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Por Marcelo Fraga Moreira

A inflação no hemisfério norte segue resiliente, obrigando os principais bancos centrais a manterem suas políticas restritivas. Nessa semana o banco central inglês (BOE) elevou a taxa de juros para +5,25% ao ano: “O Banco da Inglaterra – BoE – decidiu manter a taxa básica de juros em 5,25% na reunião de hoje, com objetivo de levar a inflação de volta para a meta de 2%. Dessa forma, a taxa segue no maior nível desde fevereiro de 2008. Segundo o Comitê de Política Monetária do BoE, cinco dirigentes votaram a favor da manutenção da taxa, enquanto quatro optaram por elevá-la em 0,25 ponto percentual (p.p.), para 5,50% como, também era esperado por uma parcela relevante do mercado. No comunicado, o banco central inglês destacou que continuará monitorando de perto as indicações de pressões inflacionistas persistentes e de resiliência na economia como um todo, incluindo a rigidez das condições do mercado de trabalho e o comportamento do crescimento dos salários e da inflação dos preços dos serviços. A política monetária terá de ser suficientemente restritiva durante um período suficiente para que a inflação regresse ao objetivo de 2% de forma sustentável no médio prazo, disse o BoE”.

O Banco Central Europeu (BCE) “elevou a sua taxa de juros de referência (taxa de depósito) em 0,25 ponto percentual, para sua máxima histórica, optando por prosseguir combatendo a inflação persistente, apesar das preocupações com a possibilidade de a economia entrar em recessão na zona do euro. O aumento da taxa, o décimo consecutivo, elevou os juros básicos para 4% ao ano. O BCE sinalizou que pode ter aumentado as taxas o suficiente para devolver a inflação à meta de 2%, embora não tenha descartado novos aumentos. A taxa de empréstimos foi elevada para 4,75% e a de refinanciamento subiu para 4,5% ao ano. Segundo a instituição, “as futuras decisões assegurarão que as taxas de juros sejam fixadas em níveis suficientemente restritivos, durante o tempo que for necessário”.

Já o FED decidiu pela manutenção dos juros no mesmo “intervalo entre 5,25% a 5,50% ao ano, o maior registrado desde 2001. E sinalizou que poderá praticar novo aumento até o final do ano de 2023 e manter as taxas elevadas até o segundo semestre de 2024.

 Apesar da China continuar sinalizando novos estímulos para reanimar sua economia, por outro lado a Rússia anunciou nova restrição na exportação de diesel e petróleo para controlar os preços internos. Mesmo com o aumento das taxas de juros o petróleo encerrou a semana novamente acima dos +90 US$/barril (tipo “wti” @ +90,33 US$/barril e tipo “brent” @ +93,83 US$/barril).

As notícias “positivas” acima voltaram a derrubar os preços do café.

 A semana começou positiva com os “fundos + especuladores” ainda “cobrindo” posições vendidas. Nos 2 primeiros dias da semana o Dez-23 chegou a subir +535 pontos negociando na máxima do período @ +164,50 centavos de dólar por libra-peso. Segundo o CFTC os “fundos + especuladores” compraram no intervalo de apuração +9.420 lotes e estão agora “vendidos” em -14.7627 lotes.    

 A partir da quarta-feira, mesmo com a confirmação da onda de calor que está castigando o Brasil nos últimos dias, o “mercado virou a mão” tendo como justificativa a publicação da última revisão da safra brasileira 23/24 pela Conab (na quarta-feira pela manhã) e em seguida com o anúncio da decisão do FED.

 Nos três últimos dias da semana o Dez-23 caiu respectivamente -235 / -335 / -370 pontos por dia, encerrando a semana @ +151,15 centavos de dólar por libra-peso (negociando na mínima da semana @ +150,05 centavos de dólar por libra-peso)!

 A Conab publicou o fechamento da safra 23/24 com +54,36 milhões de sacas sendo +38,16 milhões de sacas para o café tipo arábica e +16,20 milhões de sacas para o café tipo robusta.

