Cenário confuso e preocupante vai manter oscilações nos preços do café
Santos, sexta-feira, 08 de março de 2024
Os contratos de café nas bolsas de Nova Iorque e Londres oscilaram com força no decorrer da semana. Fecharam hoje em queda acentuada, em um dia de correção e ajuste, depois de subirem forte de segunda-feira até ontem. Na semana, os contratos de arábica para entrega em maio próximo na ICE Futures US subiram 1,20 %. No mesmo período, os de robusta para maio próximo na ICE Europe, em Londres, acumularam alta de 4,90 %.
Em um quadro de consumo em alta e falta de estoques de segurança, crescem as preocupações com o abastecimento de robusta e com os seguidos problemas climáticos nos países produtores de café. À essas incertezas, junta-se a insegurança com a escalada dos ataques terroristas à navios mercantes no Mar Vermelho. Na última quarta-feira, em um ataque maciço, mísseis balísticos disparados pelo grupo terrorista Houthis acertaram um cargueiro no canal de Suez, matando ao menos dois marinheiros. Esse cenário, confuso e preocupante, impulsionou as cotações do café e continuará trazendo fortes oscilações aos preços do grão.
Em mais uma evidência do crescimento do consumo mundial, da falta de estoques globais, e dos problemas enfrentados pelo países produtores de café para aumentar suas produções, mais dois grandes produtores e exportadores de café, Vietnã e Indonésia, estão comprando café do Brasil, para atenderem ao boom do consumo interno. Tanto a Indonésia quanto o Vietnã, grandes produtores da variedade robusta, preferem exportar sua produção de café, enquanto importam para o consumo doméstico - seus próprios grãos são mais caros do que os do Brasil. (fonte: Bloomberg Línea, veja no Clipping de nosso site). Portanto, Vietnã, Colômbia e Indonésia - segundo, terceiro e quarto maiores países produtores de café do mundo – não estão conseguindo produzir o suficiente para atender suas exportações e o crescente consumo interno.
O clima no Brasil vai continuar apresentando muita irregularidade. Uma nova onda de calor começará a se desenvolver no Paraguai nos próximos dias e influenciar o clima no Brasil. A previsão é que o centro-sul do país veja os termômetros subirem entre os dias 11 e 15 de março, segundo Josélia Pegorim, meteorologista da Climatempo. Como o centro dessa massa de ar quente se estabelecerá sobre o Paraguai, áreas próximas ao país sentirão os efeitos da nova onda. O oeste do Paraná, de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul, além do oeste e sul do Mato Grosso do Sul poderão registrar temperaturas máximas entre 38ºC e 40ºC. "São valores muito elevados para os padrões normais desta época do ano", afirma a especialista. Além dessas regiões, outras áreas pelo interior dos estados da região Sul, interior de São Paulo, e oeste e sul do Mato Grosso, também vão sentir um calor acima do normal, com temperaturas perto de 37ºC. Pegorim detalha que as pancadas de chuva vão continuar acontecendo pelo centro-sul, mas de maneira isolada, típicas de verão e incapazes de aliviar o forte calor. "Tecnicamente, o outono começa dia 20 de março, mas não tem uma chavinha para começar a esfriar. Vamos conviver com temperaturas altas e ar abafado por várias semanas do outono", finaliza (fonte: Globo Rural).
Cresce a probabilidade da chegada do fenômeno La Niña no segundo semestre de 2024.
Na ICE Futures US, os contratos de arábica para maio próximo caíram forte hoje. Bateram em US$ 1,9080 na máxima do dia, oscilaram 650 pontos entre a máxima e a mínima, e encerraram o dia em queda de 700 pontos, a US$ 1,8520 por libra peso. Ontem esses contratos subiram 590 pontos e anteontem 295 pontos. Na terça-feira caíram 355 pontos e na segunda subiram 360 pontos. Somaram alta de 190 pontos nesta semana. Na sexta-feira passada, recuaram 105 pontos, encerrando o dia a US$ 1,8330 por libra peso. Esses contratos para maio somaram 300 pontos de alta na semana passada. Fecharam a sexta-feira anterior valendo US$ 1,8030 por libra peso, caindo 640 pontos nessa semana.
