Depois de 120 dias,"tubarões" invertem posições de vendidas para compradas

Por José Roberto Marques da costa

Os contratos futuros de café arábica voltaram a reagir nesta sexta-feira em NY em um semana de "montanha russa"  com os investidores tentando encontrar um "rumo seguro" diante  de várias incerta no mercado, escassez de café nos próximos meses, estoques de certificados no menor nível em 24 anos, vencimento das opções no dia 10, os "tubarões" invertendo suas posições de líquidas vendidas para líquidas na terça-feira depois de 120 dias.  A situação está bem complicada tanto para o café arábica, a informação da Secex de que a exportação do Brasil de 4,288 milhões de sacas em outubro foi totalmente ignorada, não conseguiu reverter a tendência de alta no curto prazo.  

Nos três pregões anteriores , os preços dos contratos em NY parecia uma "montanha russa", sobe, desce, sobe mostrando forte volatilidade com os investidores tentando encontrar um "rumo seguro" baseados em gráficos técnicos, na terça-feira saiu de 159,10 cents foi para 167,30 cents, na quarta-feira de 167,30 cents para 159,80 cents e nesta quinta-feira de 159,80 cents para 165,35 cents.  A resistência da Banda Bollinger de 50 dias em 167,40 cents estava virando um "pesadelo" para os vendidos, mas hoje, finalmente foi ultrapassada logo nos primeiros minutos, que fez acionar stops de compras de investidores que levou a romper o nível de 170,00 cents nas últimas horas do pregão, com a ajuda da depreciação global do dólar, em dia de alívio dos títulos do Tesouro americano (Treasuries), com forte retirada de prêmios de risco da curva de juros dos títulos, que incentivou investidores a migrar para outros ativos. 

Com volume de 54.901 lotes, dezembro teve alta de 5,55 cents fechando a 170,90 cents, variando de 166,10 cents na abertura a 171,35 cents, rompendo a média móvel de 200 dias em 167,10 cents, tendo força nesta sexta-feira para ultrapassar resistência da Banda Bollinger de 50 dias em 167,40 cents, que mencionei na analise de ontem com "divisor de águas",  verdadeiro "pesadelo" para os vendidos, também  rompeu primeira resistência do dia em 168,10 cents e a segunda em 170,85 cents e fechando nos maiores níveis dos últimos 130 dias ( 3ª semana de junho).  Na semana variou 12,60 cents, de 158,75 cents a 171,35 cents semana acumulando alta de 3,60 cents,

Com os estoques de certificados continuando a cair, para colocar por mais "lenha na fogueira" sem perspectiva de alta no curto prazo, com contratos  abertos "call" bem carregado acima de 170/175/180 cents com vencimentos próximos dia 10, bem diferente do vencimentos das opções de setembro, quando os contratos abertos "puts" estavam bem carregado abaixo de 150,00 cents e fechando abaixo neste nível. Caso não tenha nenhuma influencia externa negativa,  tudo indica que dezembro deve fechar a próxima semana acima de 180,00 cents, alivio para os produtores colombianos, voltando a operar acima do custo de produção pela daquele país pela primeira vez depois de 120 dias. No pregão de segunda-feira, os suporte estão em 167,55 cents, 164,20 cents e 162,30 cents e as resistências em 172,80 cents, 174,70 cents e 178,05 cents.

O relatório da CFTC divulgado hoje, referente a 31 de outubro mostra queda nas posições  compradas e forte queda nas posições vendidas dos grandes fundos, neste período a variação de dezembro passou de 168,15 cents a 167,30 cents, queda de 0,85 cents. Pelos dados  mostram que depois de quatro meses, os fundos inverteram suas posições líquidas vendidas para compradas. Segundo os números, os grandes fundos possuíam 2.327 posições líquidas compradas sendo 30.930 posições compradas e 28.603 posições vendidas, queda de 345 posições compras e 4.824 posições vendidas.

