Mercado sobe apoiado no dólar fraco e ausência de vendas na origem
Por José Roberto Marques da Costa
O volume de negócios nesta quarta-feira em NY atinge somente 26.633 lotes, apenas 528 lotes a mais do que quarta-feira, quando teve volatilidade de 14,70 cents. O julho fechou em queda de 1,20 cents ( 0,32%) a 372,60 cents, com variação de 11,25 cents, de 367,20 cents a 378,45 cents, maior nível desde 04/4, sem força paras buscar a primeira resistência em 379,68 cents. O volume em Londres atingiu 15.758 lotes, 1046 lotes a mais que quarta-feira, quando variou US$ 146. O julho teve queda de US$ 102 ( 1,89% ), variando US$ 171, de US$ 5.226/t a US$ 5.397/t, rompendo o primeiro suporte em US$ 5.296/t, sem força para buscar a segunda em US$ 5.213/t.
Os contratos futuros de café em NY já recuperou 71,8% das perdas que começou no dia 2 de abril, 'Dia da Libertação' em que Trump anuncia o tarifaço com forte ajuda da queda do Índice Dólar ( DXY ) ( ver matéria abaixo ), com gráfico técnico indicando a busca de 90 pontos, queda de 11% ante ao fechamento de desta quinta-feira em 99,13 pontos. No dia 02, julho fechou a 385,20 cents e depois teve perdas nos quatros pregões consecutivo levando a a 340,55 cents dia 9, perda acumulada de 44,65 cents. Depois deste dia começou reação com queda diárias do DXY, deixando o café mais desvalorizado tendo como parâmetro o dólar, e hoje fechou a 372,60 cents, recuperando 32,05 cents, somente nesta semana a alta atingiu 19,00 cents.
O índice do dólar americano (DXY) despencou nas últimas semanas, apagando todos os ganhos obtidos no início do ano e atingindo seu nível mais baixo desde julho de 2023. Ele caiu mais de 9,35% desde seu ponto mais alto este ano. Os preços das grande maioria commodities avançaram impulsionados pela busca por ativos de proteção em meio à crescente aversão ao risco e à fraqueza do dólar americano. A escalada das tensões comerciais tem alimentado o clima de incerteza.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump voltou a criticar o presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), Jerome Powell, nesta quinta-feira (17). “Se eu quiser que Powell saia, ele sairá [do Fed] muito rápido”, disse o presidente dos Estados Unidos. Durante a entrevista coletiva na Casa Branca, Trump disse que não está satisfeito com Powell e que ele não estaria fazendo um bom trabalho. “Se eu pedir, Powell irá deixar o cargo”, acrescentou. A declaração à qual Trump faz referência foi feita por Powell na quarta-feira (16), em discurso no Clube Econômico de Chicago. Powell afirmou que a autarquia enfrenta um cenário desafiador e que os efeitos de políticas sobre a economia permanecem altamente incertos, além de que as tarifas impostas pelo governo Trump devem gerar um aumento temporário da inflação nos Estados Unidos.
Com o DXY sendo atualmente o fundamento mais importante, o gráfico técnico diário mostra que o índice DXY formou vários padrões gráficos altamente baixistas. Primeiro, e mais importante, criou um padrão de xícara e alça invertida, um sinal de continuação altamente baixista no mercado e provavelmente continuará caindo e índice do dólar americano formou um padrão de cruz da morte, com as médias móveis de 50 e 200 dias se cruzando na semana passada. Além disso, o Índice de Força Relativa (RSI) e os indicadores MACD continuaram apontando para baixo, com os vendedores visam o suporte chave em 90 pontos. A perspectiva pessimista será invalidada se o índice subir acima da resistência chave em 103,30 pontos. Se for confirmada sua análise, o DXY a 90 pontos deve levar nas próximas semanal o nível do café do contrato de café arábica em NY entre 410 cents a 420 cents.
