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Café arábica ainda continua em canal de baixa


Por José Roberto Marques da Costa

Os contratos de café arábica em NY fecharam em queda nesta sexta-feira dentro de uma canal tecnicamente de baixa que começou no dia 12 quando setembro não teve força para continuar operando acima da importante resistência de 193,00 cents e com os investidores começaram a liquidar suas posições procurando um novo suporte, ignorando vários fundamentos importantes, inclusive o déficits de 12 milhões de sacas nos próximos meses. 

Além da variação diária desta semana se manter dentro do patrão de 550 pontos,  a perda da semana foi de 5,85 cents, no período entre dia 12 e hoje foi de 31,65 cents e tendo variação de 38,35 cents em junho de 158,25 cents ( 30 ) a 196,60 cents ( 9 ). Os estoques de certificados díminuíram 904 sacas nesta sexta-feira para 544.915 sacas e no mês de junho caíram 47.710 sacas.

Em mercado totalmente técnico sem influencia de fundamentos mostrando sinais de fortemente sobrevendido,   volume de negócios hoje atingiu 32.708 lotes, setembro teve queda de 2,60 cents fechando a US$ 159,00 cents, variando de 158,25 cents ( menor nível desde 25 de janeiro) a 163,50 cents, rompendo o primeiros suporte do dia em 158,47 cents, não teve força para buscar o segundo suporte em 155,33 cents.

Nos últimos 15 dias a performance dos contratos arábica em NY foi totalmente técnica dentro de um canal de baixa que teve início no dia 12 quando setembro não se manteve acima de 193,00 cents, nos últimos 14 pregões a performance está se repetindo, na primeira parte faz a máxima do dia e com ajuda de gráficos técnicos reverte e começa a operar em queda fechando próximo a mínima na grande maioria dos pregões. Nos últimos três pregões foi constante a variação do dia em torno de 5,50 cents, na quarta foi 5,85 cents, quinta chegou  a 5,55 cents e hoje foi 5,25 cents, sempre rompendo o primeiro suporte do dia e não ultrapassando o segundo.

Na análise de ontem comentei que a performance técnica o pregão de sexta-feira que seria o último  pregão do semestre, poderia buscar o nível de 155,50 cents, (segundo suporte está em 155,33 cents), voltando aos níveis da terceira de janeiro com variação de 5,80 cents. Mesmo com Londres derretendo mais de US$ 90 por tonelada, setembro rompeu o primeiro suporte por alguns minutos, voltando a operar acima até o final do pregão é um sinal positivo dentro de contexto totalmente negativo. Outro sinal positivo foi que foi o repeteco da máxima na quinta 163,30 cents e na sexta 163,50 cents.

"O mercado se mostra amplamente pressionado e verificamos o rompimento, até com uma facilidade mais considerável, do patamar de 160,00 cents. O terminal continua a ignorar notícias efetivas, como a disponibilidade curta de café e a quebra de diversas origens relevantes, e as perdas vão sendo colecionadas. O cenário é de sobrevenda e correções devem ser necessárias", disse um trader.

Segundo Eduardo Carvalhaes, sem previsão de frio forte para as próximas semanas, e, como é natural, com a colheita deslanchando neste final de junho, fundos e especuladores diminuem suas posições em Nova Iorque e Londres, derrubando as cotações. As cotações nas duas bolsas também estão sendo pressionadas por estimativas da safra brasileira de café, lançadas no mercado por analistas e entidades privadas, que falam em produção brasileira em 2023 de até 66 milhões de sacas.

" No mercado físico Brasileiro, os compradores diminuíram o valor de suas ofertas ao longo da semana, acompanhando o recuo das cotações em Nova Iorque e em Londres. Mais uma vez, o mercado físico brasileiro permaneceu quieto. A grande maioria dos produtores se recusa a vender nas bases aviltadas oferecidas pelo mercado. Os poucos negócios fechados foram de produtores que precisam fazer caixa rapidamente para enfrentar as despesas de colheita, mas o volume foi irrisório para esta época de entrada de safra. O volume de café da safra 2022 ainda em mãos de produtores é baixo. Os estoques de passagem da safra brasileira 2022 serão, com certeza, os menores em muitas dezenas de anos. Os estoques mundiais também estão historicamente baixos", acrescentou ele.

 O Rabobank elevou sua previsão de déficit de café em 2022/23 para  6,4 milhões de sacas devido a um corte na produção de café de 2022/23 em 3,6 milhões de sacas, para 164 milhões de sacas. O corte de produção foi causado principalmente quebra na produção no Brasil e na Colômbia. A diferença entre a estimativa de produção da USDA e Rabobank ultrapassa 10 milhões de sacas pela primeira vez na história. A USDA na quinta-feira que a produção  deve crescer 4,3 milhões de sacas de 2022/23 para 174,3 milhões de sacas, à medida que a maior produção no Brasil e no Vietnã compensa uma queda na Indonésia.

