A história das Indicações Geográficas teve início em 1756, quando foi estabelecida a região de produção do Vinho do Porto, em Portugal, pelo Marquês de Pombal, tendo por objetivo garantir a procedência, bem como a autenticidade do sistema de produção daquele vinho.
O Cerrado Mineiro foi a primeira Indicação Geográfica de café no Brasil, obtendo a outorga pelo INPI - Instituto Nacional da Propriedade Industrial em 2005, depois de delimitar a região, que compreende municípios do Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba.
Dos produtos brasileiros, o café se destaca pelo número de Indicações Geográficas - IG, muito devido ao fato do país ser o maior produtor mundial com regiões produtoras do Paraná ao Ceará, de Pernambuco a Roraima, e grãos das duas principais espécies comerciais, o arábica e o canéfora.
Com inspiração nas regiões produtoras de vinho, os cafeicultores buscam garantir a origem dos grãos, principalmente para o mercado internacional. Por essa razão, as entidades das principais origens com IG criaram mecanismos de rastreabilidade e certificações, tornando, por outro lado, os processos mais burocráticos, além da adição de taxas que não refletem, necessariamente, em captura de valor pelo cafeicultor.
Este tem sido o principal desafio das IGs, que é o de garantir monetização do produto com origem e qualidade determinada pelos protocolos de produção. Os grãos de café são historicamente comercializados pela perspectiva da qualidade, que determina o preço correspondente, mesmo com a flutuação das cotações nas bolsas de mercadorias.
No último dia 08 de abril, o Governo de São Paulo lançou um ambicioso programa de Rotas do Café de São Paulo, resultado da seleção de 57 atrativos turísticos relacionados à cafeicultura, que foram agrupados em 5 rotas temáticas que combinam produção, história, culinária, cultura e centros de pesquisa científica.
As rotas lançadas são: Mantiqueira Vulcânica (Águas da Prata, Espírito Santo do Pinhal, Caconde e São Sebastião da Grama, entre outros), conhecida também pela produção de queijos e vinhos; Cuesta, Itaqueri e Tietê (Brotas e Dourado), famosa pelas trilhas e turismo de aventura, além de queijos premiados; Circuito das Águas (Serra Negra e Amparo); Mogiana Paulista (Franca, Pedregulho e Altinópolis); e Alta Paulista (Marília e Garça).
Foram listados, também, destinos de visitação que proporcionam uma vivência histórica do café em São Paulo, como o Museu do Café, em Santos, e o Instituto Biológico, na Vila Mariana, em São Paulo, onde se encontra o maior cafezal urbano do mundo.
O programa demonstra decisão muito acertada ao estimular o turismo às origens produtoras cafeeiras, fortalecendo também a economia local por meio de sua culinária e da atividade das pequenas torrefações, além de vincular outros produtos que vêm ganhando destaque como os queijos, com diversas premiações internacionais, vinhos de alto padrão e excelentes azeites, nas áreas altas da Mantiqueira.
Originalmente, produtos com Indicação Geográfica atendem ao modelo de negócio feito direto com o consumidor, o chamado B2C, que é coerente com a proposta do programa, uma vez que, considerando-se apenas o Estado de São Paulo, o número de municípios ou origens alcança a marca de 25.
O turismo é sinônimo de experiência real e de relacionamento com os produtores e artesões, exercendo grande efeito multiplicador, principalmente ao atrair as pessoas com boas e fartas mesas, taças e xícaras.