Contratos futuros do café aprofundam as perdas, sem escapar do "sell off"
Por José Roberto Marques da Costa
Os contratos futuros do café aprofundaram as perdas, sem escapar do "sell-off" (venda generalizada) de ativos globais, em meio ao forte sentimento de aversão a risco após o presidente Donald Trump anunciar tarifas comerciais sobre outros países e a China agir em retaliação.
O volume de negócios em NY atingindo 58.927 lotes, 18.559 lotes a mais do que quinta-feira quando teve volatilidade de 14,10 cents. Maio fechou em forte queda de 19,55 cents ( 5,07%) a 365,70 cents, menor nível desde 31 de janeiro com variação de 24,40 cents, de 364,90 cents a 389,35 cents, rompendo dois suporte do dia, em 377,77 cents 370,28 cents. Na semana varia de 28,80 cents, de 364,90 cents a 393,70 cents, acumulndo perda de 14,75 cents.
O volume em Londres atingiu 20.508 lotes, 736 lotes a mais que quinta-feira, quando variou US$ 153. O maio do café robusta em Londres teve queda de 4,82%, o menor nível desde 21 de janeiro, variando US$ 282, de US$ 5.087/t a US$ 5.309/t, chegando a romper os três suporte do dia, em US$ 5.300/t, US$ 5.211/t e US$ 5.156/t. Na semana variou US$ 372, de US$ 5.089/t a US$ 5.459/t, acumulando perda de US$ 224 a tonelada. A diferença de preço entre as duas bolsa caiu para 130,69 cents ante 137,35 cents do pregão de quinta-feira .
Nesta sexta-feira, o preço do café em NY e Londres fecharam com forte queda enquanto os mercados continuam sendo afetados pelas tarifas do ’Dia da Libertação’ impostas pelo presidente dos EUA, Donald Trump. Esta queda nos preços foi ampliada após a China apresentar suas próprias tarifas sobre importações americanas como retaliação. Na mnhã de sexta-feira, a China anunciou tarifa de 34% sobre todos os produtos importados dos EUA e Trump reage a tarifas dizendo que não irá alterar suas políticas.
Na quarta-feira, Trump impôs uma tarifa de 10% sobre a maioria das importações americanas e taxas significativamente mais altas, acima de 50%, para alguns países. Esta medida provocou uma venda generalizada nos mercados de ações, enquanto nações do Canadá à China se preparavam para retaliação. O banco indicou que, com a aproximação do ’dia de retaliação’, os consumidores americanos de café e chocolate devem se preparar para preços mais altos. Isso ocorre porque o principal produtor de cacau, Costa do Marfim, enfrenta uma tarifa de 21%, e o segundo maior produtor de café, Vietnã, lida com uma taxa substancial de 46%.
O presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos), Jerome Powell, afirmou que “é muito cedo” para dizer qual será o caminho apropriado para a política monetária, e que os efeitos das novas medidas tarifárias do governo americano serão vistos ao longo deste ano. Ao ser questionado se vê uma recessão chegando, Powell disse que muitos analistas aumentaram a probabilidade de recessão, mas os dados seguem fortes. “Os dados recebidos até o relatório de empregos de março ainda mostram economia robusta”, disse. “Eu entendo a incerteza que pesa sobre as pessoas.”
De acordo com especialistas, os preços mundiais do café estão enfrentando muitas incertezas devido às informações do governo dos EUA sobre a imposição de impostos de importação sobre o café de grandes países produtores, como Brasil e Colômbia. Os preços mundiais do café estão sob pressão descendente devido aos impostos recíprocos impostos pelo presidente dos EUA, Donald Trump, em 2 de abril.
Enquanto isso, espera-se que a tarifa de 46%, que representa US$ 2.430 a tonelada ( US$ 145,85 a saca de 60 quilos ) sobre as exportações do Vietnã interromper o fluxo de café Robusta e agravar a escassez. O Vietnã é o maior produtor mundial de café Robusta, então essas decisões terão um enorme impacto no mercado. Também no Sudeste Asiático, a Tailândia está sujeita a um imposto de 36%, seguida pela Indonésia 32% ( US$ 1.596 a tonelada ) , Malásia 24%, Filipinas 17% e Cingapura 10%
Os americanos não têm produção significativa de café dentro do país e, por isso, dependem da importação. “Eles industrializam, mas não têm nada ligado à produção. Só algumas poucas fazendas”, diz Marcos Matos, diretor-geral do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé). O Brasil é o maior fornecedor de café para os EUA, detendo 32% do mercado, seguido por Colômbia (20%), Vietnã (8%) e Honduras (7%), conforme dados de dezembro de 2024 do Departamento de Agricultura dos EUA (USDA.