Segundo a StoneX Coffee, os contratos futuros de café arábica encerraram a curta semana de negociações com um ganho de 19 centavos em relação à sexta-feira passada. O contrato principal, 25 de julho, registrou um interesse em aberto esta manhã em 67.673 lotes, enquanto o contrato de 25 de maio detinha apenas 5.750 contratos. O Primeiro Dia de Aviso (FND) para o contrato de 25 de maio é na próxima terça-feira. O relatório COT será publicado nesta sexta-feira e pode mostrar um aumento nas posições compradas de traders não comerciais, visto que o início da semana teve volumes moderados com liquidações mais altas. O contrato de 25 de julho foi negociado dentro de uma faixa de 26,35 centavos na semana, entre 352,10 e 378,45, atingindo novas máximas a cada sessão. Isso foi apoiado por um dólar mais fraco e pela ausência de vendas na origem, já que muitos estavam fora do mercado em observância à Páscoa. Os estoques certificados têm subido lentamente, agora se aproximando da marca de 800.000 sacas, com o relatório de desta quinta-feira mostrando um total de 795.588 sacas.
Segunos a corretora ADMISI, os preços do robusta no Vietnã subiram esta semana, já que o foco passou a ser a escassez de oferta após uma pausa temporária nas tarifas dos EUA com o mercado encontrando suporte na semana passada após uma venda técnica e está no processo de determinar se a mudança para os preços recordes em fevereiro foi suficiente para interromper a demanda.
Outro fundamento que está impulsionando a trajetória ascendente são os relatos da piora do clima nas principais áreas produtoras do Brasil. De acordo com relatório da Fundação Procafé, março foi marcado por chuvas abaixo da média nas em áreas de Minas Gerais e São Paulo. As regiões mais críticas são o Alto Paranaíba, o Triângulo Mineiro e a Mogiana. Segundo previsões da Climatempo, a expectativa é para pancadas de chuva isoladas e de fraca intensidade no sábado. Após esse período, as pancadas perdem intensidade nas regiões produtoras de café, e o tempo firme deve predominar.
Segundo o analista de mercado e sócio diretor da Pine Agronegócios, Vicente Zotti, o atual cenário do Brasil é de estoques praticamente zerados para o café conilon/robusta e muito apertados para o arábica. Avaliando os dados levantados pela Pine de cerca de 40 milhões de sacas destinadas para exportação, 20,9 milhões para o consumo interno, diante de um volume de produção de 38 milhões de sacas de arábica e 24 milhões de sacas de conilon, teremos assim os menores estoques de café da série histórica do setor.
Na segunda-feira, o site Notícias Agrícola fez um ótima entrevista com Lúcio Dias, onde aborda a situação dos cafezais as incertezas da safra deste ano e alerta os produtores sobre roubos e a onde armazenar o café para evitar futuros prejuízos. Vela a íntegra da entrevista no link abaixo.
Segundo a Safras & Mercado, as vendas da safra brasileira de café 2025/26, que está em começo de colheita, seguem em ritmo lento, com estimativas girando em torno de 14% da produção total. Segundo o consultor de Safras, Gil Barabach, houve uma leve melhora no interesse entre o final de março e o início de abril, impulsionada pelo retorno das chuvas, pela chegada de café novo precoce ao mercado e, principalmente, pela queda nas cotações internacionais. No entanto, esse maior interesse de venda ainda não se traduziu em um volume expressivo de negócios.
“O produtor, especialmente o de arábica, permanece na defensiva. A principal diferença em relação ao mês anterior é que, agora, o comprador também recuou, adotando uma postura mais cautelosa e reduzindo o fluxo de compras. Esse comportamento mais retraído de ambos os lados explica os preços mais fracos e o ritmo lento das negociações. Com o avanço da colheita, é esperado que algumas dessas resistências sejam superadas, o que deve favorecer o andamento dos negócios, especialmente no segmento de conilon/robusta”, avalia Barabach.
De acordo com levantamento mensal de Safras & Mercado a safra 2024/25 , até o dia 09 de abril, os produtores brasileiros haviam comercializado 95% da safra 2024/25. O número representa um avanço de apenas 2 pontos percentuais em relação ao mês anterior, sinalizando uma desaceleração no ritmo de vendas. Segundo o consultor de Safras & Mercado, Gil Barabach, o fluxo de vendas de café disponível no Brasil segue em ritmo lento neste período de entressafra, marcado por baixa disponibilidade física. Alguns produtores têm demonstrado maior interesse em negociar, motivados pela recente queda nos preços e pela proximidade da nova safra. No entanto, de forma geral, o vendedor ainda atua de maneira defensiva.