Em mercado surrealista, os "vendidos" estão apostando na alta
Por José Roberto Marques da Costa
O volume de negócios nesta sexta-feira atingiu 32.807 lotes, 3.028 lotes a mais do que quinta-feira, quando teve volatilidade de 10,15 cents. O julho fechou em queda de 5,95 cents ( 1,7% ) a 342,45 cents, menor nível desde 11 de abril, com variação de 9,80 cents, de 341,20 cents a 351,00 cents rompendo o primeiro suporte do dia em 344,60 cents. Na semana acumula perda de 18,55 cents ( - 5,1% ) e no mês de maio atinge 58,30 cents ( - 14,5% ) e no ao de 2025 teve ganho de 22,70 cents ( + 7,1% ).
O volume de negócios em Londres atingiu 24.880 lotes, 1.924 lotes a mais que quinta-feira, quando teve a variação de US$ 123. O julho fechou em queda de US$ 56 ( - 1,22% ) a US$ 4.510/t, menor nível desde 12 de abril de 2024, variando US$ 137, de US$ 4.440/t a US$ 4.577/t, também rompendo o primeiro suporte do dia em US$ 4.509/t. Na semana acumula perda de US$ 280 ( - 5,84% ) e no mês de maio perda de US$ 859/t ( - 16% ) e no ano de 2025 acumula perda de US$ 346/t ( 7,1% ). A diferença de preço entre NY e Londres cai para 137,87 cents a ante a 141,28 cents na quinta-feira,
Em mercado, onde os fundamentos estão sendo colocados de lado e com os indicadores de sobrevendido estão extremamente sobre carregados, os preços dos contratos futuros do café arábica e robusta fecharam em queda, refletindo o avanço do dólar no exterior, que torna a commodity mais cara para detentores de outras moedas, e após dados de inflação mais fracos aumentarem as expectativas por cortes de juros pelo Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA).
Mais cedo, os dados mostraram que o índice de preços de gastos com consumo (PCE) dos Estados Unidos, a medida de inflação preferida do Fed, subiu 2,1% em abril em base anual, abaixo da previsão de 2,2%, levando os investidores a apostar em novos cortes de juros pelo Fed, o que beneficia o ouro.
O indicador favorito do Fed (Federal Reserve, o banco central norte-americano) para balizar as decisões de política monetária subiu 0,1% na base mensal em abril, ante estabilidade no mês anterior. No acumulado de 12 meses, o indicador desacelerou para 2,1%, de um ganho de 2,3% março. Os números vieram praticamente em linha com o esperado.
Com os dados desta sexta, o mercado mantém as apostas de que o primeiro corte na taxa de juros -hoje na faixa de 4,25% e 4,5%- ocorrerá em setembro. Os rendimentos dos títulos ligados ao Tesouro dos EUA voltaram a subir, sinalizando que o mercado ainda aposta em juros elevados nos Estados Unidos por mais tempo.
As previsões levam em conta, também, os efeitos da política tarifária sobre a economia. Nesta sexta, Trump acusou os chineses de violarem a trégua estabelecida no meio do mês. “Eu fiz um acordo rápido com a China para salvá-los do que eu achava que seria uma situação muito ruim, e eu não queria ver isso acontecer”, publicou o presidente na plataforma Truth Social. “A China, talvez não surpreendentemente para alguns, violou totalmente seu acordo conosco. Adeus ao papel de bonzinho!” Trump não deu detalhes de como essa violação ocorreu.
A Agnocafé sempre faz analista mais minuciosa dos relatório dados da CFTC porque contem informações que mostra um "radar" no mercado futuro, nesta semana, os dados referente a 27 de maio mostram que os grandes fundos diminuíram suas posições compradas em 1.640 lotes e aumentaram em 677 lotes suas posições vendidas, neste período a variação de julho passou de 369,30 cents a 361,00 cents, queda de 8,30 cents. Pela lógica, quando há queda em NY, os comerciais ( "vendidos") aumentam suas posições liquidas vendidas, mas ultimamente eles estão diminuído a atualmente com um dos menores da história.
