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Fraca demanda por Treasuries foi a "cereja do bolo" do mercado de café


Por José Roberto Marques da Costa

O pregão desta sexta-feira de contratos futuros de café arábica foi agitado e muito nervoso em Nova Iorque, com a mudança radical dos grandes investidores, influenciados pelo inesperado enfraquecimento de demanda por Treasuries (título do tesouro dos Estados Unidos), que foi a "cereja do bolo" do mercado, tendo a ajuda pelo comentário de tom "dovish" (sem peso para ampliação de taxas de juros).

A perspectiva de não aumento de juros do presidente do Federal Reserve (Fed) da Filadélfia, Patrick Harker, levou dezembro a ultrapassar o importante nível técnico de 155,00 cents, retornando aos patamares de 22 dias atrás e podendo buscar novamente o intervalo de 160,00 cents a 165,00 na próxima semana e maiores níveis no meio prazo.

A fraca demanda pelo leilão de US$ 20 bilhões de títulos governamentais dos Estados Unidos de 30 anos ocorrido na quinta foi a "cereja do bolo" de uma semana bastante fraca na procura por Treasuries, na avaliação do analista-chefe de mercados da Oxford Economics, John Canavan.  

"Seguindo o leilão mal recebido de notas de três anos na terça-feira e a decepcionante reabertura de notas de dez anos de ontem, a semana terminou com um leilão ainda pior de títulos de 30 anos, com a menor cobertura de oferta desde março”, disse ele em entrevista ao jornal Valor Econômico.

Os comentários de Harker alimentaram as expectativas de que o Fed não subirá mais os juros neste ciclo, o que tende a favorecer as commodities à medida que pressiona as taxas dos Treasuries para baixo. Os altos rendimentos dos Treasuries e juros do Fed, bem como o fortalecimento do dólar, pesaram sobre o café recentemente, algo que deve se estender em 2024, já que a política monetária do banco central americano seguirá restritiva.

Com forte volume de 66.711 lotes, a posição dezembro teve alta de 5,60 cents (3,75%), fechando a 154,90 cents, variando de 149,20 cents a 155,65 cents (maior nível dos últimos 15 pregões), ultrapassando as três resistências do dia, 150,45 cents, 151,60 cents e 153,30 cents, acumulando alta de 8,85 cents com forte volatilidade de 11,90 cents (8,3%). Os estoques de certificados diminuíram 7.229 sacas para 440.773 sacas e na semana caíram 1.449 sacas

Pela performance dos últimos três pregões, os contratos de café arábica em Nova Iorque começaram a retornar aos níveis das últimas três semanas, quando iniciou a sua última trajetória de queda. No dia 19 de setembro, dezembro fechou a 160,95 cents e teve máxima de 164,50 cents, quando foram acionados stops de vendas de investidores, devido a altas dos juros de Treasuries, chegando na última terça-feira à mínima de seis meses em 143,70 cents, próximo a mínima do ano em 142,05 cents no dia 11 de janeiro, quando começam a aparecer, no meio do pregão, os resultados bem abaixo  do esperado do leilão de Treasuries, quando começaram a ser selecionados para o setor de compras de grandes investidores 

 A forte cobertura dos grandes investidores fez dezembro sair de 143,70 cents e chegar 155,60 cents, retornando ao nível do dia 22 de setembro quando a máxima chegou a 155,70 cents. Caso a Fed não fizer algum comentário de novas possíveis altas de juros e a procura pelos Treasuries continuar caindo, dezembro deve começar operar na próxima semana acima de 160,00 cents e buscar o nível de 19 de setembro, quando chegou a 164,50 cents. Naquela oportunidade teve início nova tendência de queda, devido a alta dos juros dos Treasuries. O início da tendência de queda dos contratos futuros do café arábica começaram no dia 20 de junho quando operava entre 180,00 cents a 182,00 cents  Na segunda-feira da próxima semana, os três suporte técnicos estão em 150,85 cents, 146,80 cents e 144,40 cents e as três resistências em 157,30 cents, 159,70 cents e 163,75 cents.

