Preço do café na Colômbia não para de cair e está nos níveis de 2021
Os produtores de café da Colômbia estão 'suando frio', já que tanto a cotação doméstica quanto a da Bolsa de Nova York estariam abaixo dos patamares próximos da retomada dos investimentos.
Nesta sexta-feira, 23 de junho, de acordo com a Federação dos Cafeicultores, uma carga de café, pesando 125 quilos, foi cotada a 1.438.000 pesos ( R$ 760,00 ) no mercado local, enquanto chegou a uma espécie de minibonança, voltando a cerca de 2.400.000 pesos ( R$ 1.280,00).
Na Bolsa de Valores de Nova York não é diferente. Embora em algumas ocasiões os cafeicultores tenham dito que manter o preço da libra no mercado internacional, acima de 2 dólares, seria a única coisa que dariam para cobrir os custos de produção e ter alguma margem de rentabilidade. Nesta sexta-feira, na bolsa de Nova York, a libra do café foi paga a apenas 1,65 dólar.
Além disso, o dólar também está negociando em baixa e, nesta sexta-feira, foi negociado em patamares de 4.188 pesos ( R$ 4,6068), o que comprime ainda mais a renda das mais de 450 mil famílias cafeicultoras do país. Pelo menos 95% do café produzido no país é para exportação, por isso, até agora, os cafeicultores vinham se beneficiando, tanto com o preço quanto com o câmbio.
Em entrevista recente à revista SEMANA, o gerente da Federação, Germán Bahamón, afirmou que estava ocorrendo uma correção do mercado. O importante é que o custo dos insumos também entre nessa tendência de queda de preços, para que as cargas sejam balanceadas.
Claro, parece não haver como a renda dos cafeicultores ser comparável à que obtiveram em 2022. De fato, o preço registrado pelo café colombiano no mercado local, na quinta-feira, 22 de junho, que, no entanto, foi ligeiramente superior ao de sexta-feira, não era realizado desde 15 de julho de 2021, ou seja, no momento mais agressivo da crise sanitária e econômica que o mundo travou recentemente.
Como serão os concorrentes?
O horizonte da cafeicultura colombiana requer atenção. O Brasil, principal produtor mundial, é uma espécie de termômetro do que pode acontecer em outros países. Se colocassem muito café no mercado global, o preço cairia, pela oferta.
Na verdade, aquela minibonanza que o cafeicultor colombiano experimentou nos meses anteriores veio daquele período ruim que o Brasil passou, com um forte flagelo de secas e geadas.
No entanto, até 2024 as perspectivas podem ser diferentes para os brasileiros. No momento difícil, eles se prepararam, com a renovação de 400.000 hectares de café, algo que não foi feito na Colômbia. Com cafezais renovados, abastecerão as safras de 2023 e 2024.
Claro, não se pode perder de vista que uma das apostas do novo dirigente da Federação dos Cafeicultores é participar mais da cadeia de valor do café, o que implica que a cafeicultura não deve depender apenas da venda do grão, mas da produção e comercialização de outros produtos à base de café.
O futuro
As previsões com o preço do café não são nada otimistas. Não se desviará do caminho reducionista, pelo menos nos próximos dias, preveem os analistas. Principalmente, na Bolsa de Valores de Nova York, que, de certa forma, também bate o preço interno. Isso, em um contexto em que o mundo aumenta o consumo de café, mas a produção, como no caso da Colômbia, não sobe tanto.
Uma vez que a situação dos cafeicultores foi classificada como 'extremamente grave', a Dignidad Cafetera convocou os cafeicultores para sábado, 24 de junho, para que encontrem soluções para a situação iminente com o preço interno do grão.
Argumentaram que também é “muito preocupante a inexistência de uma relação institucional e o desconhecimento de como está sendo gerido o Fundo Nacional do Café e sua relação com as cooperativas de cafeicultores”.
Segundo o porta-voz da Dignidade Cafetera, “todos esses fatos nos dizem que devemos tomar a iniciativa e convocar esta reunião que esperamos que conte com a presença de cafeicultores que queiram se posicionar sobre o que está sendo vivido e o que pode ser ainda pior. "