Apesar da forte pressão dos traders tentando manter o nível abaixo de 160,00 cents e buscar a mínina do ano abaixo de 145,00 cents devido à entrada da safra brasileira, acredito que poderemos ter nos próximos pregões uma mudança radical dos contratos futuros de café arábica em Nova Iorque, com os fundamentos técnicos ganhando peso com os dados do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) da semana passada sobre os números da razão estoques/uso e hoje com o Citi recomendando a compra do arábica e a venda do robusta

No último relatório do USDA, foram apontados  os números de razão estoque/uso, com a perspectiva de uma manutenção da razão E/U em 19%, o menor nível dos últimos 12 anos, desde a safra 2011/2012, quando o mercado atingiu máximas históricas de 300 cents. Na semana passada tivemos a máxima histórica do robusta.

Na quinta-feira, a Reuters informou que braço de pesquisa do banco Citi aconselhou os investidores a explorar uma negociação long-short com futuros de café na Intercontinental Exchange (ICE), que inclui a compra de café arábica e a venda de café robusta. Os analistas de commodities do Citi veem uma oportunidade de ganhos em uma estratégia de compra do contrato de arábica de dezembro de 2023 e venda da posição de robusta de janeiro de 2024, estabelecendo 19 de dezembro como a data de vencimento para esta negociação.

O banco disse em nota que o spread entre o arábica e o robusta tem caído de forma constante, já que os preços do robusta atingiram uma alta histórica neste mês devido à escassez de oferta e à perspectiva de que o padrão climático El Niño prejudique a produção na Ásia. "Atualmente em US$ 0,35/lb, e muito próximo de um suporte histórico significativo de cerca de US$ 0,22 a US$ 0,25/lb, isso pode representar uma boa oportunidade de ponto de entrada", disse o banco, observando que o spread atingiu um recorde de US$ 1,55 em fevereiro de 2022 quando os contratos de arábica estavam operando acima de 2,60 cents. O Citi disse que os preços do arábica e do robusta tiveram uma correlação de 75% nos últimos 10 anos, que caiu para -36% no mês passado. Acrescentou que um risco potencial uma liquidação adicional de futuros de arábica por fundos.

O relatório da CFTC referente a 27 de junho do período de  queda de 9,15 cents, passando de 176,10 cents a 166,95 cents,  mostra que os fundos inverteram suas posições de líquidas compradas para vendidas. Segundo os números apresentados, os grandes fundos possuíam 3.939 posições líquidas vendidas, sendo 24.224 posições compradas e 28.163 posições vendidas), queda de 6.600 posições compradas e alta de 8.030 posições vendidas.   

Os produtores de café arábica para se preparem para uma queda bem acentuada de rendimento depois do benefício do café. Segundo as informações de várias regiões produtoras de café a queda deve ficar entre 15% a 20% de café arábica. Além da queda que começou aparecer depois dos primeiros beneficiamento. Depois de várias semanas da colheita, a  porcentagem de café verde continua grande que deve comprometer a qualidade do produto.

Preço interno teve forte queda neste mês de junho

O  indicador de café do arábica da safra 21/22 da Agnocafé com 15% cata fica em R$ 850,00, queda de 1,16% (- R$ 10,00 )  nesta quinta-feira ( 30/06 ) e café novíssimo a R$ 840,00. No mês teve queda de R$ 135,00, durante o ano 2023 teve queda de R$ 125,00 e em dólar fica em US$ 177,45

O indicador de café arábica do Cepea/Esalq, referente a sexta-feira, 30 de junho ficou em R$ 825,59, queda de 0,55% (-  R$ 4,54 ). No mês, fica com queda de 16,76% (- R$ 165,46), no ano a queda chega a R$ 226,43 e em dólar fica em US$ 172,25.

O indicador de café conilon  do Cepea/Esalq, referente a sexta-feira, 30 de junho ficou em R$ 644,31, queda de 1,97% ( - R$ 12,95 ). No mês a fica em queda de 8,04% ( - R$ 56,33 ) e no ano o acumulado fica com queda de R$ 40,39. Em dólar fica em US$ 134,43. 

Café robusta teve forte variação de US$ 342 em junho

Com volume de 23.760 lotes nos contratos de café robusta em Londres, setembro fecha o menor nível em do mês, variando  US$ 2.478/t a US$ 2.590/t com perda em junho de US$ 65 em junho, variando US$ 342,  de US$ 2.491/t ( 30 ) a US$ 2.833/t ( 19).

Os contratos de robusta tiveram forte  pressão de liquidação já que as posições compradas líquidas permanecem altas. O relatório Commitment of Traders de hoje mostrou que os fundos na semana encerrada em 27 de junho reduziram sua posição líquida compradas nos contratos futuros de café robusta da ICE em 1.103 lotes  para 46.912, mas isso foi um pouco abaixo da alta de 1 ano e meio da semana anterior de 48.015 lotes.

O comércio de café no Vietnã continua travado já que os mercados foram atingidos devido à escassez de grãos por meses. " O preço permaneceu alto e nenhum acordo de exportação foi fechado nas últimas semanas, apenas algumas pequenas compras de torrefadoras locais" disse ele. Apesar do mercado interno está parado, o escritório Geral de Estatísticas do Vietnã traz notícias de que as exportações de café do Vietnã  diminuíram somente 2,2% no primeiro semestre de 2023 em relação ao ano anterior, para 1,02 milhão de toneladas, o equivalente a 17 milhões de sacas e seus embarques de café em junho são estimados em 150 mil toneladas ( 2,5 milhões de sacas ).

Ótimo final de semana

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