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Café vai continuar volátil e inseguro em mercado com muitas dúvidas


Por José Roberto Marques da Costa

Em 2023, o clima virou assunto onipresente no agronegócio. Extremos climáticos deixaram um rastro de perdas e estragos de norte a sul do país. As mudanças climáticas potencializaram o El Niño, que provocou fortes chuvas no Sul, uma seca histórica na Amazônia e escassez de precipitações no Centro-Oeste. O tema não sairá mais do radar de quem atua no setor. E, diante de um El Niño persistente até abril, com La Nina forte a partir de maio, as previsões iniciais de especialistas sobre o desempenho do café em 2024 não são as mais otimistas.

O mercado de café está volátil e muito inseguro nos últimos meses, com várias dúvidas, o Brasil terá café suficiente até o início da próxima safra para atender o apetite insaciável do mercado? El Niño persistente até abril, com provável La Nina forte a partir de maio vai afetar ainda mais a produtividade dos cafezais? os estress climáticos nas regiões de café vai se prolongar com temperaturas altas?  A produção de café dos países da América Central deve continuar a cair devido ao clima? A invasão de árvores frutíferas em áera de café do Vietnã vai continuar?

Os contratos de  café arábica para março recuaram 4,9% para 188,30 cents,  abrindo o dia próximos à estabilidade a território levemente negativo, com a baixa liqídez ( volume ) na primeira parte do pregão, a e a forte ressitência para retornar acima de 200,00 cents, investidores entraram com força na ponta vendedora ropendo o "divisor de água" a 196,00 cents, acionando vários stops de vendas rompendo níveis tecnicamente importantes com 192,50 cents, 190,00 cents e 187,80 cents, levando abaixo do nível de 186,00 cents onde encontrou recompradas de fundos.  O mês de dezembro acumulou queda de 3,60 cents, com forte variação de 25,70 cents, mínima de 178,20 cents ( 01 ) a 203,90 cents ( 19 ), em 2023 acumulou alta de 21,00 cents ( 12,6% ), variando 63,60 cents, de 143,90 ( 10/10 ) a 207,50 cents ( 19/04 ).

Com volume de 35.476 lotes, março teve queda de 9,70 cents fechando a 188,30 cents, menor nível dos últimos 12 pregões ( 13/12 ), variando de 185,65 cents a 198,15 cents rompendo os três suportes do dia em 194,98 cents, 191,97 cents e 188,75 cents. Os estoques de certificados diminuíram 7.175 sacas para 251.224 sacas, com 14.039 sacas esperando certificação, no mês de dezembro tiveram queda de 8.842 sacas e durante o ano de 2023 acumulou queda de 563.461 sacas.

O relatório da CFTC divulgado ontem, referente a 26 de dezembro foi uma supressa mostrando leve queda de somente  670 lotes  nas posições compradas e alta de 996 lotes nas posições vendidas dos grandes fundos, neste período a variação de dezembro passou de 202,40 cents a 194,35 cents, queda de 8,05 cents, mostrando alta de 7,5% ( 1.807 lotes) nas posições líquidas compradas dos grande fundos. Segundo os números apresentados, levando-se em consideração apenas as posições futuras os grandes fundos possuíam 22.138 posições líquidas compradas sendo 48.079 posições compradas e 25.941 posições vendidas)

Segundo o Itaú BBA,  depois de três sessões em alta, as cotações passaram por um ajuste, com investidores realizando lucro antes do feriadão de Ano Novo. Até então, os preços subiam refletindo as incertezas em relação à safra brasileira, que sofre com chuvas irregulares e abaixo das médias históricas.

O momento é decisivo para o pegamento das floradas e do desenvolvimento do grão. O banco diz que há previsão de uma melhora substancial das chuvas nas próximas semanas, o que, caso se concretize, deve ajudar a estancar eventuais perdas nas regiões onde choveu pouco em dezembro. “Isso pode trazer alguma realização aos preços após as altas recentes, embora acreditemos que o potencial de produção de arábica para o próximo ano foi afetado pelo clima irregular”, prevê a consultoria.

O Rabobank divulgou relatório aos clientes uma nota bem diferente da semana passada,  alertando sobre possibilidade de incertezas nas projeções de uma boa safra, apesar de todas as incertezas. O fenômeno climático El Niño ainda gera preocupações, principalmente no Espírito Santo e Bahia, que produzem café. " O El Niño pode afetar negativamente as safras de 2024/25 na Ásia, América Central, Colômbia. Com todo estes fenômenos climáticos, o banco não mudou sua estima que os preços do café girem em média de 150,00 cents no próximo ano", acrecentou. Pelo andar da "carruagem", a possibilidade que chegar a 2,30 cents nos próxmos meses é bem maior do que a 150,00 cents.

