendidas dos grandes fundos , neste período a variação de julho passou de 187,45 cents a 177,10 cents, queda de 10,35 cents. Neste período,  os fundos diminuíram em 6.801 lotes ( - 45,96% ) suas posições liquidas compradas. Os grandes fundos possuíam 7.996 posições líquidas compradas, sendo 29.672 posições compradas e 21.676 posições vendidas, queda de 4.103 lotes de posições compradas e alta de 2.698 posições vendidas.  

Segundo dados são da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), as exportações brasileiras de café em grão em  maio de 2023 ficaram 2,351 milhões de sacas com receita chegando a US$ 537,031 milhões e preço médio de US$ 228,43 por saca. A receita média diária obtida com as exportações de café em grão em maio foi de 8,26% menor no comparativo com a média diária de maio de 2022.  Com os dados da Secex e mais os embarques de café solúvel, as exportações de maio deve ficar entre 2,550 a 2,600  milhões de sacas, queda de 8% ate a abril.

No artigo do conceituado analista de Commodities Andrew Hecht, ele descreve " Pode ser aquele investimento raro que está bem debaixo do seu nariz. Java, joe, suco de café, qualquer coisa. O café é a bebida mais popular do mundo depois da água e, de acordo com a National Coffee Association, é responsável por 1,6% do produto interno bruto total dos EUA. Não só a demanda não muda muito devido aos preços, como os suprimentos são ameaçados pelo aquecimento global e pelo clima extremo. As coisas podem ficar tensas no mercado de café

....Depois de cair para uma mínima de 14 anos em abril de 2019, a 86,35 centavos de dólar por libra, os futuros do café arábica explodiram para uma alta de 11 anos, a US$ 2,6045 por libra, em fevereiro de 2022. O ponto médio do movimento está em US$ 1,7340, e os futuros de café próximos foram corrigidos para US$ 1,4205 em janeiro de 2023, antes de se recuperar no ponto médio para o nível de US$ 1,8160 por libra em 26 de maio de 2023.

Enquanto os futuros do arábica caíram em relação à alta de vários anos em 2022, os futuros do robusta dispararam. A recuperação dos contratos futuros de café robusta que levou o preço a um novo pico em maio de 2023. O Vietnã reduziu sua área de cultivo de café, com os agricultores plantando mais maracujá e durião. Os problemas de oferta do café robusta se traduzem em aumento da demanda por grãos arábica e preços mais altos

A demanda de café não é altamente sensível aos preços do grão. Qualquer pessoa que frequenta a Starbucks ou outras cafeterias nos EUA e no mundo sabe que a margem de lucro de uma xícara de café é significativa, tornando o café inelástico aos aumentos de preço do grão. Além disso, o impacto estimulante do café no corpo humano é o motivo pelo qual os preços mais altos não farão com que os consumidores abram mão de sua dose diária de cafeína.

A produção brasileira de Arábica é crítica para o abastecimento mundial. Problemas climáticos podem causar perdas generalizadas nas safras e déficits na oferta de café. Além disso, as doenças fúngicas das culturas, como a podridão das raízes e a ferrugem das folhas, podem acabar com uma cultura inteira. A demanda inelástica e o potencial para doenças destruidoras de safras tornam os preços do café altamente voláteis.

Depois de cair de US$ 2,0645 no início de 2022 para US$ 1,4205 no início de 2023, os contratos futuros de café arábica da ICE nas proximidades consolidaram-se de US$ 1,70 para US$ 2,00 por libra. A queda para uma mínima de 14 anos e a alta para um pico de 11 anos fizeram com que o café fosse negociado em uma banda, principalmente acima do ponto médio da mínima de 2019 e da máxima de 2022. Embora o café provavelmente permaneça na faixa de negociação nas próximas semanas e meses, a escassez de robusta e os altos preços sugerem que a faixa de negociação acabará se resolvendo para cima.

O contrato do café robusta tiveram queda influencido pelos meso motivos do arábica, durante o pregão julho chegou a US$ 2.619/t e depos da valorização do DXV caiu para US$ 2.562/t com realizção de lucro de investidores.  O mercado continua muito nervoso devido a  forte escassez nos principais produtores de robusta, no Vietnã não tem estoques e com a próxima safra bem abaixo que os traders esperava devido a migração dos cafeicultores para outras culturas que tem mais lucratividade, depois da abertura em junho do ano passado, das exportações de frutas para China. No começo do mês de março a Agnocafé alertou sobre a intensa migração em áreas de café que poderia trazer problemas no mercado de robusta no curto e médio prazo e chamou de "virus fruts".

 Um trader do Vietnã disse que não só o país está quase sem estoque para exportar por enquanto, mas também espera que a produção caia na próxima temporada, já que os agricultores continuam a mudar para o cultivo de outras frutas. Traders da Indonésia, disseram que os exportadores locais estão lutando pelo fornecimento com as exportações de café Sumatra caíndo 46,7% nos últimos 12 meses.