Área em produção estimada em +1,88 milhões hectares e área em formação em +362,50 mil hectares – uma redução em -9,3% (com reflexos já na próxima safra 24/25)!

Aparentemente o “mercado” não leu direito os números da Conab pois os números acima indicam uma REDUÇÃO em -380 mil sacas em comparação ao 2º levantamento de Café divulgado no dia 19 de maio-23 pela Conab: “De acordo com o Boletim do 2º levantamento de Café, divulgado no dia 19 de maio pela Conab, a produção brasileira na safra 2023 apresentou perspectiva de crescimento de 7,5% em relação ao ciclo passado, com uma colheita estimada em 54,74 milhões de sacas beneficiadas contra 50,92 milhões de sacas em 2022”.

Segundo os dados preliminares da Cecafé a exportação para o mês de set-23 deverá ficar entre +2,80 / +3,00 milhões de sacas! Uma redução entre -18% / -22% comparado ao mês de ago-23! O “mercado” continua apostando na “oferta tranquila” do produto brasileiro até a próxima “safra recorde” brasileira 24/25, com o Brasil exportando +44 milhões de sacas entre julho-23/junho-24. E com uma oferta tranquila da América Central e Vietnam + Indonésia a partir dos próximos meses. Será?

 A onda de calor nas principais regiões produtoras deverá continuar pelos próximos dias preocupando muitos produtores. A próxima safra 24/25 vai mesmo ser recorde?

Como vimos nessa semana o “mercado” continua “soberano”. Os “fundos + algoritmos + especuladores” tem o “poder” (dinheiro) para “jogar” os preços pra cima ou para baixo com base nas suas análises / programas. Porém, no final, os preços irão convergir para os fundamentos! Isso poderá levar 3-6-12-18 meses! No “meio do caminho” esses movimentos especulativos irão “quebrar/machucar” aqueles que estão no mercado “especulando”, tomando posições contrarias às politicas de hedge! Muito cuidado para “você produtor” não estar no meio do caminho, apenas “olhando”, “torcendo”, “fazendo a dança da chuva rezando por preços melhores”!

Nessa semana, com a queda dos últimos dias, o mercado interno voltou a negociar abaixo dos +800 R$/saca para entregas “spot” com entregas entre outubro/novembro-23. E, para a próxima safra 24/25 os preços indicativos voltaram a ficar abaixo dos +850 R$/saca!

 Continuo positivo no curto/médio prazo. Continuo acreditando na safra 23/24 entre +55 /+60 milhões de sacas e com uma exportação brasileira entre +36/+38 milhões de sacas!

Para a próxima safra 24/25 ainda é muito cedo para qualquer “projeção/chute” com relação ao “tamanho da safra brasileira”. Após a “florada maravilhosa” dos últimos dias, como será o pegamento / o desenvolvimento dos frutos, as chuvas, o próximo período do inverno junho-ago-24? Para onde irá o preço dos insumos, petróleo, inflação, mão de obra, câmbio?

 A primavera começou e as próximas semanas/meses prometem muitas emoções!

Sugestão? Protejam-se!

 Produtor: Aproveite para fixar preços para a próxima safra 24/25 acima do “seu custo de produção” comprando opções de compra “call*” como seguro e participação em eventual alta para mitigar eventual quebra na sua safra, problemas climáticos, explosão nos preços. Ou, apenas comprando uma opção de venda “put*” garantindo o seu “custo de produção” e aguarde o mercado reagir!

Para a indústria: muita atenção, pois “para baixo” o mercado poderá vir… até onde? +600/+650 R$/saca? E para cima? Será que iremos ver novamente preços acima dos +1.500/+1.700 R$/saca?  