Neste semana, apesar da queda 2,24%, os comerciais continuaram diminuindo suas posições líquidas vendidas. Nas últimas duas semanas, a queda acumula foi de 15,35 cents e os comercias diminuíram em 7,7% suas posições líquidas vendidas. A um mês atrás, quando os contratos futuros de julho operava 399,80 cents, a posição líquidas dos "vendidos" estavam com 68.580 posições líquidas. Os preços em NY teve queda de 30,50 cents nos últimos 30 dias, queda de contratos líquidos vendidos foi de 10 mil lotes ( - 14,58% ), os comerciais estão saindo de posições vendidas evitando futuras perdas econômicas em futura cobertura de posições, evitando de serem estopados novamente . Em mercado irracional ( surrealista), os "vendidos" estão apostando na alta.
Pelos dados da CFTC (Commodity Futures Trading Commission) divulgados nesta sexta-feira, 30 de maio referente ao dia 27 de maio, mostraram queda de 8,9% nas posições líquidas compradas dos grandes fundos. As posições abertas tiveram alta, passando 185.782 lotes para 190.384 lotes. Segundo os números apresentados, levando-se em consideração apenas as posições futuras os grandes fundos possuíam 23.577 posições líquidas compradas, sendo 32.884 posições compradas e 9.307 posições vendidas. No relatório anterior, referente a 20 de maio, eles tinham 25.895 posições líquidas compradas sendo 34.524 posições compradas e 8.630 posições vendidas. As empresas comerciais diminuíram em 4,5% suas posições líquidas vendidas, registravam no dia 27, saldo de 58.577 posições líquidas vendidas, sendo 50.828 posições compradas e 109.405 vendidas. No relatório anterior do dia 20, possuíam 61.331 posições líquidas vendidas, sendo 46.682 posições compradas e 108.013 vendidas.
Segundo Eduardo Carvalhães, as projeções da produção brasileira de café em 2025/2026, apontam para um cenário no novo ano-safra, que começará em julho próximo, semelhante ao do atual 2024/2025. Temos como agravante, os estoques de passagem ao final de junho próximo, que serão historicamente baixos, provavelmente os menores desde que começamos a registrar esses números. Todos os relatos que ouvimos, de cooperativas, produtores, comerciantes e exportadores, confirmam os armazéns vazios, sendo que o pouco café remanescente ainda depositado nesses armazéns, já estão, em quase sua totalidade, comprometidos com os embarques brasileiros de junho e início de julho. Somos os maiores exportadores e segundo maiores consumidores de café, e todos nossos compromissos com exportações e consumo terão de ser atendidos com a nova safra que começamos a colher. Em 2024, exportamos mais de 50 milhões de sacas e consumimos 22 milhões de sacas. Para agravar esse quadro, os estoques de café também são baixos nos demais países produtores, e nos países consumidores.
Segundo Leonardo Rossetti, analista da StoneX, o primeiro fator que direcionou a queda do café foi o avanço da colheita no Brasil, especialmente do robusta, que aumenta a disponibilidade no mercado. Soma-se ao quadro baixista, o cenário climático favorável. Nos últimos dias, diminuíram as preocupações com o clima, que virou pauta constante no mercado. Havia o receio de que a massa polar presente no Sul pudesse afetar áreas cafeeiras no Sudeste, o que não se confirmou. As variações climáticas seguirão no radar dos investidores, já que uma nova massa de ar polar deve atingir o país entre os dias 10 e 11 de junho. Mas os preços podem se manter em um canal de queda, olhando para o bom andamento da safra brasileira. No ano passado nós tínhamos a presença do fenômeno El Niño, que não deixou que as massas de ar frias avançassem até o Sudeste. Esse não há a presença do fenômeno, mas se não houver risco de geada, a continuidade da colheita abre espaço para o preço do café cair ainda mais.