Na ICE Europe, em Londres, os contratos de robusta para maio próximo fecharam hoje em queda de 84 dólares, valendo US$ 3.297 por tonelada. Ontem subiram 72 dólares e anteontem 129 dólares. Na terça-feira caíram 9 dólares. Na segunda-feira subiram 46 dólares. Nesta semana subiram 154 dólares. Encerraram a sexta-feira passada a US$ 3.143 por tonelada, somando alta de 113 pontos nessa semana. Caíram 111 dólares na semana anterior à passada.
A forte alta das cotações do robusta em Londres está se refletindo nos preços do conilon para o consumo interno brasileiro, A saca de 60 kg ultrapassou ontem os 900 reais, levando muitas indústrias a aumentarem seu interesse pelas ligas de arábica com 600 a 800 defeitos. Com a demanda em alta, essas ligas também estão tendo seus preços reajustados rapidamente.
Os estoques de cafés certificados na ICE Futures US subiram hoje 13.875 sacas e estão em 424.752 sacas. Há um ano eram de 767.551 sacas, quando já eram considerados criticamente baixos. Caíram neste período 342.799 sacas. Esses estoques subiram nesta semana 64.205 sacas e na semana passada 36.390 sacas. Subiram 103.777 sacas no mês de fevereiro. No mês de janeiro caíram 1.395 sacas. Em dezembro cresceram 27.158 sacas. No último mês de novembro apresentaram queda de 165.072 sacas e no mês de outubro, a queda totalizou 52.807 sacas. No mês de setembro esses estoques caíram 58.986 sacas. No mês de agosto, a queda foi de 45.369 sacas e no mês de julho de 16.163 sacas.
O dólar subiu 0,95 % frente ao real e fechou hoje a R$ 4,9810. Ontem caiu 0,22 %. Na sexta-feira passada caiu 0,36 % e fechou a semana a R$ 4,9550. Fechou a sexta-feira anterior valendo R$ 4,9930.
Em reais por saca, os contratos para maio próximo em Nova Iorque fecharam a R$ 1.220,26. Ontem encerraram o dia a R$ 1.254,43. Terminaram a sexta-feira passada a R$ 1.201,44 e a sexta-feira anterior a R$ 1.190,83.
No mercado físico brasileiro, os compradores subiram o valor das ofertas no decorrer da semana acompanhando as altas em Nova Iorque e Londres. Hoje, a forte queda nas duas bolsas travou os negócios no físico brasileiro. O volume de negócios fechados no mercado de arábica está crescendo, mas as negociações continuam difíceis, atrapalhadas pelo intenso sobe e desce nas duas bolsas e pelas incertezas climáticas, que trazem muita insegurança aos cafeicultores.
Até dia 6, os embarques de fevereiro estavam em 2.802.288 sacas de café arábica, 566.428 sacas de café conilon, mais 244.294 sacas de café solúvel, totalizando. 3.613.010 sacas embarcadas, contra 3.951.214 sacas no mesmo dia de janeiro. Até o mesmo dia 6 os pedidos de emissão de certificados de origem para embarque em fevereiro totalizavam 3.857.458 sacas, contra 4.025.291 sacas no mesmo dia do mês anterior.
Até dia 6, os embarques de março estavam em 319.827 sacas de café arábica, 90.557 sacas de café conilon, mais 39.640 sacas de café solúvel, totalizando. 450.024 sacas embarcadas, contra 228.736 sacas no mesmo dia de fevereiro. Até o mesmo dia 6 os pedidos de emissão de certificados de origem para embarque em março totalizavam 717.816 sacas, contra 625.562 sacas no mesmo dia do mês anterior.
A bolsa de Nova Iorque – ICE, do fechamento do dia 1, sexta-feira, até o fechamento de hoje, dia 8, subiu nos contratos para entrega em maio próximo 190 pontos ou US$ 2,51 (R$ 12,51) por saca. Em reais, as cotações para entrega em maio próximo na ICE, fecharam no dia 1 a R$ 1.201,44 por saca, e hoje sexta-feira, dia 8, a R$ 1.220,26. Hoje, nos contratos para entrega em maio, a bolsa de Nova Iorque fechou em baixa de 700 pontos.
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