Já faz 22 dias consecutivo que os estoques de certificados estão diminuindo, nesta sexta-feira caiu 8.091 sacas para 360.009 sacas, o menor nível em 24 anos, e para piorar a situação não tem nenhuma saca esperado certificação.  Nos últimos 16 pregões acumula queda de 19,6% ( - 87.513 sacas ). A quase totalidade dos café certificados estão depositados nos armazéns da Europa, mais de 93% são cafés de Honduras ( 252.765 sacas ) e do Brasil ( 84.514 sacas ), o total da queda de hoje foram de cafés brasileiros   

Os traders disseram que problemas logísticos no Brasil levaram as torrefadoras a recorrerem aos cafés depositados na bolsa. Os estoques certificados baixos normalmente indicam que os preços de mercado spots estão mais elevados do que os preços dos contratos futuros através do mercado de commodities ICE. Segundo Jack Scoville, do Price Futures Group, além da queda, ele alega que traders do Brasil e de outros países da América Latina deveriam estar aumentando suas vendas neste momento, mas eles têm considerado os preços do café baixos e por isso têm se retraído. 

Segundo Eduardo Crvalhães, os baixos estoques remanescentes, tanto nos países consumidores, como nos países produtores; a aproximação do inverno no hemisfério norte, quando o consumo de café cresce, e as incertezas climáticas que continuam afetando todos os principais países produtores de café, levam insegurança, instabilidade, e muita especulação aos contratos de café negociados na ICE Futures US em Nova Iorque, e na ICE Europe em Londres.  Em meio a todas essas variáveis, interesses de curto prazo, de fundos e especuladores, comandaram as operações diárias nas duas bolsas de futuro. O sobe e desce das cotações do café foi intenso, trazendo muita insegurança aos operadores e ao mercado físico brasileiro.

Segundo os dados foram divulgados nesta quarta-feira pela Secretaria de Comércio Exterior (Secex), do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), as exportação total de café pelo Brasil (verde e processado) no mês de outubro de 2023 alcançou 4,288 milhões de sacas, o que corresponde a um aumento de 24,1% em comparação com igual mês de 2022 (3,455 milhões de sacas).  Em termos de receita cambial, houve diminuição de 1,3% entre os dois períodos, de US$ 878,574 milhões para US$ 867,049 milhões. No acumulado dos dez meses deste ano, o volume embarcado registrou aumento de 0,28%, totalizando 29,047 milhões de sacas, em comparação com 28,965 milhões de sacas em igual período do ano passado. Já a receita cambial recuou 17,2% entre os dois períodos, de US$ 7,799 bilhões em 2022, para US$ 6,457 bilhões este ano.

Para reduzir as importações, Colômbia começará a plantar café robusta

Buscando reduzir as importações da indústria e diversificar o portfólio de café, o país começará a plantar grãos robusta em áreas que não são tradicionalmente cafeicultoras, como as Planícies Orientais, o Caribe e o Pacífico.

Na Colômbia são cultivados apenas cafés Arábica, que produzem um refrigerante com maior aceitação no mercado mundial e com melhor preço. Contudo, com o objetivo de reduzir as importações da indústria e diversificar o portfólio de café, o país prepara-se para plantar, e eventualmente comercializar, o tipo canephora, mais conhecido como robusta.

 Algumas regiões que sofreram o conflito, como as Planícies Orientais, as Caraíbas e o Pacífico, poderão ser as principais zonas de produção de cerca de 3,2 milhões de sacas de café robusta, o que contribuiria, segundo a Asoexport, com cerca de 475 milhões de dólares em exportações. (atualmente estão sendo importadas 2,2 milhões de sacas).

“O país tem uma área potencial para cultivo de café robusta que chega a 80 mil hectares, aproximadamente 10% do total de hectares de café plantados no país. Além disso, esse tipo de cultivo poderá beneficiar cerca de 32 mil fazendas de café, cada uma com tamanho médio de 2,5 hectares”, disse Gustavo Moreno, diretor da Associação Colombiana de Exportadores de Café (Asoexport).