O relatório da CFTC divulgado nesta sexta-feira, referente a 10 de outubro, mostra leve queda nas posições compradas e leve alta nas posições vendidas dos grandes fundos. Nesse período, a variação de dezembro passou de 148,75 cents a 147,50 cents, queda de 0,75 cents, o que chama a atenção foi a forte alta de 24.554 lotes na últimas duas semanas. Pelos dados, se verificam que os fundos aumentaram em 1.996 suas posições líquidas vendidas (8,9%). Os grandes fundos possuíam 24.406 posições líquidas vendidas sendo 31.312 posições compradas e 55.718 posições vendidas, queda de 1.011 lotes comprados e alta de 985 posições vendidas.

Segundo os dados da Cecafé,  até dia 13 de outubro, os embarques brasileiros do mês totalizaram 1.369.702 sacas (+ 22,3%), média diária de 105.385 sacas, sendo 1.176.680 sacas de café arábica, 136.450 sacas de café conillon e 56.572 sacas de café solúvel. Os pedidos de emissão de certificados de origem para embarque em outubro totalizavam 1.648.732 sacas (+ 22,4%), sendo 1.360.512 sacas de arábica, 175.038 sacas de conillon e 113.182 sacas de solúvel. Números inexplicáveis: A média de embarques de café dos últimos três meses ficou em 3,330 milhões de sacas e pelos números de emissão de certificados em outubro deve chegar a 3,930 milhões de sacas, alta de 600 mil sacas.

O mercado de commodities pode ter grandes variações devido a vários  fundamentos, oferta e procura, climáticos e motivos econômicos (aversão a risco), a commodities como o café, ouro e outras estão dentro deste contexto com os grandes investidores (tubarões) monitorando possíveis mudanças para proteger seus investimentos. Nesta semana começou aparecer uma forte "aversão a risco" de seus investimentos que está provocando migração de recurso aplicado em juros para as outras commodities — tendo sido o café um dos grandes beneficiários por essa mudança de orientação

Nas últimas semanas, a grande maioria dos analistas de mercado apostava em mais queda dos contratos em Nova Iorque, sempre mencionando a possível próxima grande safra de café com boa floradas nos cafezais do Brasil, devido às consistentes chuvas, com alguns traders alertando para uma próxima safra em torno de 70 milhões de sacas, deixando de lado o evento climático El Niño, que está se fortalecendo e deve durar até maio do próximo ano. Ele poderá provocar altas temperaturas (estresses climáticos) no café, podendo trazer impactos tão grandes como geadas ou chuva de granizo. Sobre as previsões de uma super safra no próximo ano, o presidente de uma grande cooperativa cafeira disse que é "uma grande irresponsabilidade antecipar safra dentro contexto climático dos próximo meses nas regiões de café do Brasil".

Reproduzindo essas informações quase diariamente na grande maioria da mídia, os vendidos estavam dominando o mercado com vários comentários de que as cotações no terminal norte-americano poderiam  buscar 120,00 cents. Mas nesta semana aparece uma pedra inesperada no meio caminho, chamada "Treasuries", que acende uma luz vermelho para os "tubarões" e como está em jogo muito "grana", eles começam a migrar para várias commodities, o que fez com que no mercado de café se observa-se que vários vendidos fossem pegos "de calça curta".

Para que vem acompanhando os artigos e analises do site, há várias semanas, Agnocafé vem alertando que as constantes quedas dos contratos em Nova Iorque não estavam sendo provocadas por fundamentos, mas por um  cenário externo que contaminava os contratos de café arábica em Nova Iorque. Como o mercado é soberano, ele deve procurar seu caminho e, com certeza, não deverá agradar os vendidos.

