Santo Antônio da Alegria, vence pela 2ª vez o concurso do café fermentado de SP
Tiago Rodrigues é um agricultor familiar e, ao lado do pai Sebastião e da irmã Valéria, produz café no município de Santo Antônio da Alegria, região da Alta Mogiana de São Paulo. “Nossa história no campo começou com o meu avô, Antônio Lúcio, que plantou a primeira lavoura de café em sua propriedade e passou pra gente todo o ensinamento. Eu cresci vendo meus pais trabalhando nos cafezais. A cafeicultura sempre fez parte da minha vida,” relembra o produtor.
A experiência do jovem cafeicultor está rendendo prêmios. Em novembro, os grãos produzidos no sítio da família, o SR Santa Rita, venceram pela segunda vez o concurso estadual “Qualidade do Café de São Paulo”, na modalidade fermentado.
O agricultor cultiva as variedades Catuaí Amarelo, Arara e Catucaí 2SL em uma área de aproximadamente 10 hectares para o café arábica na Alta Mogiana, que é uma das principais regiões produtoras do grão no país.
A categoria vencida por ele consiste em passar por um processo controlado de fermentação, trazendo mais complexidade ao seu sabor do café. O segredo está nos grãos colocados dentro de tambores e isolados, sem iluminação e oxigênio por quase cinco dias.
Na edição de 2023, 180 produtores de café disputaram em diversas categorias. Ao todo, foram analisadas 320 amostras de cafés, quase o dobro que a edição anterior.
Rodrigues conseguiu uma marca importante na avaliação dos jurados, 85 pontos, uma diferença pequena para o segundo colocado, que teve 83.40. “Café que vem da nossa família para a sua família! Carinho e cuidado do plantio à entrega” é o slogan da empresa familiar. No momento, o produtor está com uma marca própria, o Café Bartier.
“No meio de tantas amostras de todo o estado de São Paulo e ficar na primeira colocação, pelo segundo ano seguido, é uma emoção muito grande. Uma satisfação ainda maior foi receber o prêmio pelas mãos do governador de São Paulo, Tarcisio de Freitas e do secretário de Agricultura e Abastecimento, Guilherme Piai,” ressalta Rodrigues.
Classificar os cafés fermentados não é uma tarefa fácil para os degustadores, segundo um dos avaliadores do Concurso, o pesquisador científico e engenheiro agrônomo do Instituto Agronômico (IAC - APTA), Gerson Giomo.
“A percepção sensorial desses atributos pode ser positiva ou negativa, dependendo do tipo e grau de fermentação, da combinação entre eles e da intensidade com que se encontram. Boas fermentações preservam o corpo e a doçura natural e agregam sabores frutados, acidez cítrica e aromas florais ou de especiarias, melhorando a qualidade global da bebida”, esclarece Giomo.
A região Alta Mogiana, onde fica o sítio da família, tem características que beneficiam o cultivo de café. O local possui uma área de planalto com montanhas com altitudes que variam de 900 a 1000 metros e temperaturas médias em torno dos 21ºC, segundo as informações da Secretaria de Agricultura.
A região é a maior produtora paulista de café e a terceira no âmbito nacional produz cerca de 3 milhões de sacas ao ano e envolve mais de 5 mil produtores.
O pequeno produtor de café já se prepara para a próxima edição do Concurso Estadual “Qualidade do Café de São Paulo”, nas categorias fermentação e via seca natural.