Consumo: Aumento do número de lojas e vendas em cafeteiras, mas queda de vendas em mercearia nos EUA

A cultura do café alcançou o país com mais de 4,3 bilhões de habitantes – um país que adora o seu chai. A crescente preferência pelo café está levando ao crescimento de cafeterias no país, aumentando o mercado. Em 2023, a receita do mercado cafeeiro do país foi de US$ 0,5 bilhão, segundo o Statista. Espera-se que o mercado cresça a uma taxa composta de crescimento anual (CAGR) de 9,04% de 2023 a 2028, resultando em um volume de mercado de US$ 0,7 bilhão em 2028. Para aproveitar a oportunidade crescente, muitas grandes redes estrangeiras de cafeterias, como Tim Hortons e Pret a Manger, entraram no país este ano.

A Luckin Coffee anunciou abertura de 2.437 novas lojas no terceiro trimestre de 2023, resultando um crescimento trimestral de unidades de lojas de 22,5%, em números representa 27 lojas por dia, 1,12 lojas por hora,  “Estamos orgulhosos de relatar outro trimestre forte, onde alcançamos receitas recordes e aumentamos nossa presença com mais de 2.400 aberturas líquidas de novas lojas”, disse o presidente e CEO da Luckin Coffee, Jinyi Guo. A Luckin Coffee tem agora 13.273 lojas, que incluem 8.807 lojas autônomas e 4.466 lojas parceiras.

A Starbucks superou as metas de Wall Street para os resultados do quarto trimestre na quinta-feira, já que a forte demanda por seus caros cafés e bebidas geladas na América do Norte compensou uma recuperação fraca na China, fazendo com que suas ações subissem 8% no pré-mercado. A cadeia global do café beneficiou de uma base de consumidores mais jovem e mais abastada, apesar de a indústria da restauração nos EUA se debater com um abrandamento, à medida que a inflação persistente leva as pessoas a repensar a possibilidade de jantar fora

Segundo informações de hoje Reuters, as vendas de café nas mercearias dos Estados Unidos caíram para níveis inferiores aos anteriores à pandemia no ano até ao final de Setembro, de acordo com dados do NIQ, à medida que os preços continuavam a aumentar. As vendas globais de café embalado caíram 3,7% em relação ao mesmo período do ano anterior, a terceira queda anual consecutiva e o nível mais baixo desde 2019. Os preços do café por unidade aumentaram 9,3% no ano até ao final de Setembro, somando-se a um aumento de 12% nos 12 meses anteriores.

“O que está acontecendo no café dos EUA no varejo é o que está acontecendo nos supermercados dos EUA em geral”, disse Matthew Barry, Gerente de Insight, Alimentos e Bebidas da Euromonitor International. “Os preços estão subindo há muito tempo e isso está causando uma pressão significativa sobre os volumes porque os consumidores estão reduzindo”, disse ele. As vendas de café moído registaram a maior queda, de 5,6%, enquanto as cápsulas de café – um produto premium de preço mais elevado – foram as que registaram a menor queda, com uma queda de 1,4%. No entanto, Jim Watson, Diretor Executivo de Pesquisa de Bebidas do Rabobank, acredita que os números contam apenas parte da história da procura de café nos EUA.

Mercado interno

O indicador de café do arábica da safra 22/23 da Agnocafé com 15% cata fica em  R$ 940,00, alta de 2,17% ( + R$ 20,00 ) nesta sexta-feira ( 03/11 ) e café livre a R$ 920,00. No mês teve alta de R$ 10,00, durante o ano 2023 teve queda de R$ 135,00 e em dólar fica em US$ 192,20.

Peneira 17/18 pronto para embarque R$ 990,00, cereja a R$ 970,00, café certificado a R$ 950,00. O indicador para café com 10% a R$ 950,00, 20% a R$ 930,00, com 25% a R$ 920,00 com 30% a R$ 910,00.

Para os café de baixa qualidade Duro/riado R$ 870,00, duro/riado/rio, R$ 840,00, rio a R$ 810,00 com 15%. Café duro para consumo a R$ 790,00 repasse de beneficiamento a R$ 800,00  e riado a R$ 760,00 e escolha fica em R$ 11,20 o quilo de aproveitamento.

Ótimo Final de semana

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