 É na semana q vem! A Archer Consulting está lançando o Curso Essencial PLUS em Commodities Agrícolas Online. Vai ocorrer nos dias 26 (terça), 27 (quarta) e 28 (quinta) de setembro, e 03 (terça), 04 (quarta) e 05 (quinta) de outubro das 16:00 às 18:30 horas via plataforma Zoom. Para mais informações e o programa completo contate priscilla@archerconsulting.com.br

Boa semana a todos!

 *Marcelo Fraga Moreira é um profissional há mais de 30 anos atuando no mercado de commodities agrícolas, escreve este relatório sobre café semanalmente como colaborador da Archer Consulting.

Comentarios

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Data: 24/09/2023 23:14 Nome do Usuário: Leonardo
Comentário: Como disse o Marcelo Fraga os fundos tem poder e dinheiro p/liquidar os produtores q na grande maioria estão endividados e descapitalizados.É uma covardia contra o cafeicultor.POBRES PRODUTORES !!!!!
Data: 24/09/2023 18:48 Nome do Usuário: Honorato
Comentário: É isso aí Carlos se não parar de aumentar área estamos mortos eu tenho uma lavoura a vinte anos sempre a mesma área
Data: 24/09/2023 18:38 Nome do Usuário: carlos
Comentário: cafe tem. porem o que vai fazer a diferença é quando produtor acordar e começar a reduzir suas áreas ... e SAIR DA MÃO DOS COMERCIANTES E AGRÔNOMOS ((VENDEDORES)) CORTAR CUSTO E TAMBEM PRODUÇÃO
Data: 24/09/2023 13:01 Nome do Usuário: Sandro
Comentário: Geada pega algumas lavouras, pedra também, mas as altas temperaturas e a seca prolongada já comprometeram as lavouras em geral.
Contrato Cotação Variação
Julho 206,60 + 8,70
Setembro 205,45 + 8,50
Dezembro 204,50 + 8,45
Contrato Cotação Variação
Julho 3.518 + 98
Setembro 3.453 + 97
Novembro 3.380 + 92
Contrato Cotação Variação
Julho 257,80 +11,50
Setembro 250,00 +10,40
Dezembro 246,45 + 9,30
Contrato Cotação Variação
Dólar 5,1020 - 0,55
Euro 5,5470 - 0,49
Ptax 5,1157 - 0,22
  • Varginha
    Descrição Valor
    Duro/riado/rio R$ 1090,00
    Moka R$ 1280,00
    Safra 23/24 20% R$ 1230,00
    Peneira 15/16 R$ 1300,00
  • Três Pontas
    Descrição Valor
    Duro/riado/rio R$ 1100,00
    Peneira 17/18 R$ 1340,00
    Safra 23/24 15% R$ 1240,00
    Safra 23/24 25% R$ 1210,00
  • Franca
    Descrição Valor
    Duro/Riado 15% R$ 1140,00
    Cereja 20% R$ 1260,00
    Safra 23/24 15% R$ 1240,00
    Safra 23/24 25% R$ 1220,00
  • Patrocínio
    Descrição Valor
    Safra 23/24 15% R$ 1240,00
    Safra 23/24 25% R$ 1220,00
    Peneira 17/18 R$ 1340,00
    Variação R$ 1270,00
  • Garça
    Descrição Valor
    Duro/Riado 30% R$ 1120,00
    Escolha kg/apro R$ 15,70
    Safra 23/24 20% R$ 1230,00
    Safra 23/24 30% R$ 1210,00
  • Guaxupé
    Descrição Valor
    Duro/riado 25% R$ 1140,00
    Rio com 20% R$ 1070,00
    Safra 23/24 15% R$ 1240,00
    Safra 23/24 25% R$ 1220,00
  • Indicadores
    Descrição Valor
    Agnocafé 23/24 R$ 1240,00
    Conilon/Vietnã R$ 1210,00
    Cepea Arábica R$ 1155,64
    Cepea Conilon R$ 977,21
  • Linhares
    Descrição Valor
    Conilon T. 6 R$ 990,00
    Conilon T. 7 R$ 980,00
    Conilon T. 7/8 R$ 970,00