Nesta semana, notícias notícias aparentemente pouco alentadoras para os produtores de café vieram do centro de meteorologia do governo dos Estados Unidos, que indicou que há 80% de chance de que o padrão climático El Niño continue durante a primavera do hemisfério Norte, de março a maio de 2024. “As anomalias de temperaturas abaixo da superfície diminuíram, mas permaneceram acima da média, consistentes com as elevadas temperaturas abaixo da superfície em todo o Oceano Pacífico equatorial central e oriental”, disse o Centro de Previsão Climática.

Na quarta-feira, os cientistas do Centro de Sensoriamento Remoto da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) relatam que, neste ano de 2023, o fenômeno El Niño adiou o começo da temporada do fogo na região do Cerrado. Entretanto, nos próximos meses, na medida em que as temperaturas aumentarem em Estados do Centro-oeste e do Sudeste, os riscos de incêndios podem se tornar mais preocupantes. Apesar de efeitos como precipitações inesperadas e o aumento da temperatura já serem sentidos desde o inverno, os cientistas alertam que o El Niño ainda está em formação e, por isso, pode-se esperar ainda mais anomalias até o fim de 2023.

Para as regiões Centro-oeste e semiárida do Cerrado são esperadas temperaturas acima da média, aumentando o fator de risco para incêndios tanto na primavera quanto no verão. “Isso significa a ocorrência de um período bem mais seco e quente do que o normal no Cerrado, ampliando ainda mais os riscos de incêndios e queimadas”, alerta Argemiro Leite Filho, engenheiro florestal e mestre em Meteorologia. “E tudo isso em um período mais tarde do que o comum”, completa.

Há vários meses, Agnocafé vem alertando o mercado sobre a grave situação dos cafeicultores colombianos e a forte queda de produção dos últimos três anos desse país sul-americano, devido ao efeito climático (La Niña e El Niño) e ao aumento dos custos de produção. Três anos atrás, a Colômbia produzia 14 milhões de sacas e, ao longo dos últimos 12 meses, esse potencial caiu para 10,7 milhões de sacas. Nos próximos 12 meses, ea deve cair para 9 milhões de sacas. Caso não ocorra nenhuma mudança urgente, tudo indica que, no próximo ano, o país não terá produção suficiente para honrar seus contratos com o mercado internacional.    

Três importante veículos da mídia colombiana alertaram esta semana do grave problema. Na qaurta-feira,  o "Más Colombia", com a matéria  "Falso mercado livre empobrece os cafeicultores de todo o mundo" ressaltou a dura carta enviada ao Parlamento Europeu pelos produtores de café colombianos, membros da Dignidad Cafetera e da Dignidad Agropecuaria, na qual pedem uma política de comércio externo que pague preços justos pelo café. Eles ressaltam que atualmente o preço não cobre nem sequer os custos de produção.

Na quinta-feira, foram mais dois veículos: o " El Colombiano", com matéria "Crise do café que está prestes a explodir na Colômbia", relatando que os cafeicultores continuam a passar por um momento amargo. com queda dos preços do grão, baixos índices de produção, importações, envelhecimento das safras e as polêmicas nas quais a Federação Nacional dos Cafeicultores (FNC) se envolveu, levando o setor a um estado crítico.

A revista Semana fez outra matéria que trata do mesmo assunto, denominada "Aprofunda-se a ruína das famílias de produtores de café”. Em seu comentário é explicado que uma família cafeeira remeteu uma carta ao uma carta ao governo, em nome de uma associação de trabalhadores. Essa carta explicava os problemas que atravessam atualmente e a necessidade de a administração do presidente Gustavo Petro em agir rapidamente para evitar maiores consequências. 