Segundo Eduardo Carvalhães,  os fundamentos permanecem os mesmos: falta de estoques remanescentes, tanto nos países produtores como nos consumidores; os seguidos problemas climáticos enfrentados por todos os principais países produtores de café ao redor do mundo, que devem continuar afetando as lavouras de café em 2024; consumo em alta, ano após ano, sendo, a partir de agora, estimulado com a chegada do inverno no hemisfério norte, quando o consumo de café cresce sensivelmente.

Para complicar esse quadro, problemas logísticos, com a invasão da Ucrânia pela Rússia e com o ataque terrorista do Hamas contra Israel, estão trazendo transtornos e atrasos ao transporte marítimo internacional. " As chuvas devem chegar a partir de janeiro sobre as regiões produtoras de café do Brasil. São necessárias e muito benvindas, mas os estragos para nossas safras 2024 e 2025 já aconteceram. As chuvas, se vierem em boa quantidade, evitarão perdas ainda maiores para nossos cafeicultores" acrescento ele. 

Sabendo que os estoques remanescentes estavam praticamente zerados e com os dados de produção, exportação e consumo interno de café,  a grande preocupação da Agnocafé é se Brasil vai ter café suficiente para atender este apetite insaciável do mercado internacional e para abastecer o mercado interno até a entrada da próxima safra.

Nos primeiros 6 meses da atual safra brasileira já foram consumidas 33,4 milhões de sacas, uma média de 5,566 milhões de sacas, continuando neste ritmo, até o final da safra, exportação e consumo interno, devem devorar 66,8 milhões de sacas. Fazendo as contas da produção dos dois extremos, da USDA de 66,3 milhões de sacas devem sobrar somente 500 mil sacas e de 55,1 da Conab devem faltar 11,7 milhões de sacas 

Nos seis primeiros mês da safra 2023/2024 que começou em julho, as exportações de café do Brasil atingiram 22,6 milhões de sacas,  no mês de julho foram 2,991 milhões de sacas em agosto 3,673 milhões de sacas, setembro 3,294 milhões de sacas, outubro 4,356 milhões de saca, novembro 4,292 milhões de sacas e dezembro em 4 milhões de sacas (estimativa), informações da Cecafé. A USDA estima que as exportações brasileiras de julho a junho deve atingir 43,9 milhões de sacas, já foram exportads 22,6 milhões de sacas, 

O consumo de café no Brasil deve alcançar 21,6 milhões de sacas nesta atual safra, um aumento de 1,1% em relação a 2022, uma média de 1,8 milhões de sacas por mês, de acordo com a Associação Brasileira da Indústria do Café (Abic). Nos primeiros seis meses da safra 2023/2024 foram consumidas no mercado interno cerca de 10,8 milhões de sacas.

Segundo a MetSul,  o El Niño persistirá o verão inteiro, mas com tendência de enfraquecimento. O seu pico de intensidade ocorre agora ao redor do final do ano. No Sudeste do Brasil, a chuva deve ficar acima a muito acima da média em vários pontos de Minas Gerais, que é o estado da região que mais preocupa neste verão. A chuva deve ser superior ao normal ainda na estação em áreas do Espírito Santo e do Rio de Janeiro, sobretudo mais ao Norte do estado fluminense. Em São Paulo, a chuva tende a ser muito irregular e muitos municípios devem ter um verão menos chuvoso que o habitual.

É importante destacar que nas regiões de café são comuns na estação temporais isolados com altíssimos volumes de chuva que podem fazer com que a estação termine com acumulados localizados ou regionalizados acima da média. Na costa, eventos de chuva orográfica podem gerar também precipitação localmente excessiva.  Minas Gerais, em particular, pode ter muitos temporais neste verão com graves riscos de deslizamentos de terra e enchentes. O verão deve ser mais quente do que o normal no Sudeste e no Centro-Oeste na maior parte das cidades. Os desvios podem ser significativos em pontos do Brasil Central, o que favorece um risco maior de tempestades com a alta umidade. O Rio de Janeiro deve ter muitos dias de calor intenso e vários de calor excessivo.

Este mês de dezembro, numa conferência no Vietnã, Vanúsia Nogeira, diretora da Organização Internacional do Café, tentou explicar o grande desafio que as novas regulamentações europeias colocam às empresas do setor. “São muitas dúvidas e perguntas que ainda não têm resposta”, declarou o brasileiro. Para saber realmente de onde vem o grão que uma empresa acaba por vender no mercado é necessário utilizar sistemas sofisticados, e há produtores em África e na América Central que são muito vulneráveis ​​à nova regulamentação, segundo Nogeira.

A Organização alerta que “a União Europeia pode não ter oferta suficiente de café em 2025” se o regulador não responder às dúvidas levantadas pela regulamentação, “o maior desafio para o próximo ano”, segundo Nogeira, e já existem empresas. como Simexco Dak Lak, exportador de café do Vietname, que confirmam que as regras "não são nada claras", uma vez que "não sabemos que tipo de mapeamento a União Europeia vai utilizar.  Ouvimos dizer que haverá requisitos de geolocalização, mas não sabemos como teremos de fazer as declarações, como seguiremos o rasto do café e como o regulador europeu irá verificar os dados que fornecemos", indica a empresa. “Não sabemos como teremos que fazer as declarações ou como seguiremos a trilha do café”, explicam da Simexco Dak Lak.