Opniões de outros analistas

Segundo Eduardo Carvalhaes, ( que a Agnocafé parabeliza pelo seu  Boletim Semanal do Escritório Carvalhaes completa com a edição de hoje, 2 de junho de 2023, 90 anos de publicação ininterrupta )  os operadores no mercado de café continuaram apostando que a nova safra brasileira, com a colheita avançando mais rápido agora em junho, resolverá sozinha os problemas de abastecimento do mercado mundial de café. Ignoram em suas análises os indicadores que apontam um preocupante quadro de aperto entre produção e consumo global e estoques mundiais criticamente baixos.  " Informações sobre problemas na produção mundial de café continuam chegando ao mercado semana após semana. Os números sobre o consumo ao redor do mundo permanecem positivos e os estoques de café, tanto nos países produtores como nos consumidores são pequenos, bem abaixo dos números históricos", disse ele

Os preços caíram após um movimento de realização de lucros. Além disso, segundo Natália Gandolphi, analista de café Hedgepoint Global Markets, o mercado ainda pode ser impactado pelo projeto que suspendeu o teto da dívida dos Estados Unidos. “A medida limita os gastos nos próximos dois anos, o que pode se tornar um ponto neutro ou de baixa para as commodities”, diz Gandolphi.

A analista lembra ainda que há uma preocupação com o clima no Brasil neste momento de colheita. "É esperada uma queda de temperaturas na próxima semana, mas não em níveis que trariam risco de geada.” Na próxima semana, Gandolphi acredita que os preços devem responder a importantes dados econômicos da China, EUA e Europa, além dos números da inflação no Brasil. “Todos esses dados têm potencial de movimentar o índice do dólar e, consequentemente, os preços do café. Os indicadores macro ainda podem direcionar os preços no curto prazo”, finaliza a analista.

De acordo com o analista de Mercado e diretor da Pharos Consultoria, Haroldo Bonfá,  a queda foi a previsão de que teremos nos próximos dez dias tempo seco, agilizando, com isso, a colheita que já está em andamento, tanto do conilon, que está bem adiantada, quanto do arábica, que também está em nível adiantado.

O cenário internacional, com previsão de aumento de empregos nos Estados Unidos e a decisão de negociação de dívidas do país acaba trazendo mais dinheiro ao bolso do consumidor internacional e, assim, o apetite pela compra de cafés de melhor qualidade, na opinião de Bonfá. “É verão no Hemisfério Norte e as pessoas estão saindo e aumentando o consumo de café fora de casa, o que é excelente para o comércio”.

Contudo, o analista destaca que os volumes brasileiros exportados não estão suficientes porque o exterior não possui estoques tão grandes quanto se supunha, o que pressiona os preços para cima. “A Secex acaba de divulgar o número de embarques de maio, indicando, aproximadamente, 2,5 milhões de sacas, número muito aquém do que normalmente se exporta no mês de maio, segundo o Cecafé. Então temos uma oferta limitada de café pressionando novamente o mercado internacional para o alívio do mercado interno”.

Ótimo final de Semana

Comentarios

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Data: 03/06/2023 08:07 Nome do Usuário: Honorato magalhaes
Comentário: Eu mesmo sou um deles de plantar graus o meu vizinho vive me oferecendo a fazenda para mim comprar e olha que é uma bela fazenda
Data: 03/06/2023 01:04 Nome do Usuário: Leonardo
Comentário: Hoje vejo que o produtor de cafe não tem sucessor, e o trabalhador rural incentiva os filhos a procurar trabalho nas cidades, vão ganhar mais e sofrer menos. Essa é a realidade; adeus cafeicultura!!!
Data: 03/06/2023 00:14 Nome do Usuário: Wellington
Comentário: Se o produtor brasileiro,desanimar com os preços do café e começar a migrar outras culturas, quero ver como fica? Não está longe de quem tem terras planas tomar esta decisão.
Contrato Cotação Variação
Julho 204,20 - 2,40
Setembro 203,00 - 2,45
Dezembro 202,00 - 2,50
Contrato Cotação Variação
Julho 3.499 - 19
Setembro 3.436 - 21
Novembro 3.364 - 16
Contrato Cotação Variação
Julho 257,80 0
Setembro 248,75 + 0,20
Dezembro 246,45 0
Contrato Cotação Variação
Dólar 5,1270 + 0,48
Euro 5,5660 + 0,32
Ptax 5,1157 0
  • Varginha
    Descrição Valor
    Duro/riado/rio R$ 1090,00
    Moka R$ 1280,00
    Safra 23/24 20% R$ 1230,00
    Peneira 15/16 R$ 1300,00
  • Três Pontas
    Descrição Valor
    Duro/riado/rio R$ 1100,00
    Peneira 17/18 R$ 1340,00
    Safra 23/24 15% R$ 1240,00
    Safra 23/24 25% R$ 1210,00
  • Franca
    Descrição Valor
    Duro/Riado 15% R$ 1140,00
    Cereja 20% R$ 1260,00
    Safra 23/24 15% R$ 1240,00
    Safra 23/24 25% R$ 1220,00
  • Patrocínio
    Descrição Valor
    Safra 23/24 15% R$ 1240,00
    Safra 23/24 25% R$ 1220,00
    Peneira 17/18 R$ 1340,00
    Variação R$ 1270,00
  • Garça
    Descrição Valor
    Duro/Riado 30% R$ 1120,00
    Escolha kg/apro R$ 15,70
    Safra 23/24 20% R$ 1230,00
    Safra 23/24 30% R$ 1210,00
  • Guaxupé
    Descrição Valor
    Duro/riado 25% R$ 1140,00
    Rio com 20% R$ 1070,00
    Safra 23/24 15% R$ 1240,00
    Safra 23/24 25% R$ 1220,00
  • Indicadores
    Descrição Valor
    Agnocafé 23/24 R$ 1240,00
    Conilon/Vietnã R$ 1210,00
    Cepea Arábica R$ 1155,64
    Cepea Conilon R$ 977,21
  • Linhares
    Descrição Valor
    Conilon T. 6 R$ 990,00
    Conilon T. 7 R$ 980,00
    Conilon T. 7/8 R$ 970,00