O tipo arábica predomina nas vendas do Brasil para os americanos. Mas as exportações do robusta são representativas – em 2024, foram 690 mil sacas dentro de um total de 7,3 milhões. Somente no ano passado, o Vietnã exportou 1,5 milhão de sacas de robusta para os EUA, e a Indonésia, 640 mil.
A alta taxa do Vietnã e Indonésia deve refletir no mercado interno brasileiro, com a interrupção de 2 milhões de sacas do robusta deste dois países, o mercado deve buscar novas fontes para abastecer o consumo americano e o Brasil deverá aproveitar esta "brecha" e gerar um forte concorrente para a industrias brasileira. O volume de 2 milhões de sacas, representa 10% da produção nacional e a tendência natural é que os preços do robusta para os cafeicultores brasileiros devem ter uma forte valorização em breve
Para Fernando Maximiliano, analista de café da consultoria StoneX, são 2 mais de milhões de sacas. Se as taxas realmente forem aplicadas, isso tira a competitividade do café asiático, e o Brasil acaba se destacando. Em relação ao arábica, o tarifaço não muda muito o cenário, segundo o analista. Isso porque os principais concorrentes dos brasileiros nesse tipo de café, como Colômbia, Honduras e Guatemala, também estarão sujeitos a uma tarifa de 10%.
Mesmo em situação melhor do que outros concorrentes – ou “menos pior”, como define Marcos Matos, do Cecafé, o Brasil não estará imune a uma eventual consequência negativa das tarifas. “O custo vai ficar mais alto para a indústria dos EUA e, consequentemente, para os consumidores”, afirma Matos. Isso poderia diminuir a procura pela bebida, que é quase uma unanimidade nos EUA. Segundo o diretor, 76% dos norte-americanos tomam café.
Marcos Jank, professor do Insper, concorda que essa poderá ser uma consequência do tarifaço. E diz o impacto pode não acontecer apenas para o café. “É geral. Quando eles aumentam a tarifa, no mínimo, em 10%, em alguns casos ultrapassando 45%, obviamente isso vai ter como consequência um desarranjo das cadeias produtivas, um aumento de custos e, possivelmente, um aumento de preços", afirma. "Portanto, aumento de inflação, queda de consumo.
De acordo com Priyanka Sakdeva, analista sênior da Phillip Nova , as tarifas recém-impostas provavelmente piorarão a volatilidade do mercado e aprofundarão a escassez de oferta de robusta. Ela enfatizou que o impacto será particularmente sentido em segmentos que dependem de robusta para produtos de café acessíveis. Substituir robusta por arábica, ela observou, não é uma solução viável devido ao custo mais alto e ao perfil de sabor diferente deste último.
Nguyen Nam Hai, presidente da Associação de Café e Cacau do Vietnã, expressou choque com a escala da tarifa e expressou séria preocupação sobre os contratos de exportação existentes. Ele enfatizou que fornecedores alternativos como Brasil, Indonésia e Costa do Marfim teriam dificuldade para igualar tanto o volume quanto a qualidade do café vietnamita.
Analistas alertam que os importadores dos EUA agora enfrentarão custos de fornecimento mais altos, o que pode afetar os consumidores por meio do aumento dos preços no varejo e da redução da disponibilidade de opções econômicas em cafés e supermercados — tudo isso em um momento em que a indústria global de café já está sob pressão devido aos desafios climáticos, logísticos e econômicos.
O relatório da CFTC referente a 01 de abril mostram que os grandes fundos diminuíram suas posições compradas em 2.940 lotes e aumentaram suas posições vendidas em 1.326 lotes, neste período a variação de março passou de 398,55 cents a 389,05 cents, queda de 9,50 cents. Pelos dados da CFTC (Commodity Futures Trading Commission) divulgados nesta sexta-feira, 04 de abril referente ao dia 01 de abril, mostraram queda de 10,91% nas posições líquidas compradas dos grandes fundos. As posições abertas praticamente ficam estáveis, passando 224.472 lotes para 224.930 lotes.
Segundo os números apresentados, levando-se em consideração apenas as posições futuras os grandes fundos possuíam 34.810 posições líquidas compradas, sendo 43.749 posições compradas e 8.937 posições vendidas. No relatório anterior, referente a 25 de março, eles tinham 39.076 posições líquidas compradas sendo 46.687 posições compradas e 7.611 posições vendidas. As empresas comerciais diminuíram em 3,7% suas posições líquidas vendidas, registravam no dia 01, saldo de 72.719 posições líquidas vendidas, sendo 52.057 posições compradas e 124.776 vendidas. No relatório anterior do dia 25, possuíam 78.767 posições líquidas vendidas, sendo 46.171 posições compradas e 124.935 vendidas.
