Calor extremo no Atlântico Sul supera El Niño e agrava caos no clima no Brasil
Estudos revelam que o Atlântico Sul está aquecendo rapidamente. O aumento extraordinário de temperatura é quatro vezes superior às mudanças naturais e em comparação com o fenômeno El Niño no Pacífico, amplamente reconhecido por influenciar as temperaturas ao redor do planeta. Embora o Brasil esteja no verão e seja comum o aumento do calor, a previsão aponta para um agravamento da condição até março deste ano.
Com mercado continuando a ignorar todas as previsões climáticas, onde verão costuma ser sinônimo de praia, mas em 2024 será de caldeirão. O Atlântico Sul, que influencia diretamente o clima do Brasil, ferve. Sua anomalia de elevação de temperatura é quatro vezes maior que a variação natural e apequena à que caracteriza um El Niño, no Oceano Pacífico, considerado uma das maiores forças da Terra.
E a tendência é de que o calor vá piorar até março. " O grande aquecimento dos oceanos observado desde o ano passado é resultado de mudanças climáticas. O El Niño sozinho não explica o que vivemos. E 2024 já começou fervendo. Infelizmente, com esse cenário, o Hemisfério Sul vai arder neste verão, que mal começou" afirma Regina Rodrigues, coordenadora do grupo que estuda o Atlântico e suas ondas de calor na Organização Meteorológica Mundial (OMM).
Acima da média histórica
A especialista alerta isso porque esta semana, o XAIDA (eXtreme events: Artificial Intelligence for Detection and Attribution), um consórcio composto por 16 instituições de pesquisa climática na Europa, identificou em estudos o aquecimento do Atlântico como uma anormalidade associada às mudanças climáticas. Segundo uma pesquisa da Administração Nacional Oceânica e Atmosférica (NOAA), entre 11 de dezembro de 2023 e 9 de janeiro de 2024 a amplitude do calor ficou acima da média histórica.
A especialista prevê que janeiro ainda vai trazer um alívio momentâneo, graças à chegada das monções, representadas pelos canais de umidade das áreas de convergência intertropical (ZCIT) e do Atlântico Sul (ZCAS). No entanto, “fevereiro pode ficar mais seco e quente, com piores condições de calor. As chuvas, quando vierem, podem ser devastadoras. O pico de temperatura do Atlântico Sul deve ocorrer em março”, destaca Regina.
Nesta terça-feira (9), o Observatório Europeu Copernicus emitiu um alerta alarmante classificando o ano de 2023 como o mais quente em 100 mil anos. O relatório destacou as temperaturas recordes registradas no ano anterior, revelando que todos os dias apresentaram um aumento de 1°C em relação ao nível pré-industrial estabelecido entre 1850 e 1900. De acordo com o estudo, metade dos dias de 2023 testemunhou temperaturas superiores a 1,5°C do nível pré-industrial, atingindo um pico de 2°C em dois dias de novembro.
De acordo com a recente projeção da NOAA, é esperado que o Atlântico Tropical mantenha condições propícias para ondas de calor oceânicas até junho de 2024, principalmente ao norte da linha do equador, exercendo impacto no clima da Amazônia.