Com urgente necessidade a injeção de mais de R$ 720 milhões  do orçamento nacional ou de royalties para o Fundo de Estabilização de Preços, para que 550 mil famílias deixem de entregar a colheita com prejuízo, da qual perto de 50% já foi colhida, agentes de mercado salientam que também que é necessário que a Colômbia desenvolva uma estratégia para recuperar o mercado interno, dominado por dois milhões de sacas de café importado e de má qualidade, salvaguardas de proteção comercial devem ser ativadas com uma tarifa de 70%, como a Colômbia declarou perante à Organização Mundial da Comércio..

Mercado interno

O  indicador de café do arábica da safra 22/23 da Agnocafé com 15% cata fica em R$ 880,00, alta de 2,32% ( + R$ 20,00 ) nesta sexta-feira ( 13/10 ) e café livre a R$ 860,00. No mês teve alta de R$ 50,00, durante o ano 2023 teve queda de R$ 195,00 e em dólar fica em US$ 172,95

Peneira 17/18 pronto para embarque R$ 910,00, cereja a R$ 900,00, café certificado a R$ 890,00. O indicador para café com 10% a R$ 890,00, 20% a R$ 870,00, com 25% a R$ 860,00 com 30% a R$  850,00.

Para os café de baixa qualidade Duro/riado R$ 810,00, duro/riado/rio, R$ 780,00, rio a R$ 750,00 com 30%. Café duro para consumo a R$ 760,00 repasse de beneficiamento a R$ 780,00  e riado a R$ 740,00 e escolha fica em R$ 10,50 o quilo de aproveitamento

Ótimo final de semana a todos.

Comentarios

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Data: 15/10/2023 11:30 Nome do Usuário: Wellington
Comentário: Produção de 70 milhões no Brasil, esquece. Na teoria como muitos imaginam, é fácil mas na prática, impossível.
Contrato Cotação Variação
Julho 200,75 0
Setembro 199,10 0
Dezembro 197,40 0
Contrato Cotação Variação
Julho 3.541 0
Setembro 3.470 0
Novembro 3.385 0
Contrato Cotação Variação
Julho 250,10 0
Setembro 240,50 0
Dezembro 236,60 0
Contrato Cotação Variação
Dólar 5,0700 0
Euro 5,4570 0
Ptax 5,0668 0
  • Varginha
    Descrição Valor
    Duro/riado/rio R$ 1090,00
    Peneira 15/16 R$ 1250,00
    Moka R$ 1250,00
    Safra 22/23 20% R$ 1210,00
  • Três Pontas
    Descrição Valor
    Peneira 17/18 R$ 1280,00
    Safra 22/23 15% R$ 1220,00
    Safra 22/23 25% R$ 1200,00
    Duro/riado/rio R$ 1100,00
  • Franca
    Descrição Valor
    Cereja 20% R$ 1240,00
    Safra 22/23 15% R$ 1240,00
    Safra 22/23 25% R$ 1200,00
    Duro/Riado 15% R$ 1140,00
  • Patrocínio
    Descrição Valor
    Safra 22/23 15% R$ 1220,00
    Safra 22/23 25% R$ 1200,00
    Peneira 17/18 R$ 1280,00
    Variação R$ 1230,00
  • Garça
    Descrição Valor
    Escolha kg/apro R$ 15,00
    Safra 22/23 20% R$ 1210,00
    Safra 22/23 30% R$ 1190,00
    Duro/Riado 30% R$ 1130,00
  • Guaxupé
    Descrição Valor
    Safra 22/23 15% R$ 1220,00
    Safra 22/23 25% R$ 1200,00
    Duro/riado 25% R$ 1130,00
    Rio com 20% R$ 1070,00
  • Indicadores
    Descrição Valor
    Cepea Arábica R$ 1141,86
    Cepea Conilon R$ 970,33
    Conilon/Vietnã R$ 1451,00
    Agnocafé 22/23 R$ 1220,00
  • Linhares
    Descrição Valor
    Conilon T. 6 R$ 1020,00
    Conilon T. 7 R$ 1012,00
    Conilon T. 7/8 R$ 1005,00