Os comerciantes disseram que o foco permaneceu no clima no Brasil onde houve algumas chuvas nas áreas de café, mas é preciso chover mais. O Rabobank disse em uma nota que a produção brasileira provavelmente será menor do que a projetada, depois de fazer um tour pela safra no país.
A falta de ofertas do Brasil, juntamente com a produção reduzida e as ofertas do Vietnã continuam. A colheita do Vietnã acabou, mas os produtores estão segurando alguns grãos e estão esperando por preços mais altos. Seguem as preocupações com o clima quente e seco no Brasil. Segundo Jack Scoville, do Price Futures Group, o clima deve se manter adverso para áreas produtoras brasileiras no longo prazo.
Segundo a Safras Consultoria, o mercado doméstico dá sinais de estar um pouco descolado da referência de NY. O comprador não tem acompanhado tanto as oscilações da bolsa e com isso o vendedor trava as negociações. As bases de compra estão bem abertas, difícil a precificação neste momento de entressafra. Os compradores tendem a aguardar a entrada da safra nova na busca por melhores preços.
A corretora StoneX estima a produção do Brasil da safra 2025/2026 em 64,50 milhões de sacas, 2,06 % menor que a estimativa anterior, sendo 38,70 milhões de sacas de café arábica, 3,25 % menor do que sua estimativa anterior e 13,40 % menor ante a safra 2024/2025 e 25,80 milhões de sacas de café robusta, 0,80 % maior do que estimativa anterior e 21,92 % acima dasafra 2024/2025
Segundo a analista do Vietnã Nguyen Quang Binh, os preços das duas bolsas de futuros de café estão enfrentando dificuldades devido à tarifa dos EUA , não porque os EUA colocaram impostos, mas por causa dos temores de que a recessão e a retaliação mútua possam prejudicar a economia mundial e afetar negativamente o mercado.
O professor Niven Winchester de economia na Universidade de Tecnologia de Auckland ( Nova Zelândia ), disse que o Vietnã é um dos países mais afetados por impostos recíprocos , junto com países como Canadá , México , Tailândia , Taiwan , Suíça , Coreia do Sul e China . Usando um modelo para calcular o impacto das mudanças políticas, Winchester estima que tarifas recíprocas e novas tarifas dos EUA poderiam reduzir o PIB do Vietnã em 0,99 %, o equivalente a US$ 5 bilhões, o que significa que cada família perderia cerca de US$ 196 ( equivalente a VND 5 milhões ) por ano.
De acordo com informações do Giacaphe.com, os preços do café na região do Planalto Central caíram drasticamente em comparação à sessão de negociação ante ao dia anterior, uma redução de 2.300 - 2.500 VND/kg. Atualmente, o preço médio de compra está em 131.100 VND/kg. Especificamente, o preço em Dak Lak é 131.000 VND/kg, o preço do café em Lam Dong é 130.200 VND/kg ( R$ 1.750,00 a saca de 60 quilos ), o preço do café em Gia Lai é 131.000 VND/kg e o preço do café em Dak Nong hoje é 131.200 VND/kg.
O mercado doméstico de café está mostrando sinais de estabilidade, no entanto, flutuações no mercado global podem afetar os preços domésticos no futuro próximo. Especialistas dizem que os preços domésticos do café continuarão a flutuar dentro de uma ampla faixa devido ao impacto do clima e do sentimento especulativo.
Após uma série de sessões quentes anteriores, a pressão de realização de lucros de fundos de hedge e investidores empurrou os preços do café para baixo bruscamente. Esse sentimento se tornou mais evidente quando o mercado se preocupou que a oferta melhorada restringiria os aumentos de preços. Além disso, no curto prazo, os preços do café ainda podem sofrer pressão de baixa se as previsões climáticas positivas no Brasil continuarem sendo reforçadas.
No entanto, as expectativas de exportação do Vietnã ainda são positivas, já que o valor das exportações no primeiro trimestre de 2025 atingiu 2,8 bilhões de dólares, e a meta para o ano inteiro pode chegar a 8 bilhões de dólares se os preços permanecerem estáveis ??em torno de 5.500 a 6.000 dólares/tonelada.
Veja no link abaixo, os agricultores do Planalto Central lutam contra a seca severa