Chuvas chegam, mas estragos e perdas das safras 2024 e 2025 já aconteceram
Santos, sexta-feira, 5 de janeiro de 2024
Em mais uma semana esvaziada, desinteressada, com boa parte dos traders e operadores de mercado em férias de final de ano, as notícias da chegada de chuvas sobre os cafezais do sudeste brasileiro derrubaram as cotações do café em Nova Iorque e Londres.
Como já dissemos em nosso último Boletim Semanal, as chuvas que chegaram às regiões produtoras de café do Brasil, são necessárias e muito bem-vindas, mas estragos e perdas para nossas safras 2024 e 2025 já aconteceram. As chuvas, se caírem em boa quantidade, poderão evitar perdas ainda maiores para nossos cafeicultores.
Em nossa opinião, os fundamentos permanecerão os mesmos ao longo de 2024: falta de estoques remanescentes, tanto nos países produtores como nos consumidores; eventos climáticos extremos atingindo os países produtores de café ao redor do mundo, derrubando a produção global de café no decorrer de 2024; consumo mundial em alta, como vem acontecendo ano após ano, sendo agora estimulado no hemisfério norte com a chegada do inverno, quando o consumo de café cresce sensivelmente. Para complicar esse quadro, problemas logísticos, criados com a invasão da Ucrânia pela Rússia e com o ataque terrorista do Hamas contra Israel, trazem transtornos e atrasos ao transporte marítimo internacional.
Hoje, na Ice americana, os contratos para março próximo, bateram em US$ 1,8755 na máxima do dia, oscilaram 550 pontos entre a máxima e a mínima, e encerraram o pregão em queda de 275 pontos, a US$ 1,8280 por libra peso. Ontem caíram 70 pontos e anteontem 390 pontos. Na terça-feira, no primeiro pregão do ano, subiram 185 pontos. No balanço desta semana caíram 550 pontos. Na sexta-feira passada, dia 29, último pregão de 2023, oscilaram forte, 1250 pontos entre a máxima e a mínima, e fecharam em queda de 970 pontos, a US$ 1,8830 por libra peso. No balanço da semana passada caíram 450 pontos. No balanço da semana anterior, esses contratos para março subiram 350 pontos.
Na ICE Europe, em Londres, os contratos de café robusta para março próximo fecharam hoje em alta de 9 dólares, valendo US$ 2.795,00 por tonelada. Ontem, esses contratos subiram 31 dólares e anteontem caíram 49 dólares. Na terça-feira, recuaram 37 dólares. Perderam 46 dólares nesta semana. Na sexta-feira, 29, fecharam em queda de 95 dólares, a US$ 2.841,00 por tonelada. No balanço da semana passada, esses contratos para março subiram 4 dólares. Na sexta-feira anterior, dia 22, fecharam a semana valendo US$ 2.837 por tonelada, acumulando 12 dólares de alta nessa semana.
Os estoques de cafés certificados na ICE Futures US permaneceram estáveis hoje em 253.144 sacas. Há um ano eram de 820.540 sacas, quando já eram considerados criticamente baixos. Caíram neste período 567.396 sacas. Nesta semana esses estoques subiram 1.920 sacas. No mês de dezembro cresceram 27.158 sacas. No mês de novembro apresentaram queda de 165.072 sacas e no mês de outubro, a queda totalizou 52.807 sacas. No mês de setembro esses estoques caíram 58.986 sacas. No mês de agosto, a queda foi de 45.369 sacas e no mês de julho de 16.163 sacas.
O dólar recuou hoje 0,73 % frente ao real e fechou a R$ 4,8720. Ontem caiu 0,14 %. Na sexta-feira passada não houve pregão cambial no Brasil. Na quinta-feira, 28, o dólar subiu 0,41 % frente ao real e fechou 2023 valendo R$ 4,8530. Na sexta-feira anterior fechou a semana valendo R$ 4,8580.
Em reais por saca, os contratos para março próximo em Nova Iorque fecharam a R$ 1.178,09. Ontem fecharam a R$ 1.204,65. Terminaram o último pregão do ano, na sexta-feira, 29, valendo R$ 1.208,80. Encerraram a sexta-feira anterior, 22, a R$ 1.238,70.
Com os feriados de Natal e Ano Novo, o mercado físico brasileiro passou esta semana e a passada esvaziado, desinteressado. Ao longo destas duas semanas, os compradores diminuíram o valor de suas ofertas, acompanhando a queda em Nova Iorque. O mercado físico no Brasil permaneceu quieto, sem vendedores nas bases de preços oferecidas pelos compradores. Na prática, o mercado físico brasileiro não trabalhou nestas duas semanas.
A zona de convergência do Atlântico Sul, ZCAS, que está atuando sobre a metade norte do Brasil, continua gerando muitas instabilidades sobre as áreas mais ao norte do Sudeste, do Centro-Oeste e interior das regiões Norte e Nordeste. Com isso, até pelo menos o dia 08 de janeiro, estão previstos altos volumes de precipitação sobre áreas produtoras do Espírito Santo, Minas Gerais, Rondônia e Bahia. Nesses Estados pode chover mais de 100 mm e essa chuva pode trazer transtornos e paralisar as atividades no campo. Mas por outro lado, é a chuva que vai garantir maior homogeneidade de umidade no solo sobre estas áreas que vinham sendo bastante impactadas pela falta de umidade e calor excessivo. Com as chuvas mais duradouras e intensas as temperaturas ficarão mais amenas durante as próximas tardes. Na região norte do Paraná, Alta Mogiana Paulista e no sul de Minas Gerais as chuvas serão muito esparsas nos próximos 5 dias. Nestas áreas os períodos de sol serão maiores e as temperaturas ficarão mais elevadas. Depois do dia 10 de janeiro as chuvas devem reduzir sobre metade norte do Brasil, mas não cessam completamente. Os episódios tendem a ocorrer na forma de pancadas isoladas e com moderada intensidade. As instabilidades voltam a ganhar força e se espalhar sobre o centro-sul do País, com isso são esperadas chuvas mais frequentes e com volumes moderados no final da primeira quinzena de janeiro sobre as áreas produtoras do centro-sul (CLIMATEMPO).
Até dia 5, os embarques de dezembro estavam em 2.885.100 sacas de café arábica, 480.855 sacas de café conilon, mais 291.695 sacas de café solúvel, totalizando 3.831.019 sacas embarcadas, contra 4.152.522 sacas no mesmo dia de novembro. Até o mesmo dia 5, os pedidos de emissão de certificados de origem para embarque em dezembro totalizavam 4.022.390 sacas, contra 4.419.286 sacas no mesmo dia do mês anterior.
Até dia 5, os embarques de janeiro estavam em 175.933 sacas de café arábica, 29.379 sacas de café conilon, mais 19.164 sacas de café solúvel, totalizando 224.476 sacas embarcadas, contra 225.234 sacas no mesmo dia de dezembro. Até o mesmo dia 5, os pedidos de emissão de certificados de origem para embarque em janeiro totalizavam 637.034 sacas, contra 554.557 sacas no mesmo dia do mês anterior.
A bolsa de Nova Iorque – ICE, do fechamento do dia 29, sexta-feira, até o fechamento de hoje, dia 5, caiu nos contratos para entrega em março próximo 550 pontos ou US$ 7,27 (R$ 35,45) por saca. Em reais, as cotações para entrega em março próximo na ICE, fecharam no dia 29 a R$ 1.208,80 por saca, e hoje sexta-feira, dia 5, a R$ 1.178,09. Hoje, nos contratos para entrega em março, a bolsa de Nova Iorque fechou em baixa de 275 pontos.
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