Do Barómetro do Café confirmam a falta de preparação por parte das empresas para conseguirem cumprir as exigências do regulador europeu, e levantam os danos que isso pode causar aos pequenos agricultores que não poderão vender a partir de agora no Velho Continente. “Sem o apoio dos compradores, os pequenos agricultores não terão recursos para cumprir a regulamentação e sofrerão o impacto inicial da regulamentação”, indicam. “O conceito de um setor cafeeiro sustentável parece não passar de uma ilusão, se levarmos em conta os múltiplos desafios que os países produtores enfrentam. Os pequenos produtores encontrar-se-ão com alternativas económicas muito limitadas”, insiste o Barómetro do Café.

Mercado

O indicador de café do arábica da safra 22/23 da Agnocafé com 15% cata fica em  R$ 1.050,00 nesta sexta-feira ( 29/12 ) e café livre a R$ 1.020,00. No mês acumula alta de R$ 40,00, durante o ano 2023 teve queda de R$ 85,00 e em dólar fica em US$ 216,36.

Café moka R$ 1.110,00, peneira 17/18 pronto para embarque R$ 1.120,00, cereja a R$ 1.090,00, café certificado a R$ 1.080,00. O indicador para café com 10% a R$ 1.060,00, 20% a R$ 1.040,00, com 25% a R$ 1.030,00 com 30% a R$ 1.020,00.

Para os café de baixa qualidade Duro/riado R$ 950,00, duro/riado/rio, R$ 900,00, rio a R$ 860,00 com 15%. Café duro para consumo a R$ 850,00 repasse de beneficiamento a R$ 880,00  e riado a R$ 820,00 e escolha fica em R$ 10,80 o quilo de aproveitamento.

" Jamis desista de ser feliz, Lute sempre pelos seus sonhos. Seja profundamente apaixonado pela vida. Pois a vida é um espetáculo imperdível ", Agusto Cury

Feliz Ano Novo

Comentarios

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Data: 30/12/2023 13:38 Nome do Usuário: Francisco
Comentário: *Em número d sacas*. Pq aqui no sul d minas tem produtor q colhe em abril e vende em maio, enquanto outros guardam café por 3 anos ou mais. (Um compensando o outro).
Data: 30/12/2023 13:22 Nome do Usuário: Francisco
Comentário: N vai faltar café, devido ao tamanho do Brasil, tem estados q colhem em março, abril até novembro. Porém se continuar exportando 4 m sacas chegaremos em 30 d junho zerados no estoque.(em númerodsacas
Contrato Cotação Variação
Julho 212,50 - 3,50
Setembro2 210,65 - 3,40
Dezembro 208,70 - 3,30
Contrato Cotação Variação
Julho 3.848 - 130
Setembro 3.768 - 140
Novembro 3.680 - 132
Contrato Cotação Variação
Julho 271,75 0
Setembro 260,00 0
Dezembro 255,80 0
Contrato Cotação Variação
Dólar 5,1920 0
Euro 5,5410 0
Ptax 5,1718 0
  • Varginha
    Descrição Valor
    Moka R$ 1340,00
    Safra 22/23 20% R$ 1300,00
    Peneira 15/16 R$ 1350,00
    Duro/riado/rio R$ 1180,00
  • Três Pontas
    Descrição Valor
    Peneira 17/18 R$ 1370,00
    Safra 22/23 15% R$ 1310,00
    Safra 22/23 25% R$ 1290,00
    Duro/riado/rio R$ 1170,00
  • Franca
    Descrição Valor
    Cereja 20% R$ 1330,00
    Safra 22/23 15% R$ 1310,00
    Safra 22/23 25% R$ 1290,00
    Duro/Riado 15% R$ 1210,00
  • Patrocínio
    Descrição Valor
    Safra 22/23 15% R$ 1310,00
    Safra 22/23 25% R$ 1290,00
    Peneira 17/18 R$ 1370,00
    Variação R$ 1320,00
  • Garça
    Descrição Valor
    Safra 22/23 20% R$ 1300,00
    Safra 22/23 30% R$ 1280,00
    Duro/Riado 30% R$ 1200,00
    Escolha kg/apro R$ 15,50
  • Guaxupé
    Descrição Valor
    Safra 22/23 15% R$ 1310,00
    Safra 22/23 25% R$ 1290,00
    Duro/riado 25% R$ 1200,00
    Rio com 20% R$ 1140,00
  • Indicadores
    Descrição Valor
    Cepea Arábica R$ 1247,84
    Cepea Conilon R$ 1134,67
    Conilon/Vietnã R$ 1658,53
    Agnocafé 22/23 R$ 1310,00
  • Linhares
    Descrição Valor
    Conilon T. 7/8 R$ 1147,00
    Conilon T. 6 R$ 1162,00
    Conilon T. 7 R$ 1154,00