Café tem recompras na ICE, mas fecha semana com 2% da perdas
Os contratos futuros de café arábica negociados na ICE Futures US encerraram esta sexta-feira com altas, "descontando" parte das pronunciadas perdas experimentadas ao longo da sessão passada, quando o terminal norte-americano refletiu, de forma considerável, o forte escândalo político que se abateu sobre o Brasil, maior produtor mundial do grão. Se na quinta-feira as liquidações foram a tônica do pregão, nesta sexta se observou uma retomada compradora, ainda que de intensidade bem menos proeminente. O mercado vê com temor os desdobramentos da crise brasileira, já que ela poderá redundar em mudança de comando governamental e, principalmente, em um novo golpe na economia local, que já não ia bem das pernas. As atividades ao longo desta sexta-feira tiveram um viés basicamente técnico e estiveram focadas em aquisições especulativas. Os ganhos vieram quase que naturalmente, após o balde de água gelada da quinta-feira, mas os ganhos não foram dos mais retumbantes, refletindo a posição temerária dos players quanto aos desdobramentos da crise brasileira. A semana foi encerrada na casa norte-americana com desvalorização de 2,11% para a posição julho. O mercado físico brasileiro se mostra moroso, com poucos negócios sendo reportados e com diferenças consideráveis entre o que pedem e ofertam produtores e compradores, respectivamente. A ideia de preços para bons cafés no sul de Minas está no patamar de 475 reais.
No encerramento do dia em Nova Iorque, a posição julho teve baixa de 245 pontos, com 132,10 centavos de dólar por libra peso, com a máxima em 133,40 centavos e a mínima de 128,95 centavos, com o setembro registrando oscilação negativa de 245 pontos, com 134,50 centavos, com a máxima de 135,75 centavos e a mínima de 131,60 centavos por libra. Na Euronext/Liffe, para grãos robusta, o julho teve baixa de 7 dólares, com 1.977 dólares por tonelada, com o setembro tendo desvalorização de 5 dólares, com 1.998 dólares por tonelada.
De acordo com analistas internacionais, o dia foi caracterizado pelas recompras. Na quinta-feira, na esteira da pressão do câmbio com forte alta em relação ao real brasileiro, foram observadas perdas consideráveis e, numa movimentação de ajuste, nesta sexta se registram alguns ganhos. Os operadores continuaram bastante atentos ao clima político no Brasil, já que figuras centrais do governo do país estão envolvidas em um grande esquema de corrupção e, diante de toda instabilidade causada por esse cenário, existe a possibilidade de se verificarem problemas mais incisivos na economia local, que, já há alguns anos, vem apresentando comportamentos negativos. O café em Nova Iorque teve abertura negativa de 35 pontos, mas o fôlego das liquidações se mostrou muito limitado. A máxima chegou aos 133,40 centavos e, a partir daí, as recompras passaram a ser acionadas. Com a abertura do mercado cambial no Brasil, com altas consideráveis do real ante o dólar, se solidificaram os avanços que já se apresentavam. A máxima do dia atingiu a marca de 135,75 centavos. No segmento externo, dia de altas para as bolsas de valores nos Estados Unidos, com as commodities softs registrando valorização para café e açúcar e perdas para cacau, algodão e suco de laranja.
"O fator Brasil atingiu o mercado de forma consistente e tivemos um encerramento de semana bem mais tenso. Mas, mesmo com as oscilações mais efetivas, o que verificamos é que não tivemos uma 'busca' por suportes ou resistências mais efetivos. Pelo lado de altas, deveríamos buscar os 133,55 centavos para tentar, desse modo, atingir níveis mais consideráveis. Ainda dentro de uma linha gráfica, temos um suporte interessante em 128,90 centavos", disse um trader.
A colheita de café da safra de 2017/2018 no Peru deve crescer 7%, para 4,5 milhões de sacas de 60 quilos, projetou nesta quinta-feira o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos. A produção no País latino-americano está em processo de retomada depois do surto de ferrugem nas folhas de café, que afetou quase 50% da safra de 2013/2014, apontou o relatório. O consumo doméstico para 2017/2018 está estimado em 180 mil sacas, mostrando um crescimento de 10 mil, comparado à safra atual, apesar do consumo global de café permanecer baixo.
As exportações brasileiras no mês de maio, até o dia 16, totalizaram 782.854 sacas de café, queda de 0,93% em relação às 790.263 sacas do mesmo período do mês anterior, de acordo com informações do Cecafé (Conselho dos Exportadores de Café do Brasil).
Os estoques certificados de café na ICE Futures US tiveram alta de 4.741 sacas, indo para 1.449.055 sacas.
Tecnicamente, o julho na ICE Futures US tem resistência em 133,40, 135,35, 135,50, 135,65, 136,00, 136,50, 137,00, 137,35, 137,50-137,55, 137,75, 138,00, 138,50, 139,00, 139,50 e 140,00 centavos de dólar, com o suporte em 128,95-128,90, 128,00, 127,50, 127,00, 126,50, 126,00, 125,50, 125,10-125,00, 124,50, 124,00 e 123,50 centavos.
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