Segundo artigo da Reuters, a produtividade do café arábica está se inclinando para a extremidade inferior. O ciclo bienal do café arábica alterna entre anos de maior e menor produção, e espera-se que 2025 seja um ano de baixa. É raro encontrar fazendas com alta produtividade este ano", disse Jonas Ferraresso, agrônomo de café que assessora agricultores.
O clima seco no início da temporada levou a grãos pouco desenvolvidos e de tamanho inferior no terço superior de muitas árvores, enquanto as cerejas do café que amadureceram mais cedo já caíram no chão e provavelmente também serão de qualidade inferior, "Estimo que cerca de 20% a 30% da safra de arábica consistirá de grãos defeituosos ou de qualidade inferior, enquanto 70% a 80% serão de boa qualidade", disse ele.
A agência de previsões independentes Pine Agronegocios estima que a produção de café do Brasil em 2025/2026 totalizará 59,75 milhões de sacas , incluindo 36,46 milhões de sacas de Arábica e 23,29 milhões de sacas de Robusta. Eles esperam que as exportações do ano- safra fiquem em torno de 39,24 milhões de sacas e consumo interno de 20,90 milhões de sacas. A nova estimativa foi menores que as anteriores, previsão média para a safra brasileira de café de 2025/2026 é de 64,50 milhões de sacas,
Pelas últimas informações obtidas pela Agnocafé, a queda de rendimento do café arábica deve ficar em média em 15% e as últimas estimativas de mercado safra de café arábica, variam entre 35 milhões a 41 milhões de sacas. fazendo as contas, com a queda de renda de 15%, a produção deve ficar em 30 milhões 35 milhões de sacas, volume insuficiente para atender o mercado que pode gerar um déficit de 15 milhões de sacas, somando a queda de safra da Colômbia e do Vietnã. Com o quinto ano consecutivo de déficit, a Agnocafé alerta, "a era do café barato acabou e futuro deve ser ainda mais caro".
Alerta aos cafeicultores: ONU prevê aquecimento global recorde até 2030
O mundo deve enfrentar uma nova onda de recordes de temperatura nos próximos cinco anos — com o Ártico aquecendo a uma taxa mais de três vezes superior à média global. O alerta vem de um relatório divulgado nesta quarta-feira (28) pela OMM (Organização Meteorológica Mundial), agência da ONU especializada em clima. Segundo o levantamento, há 80% de chance de que pelo menos um dos próximos cinco anos registre calor recorde. A probabilidade de que a média de aquecimento global ultrapasse os 1,5°C em relação aos níveis pré-industriais também é alta — marca que representa o limite estabelecido no Acordo de Paris.
O ano de 2024, o mais quente já registrado, foi também o primeiro a ultrapassar esse limite temporariamente, desafiando o pacto climático assinado em 2015, que compromete os países a evitar um aquecimento global superior a 1,5 °C. De acordo com a OMM, a temperatura média global próxima à superfície deve ficar entre 1,2°C e 1,9°C acima dos níveis pré-industriais até o fim de 2029 — cenário que tende a intensificar eventos climáticos extremos. “Cada fração adicional de grau de aquecimento provoca ondas de calor mais prejudiciais, chuvas extremas, secas intensas, derretimento de mantos de gelo, calotas polares e geleiras, aquecimento dos oceanos e elevação do nível do mar”, afirmou a organização em comunicado.
O Ártico é uma das regiões mais vulneráveis: o relatório prevê que o aquecimento por lá será 2,4°C acima da média das últimas três décadas — mais de 3,5 vezes superior à média global — durante os próximos cinco anos. A consequência será o derretimento acelerado do gelo, tanto na região quanto no noroeste do Oceano Pacífico. Ainda segundo o relatório, temperaturas globais devem permanecer em níveis recordes ou próximos disso até o final da década. Entre 2025 e 2029, o período de maio a setembro deve registrar chuvas acima da média em regiões como o Sahel, o norte da Europa, o Alasca e o norte da Sibéria. Já na Amazônia, a previsão é de uma estação mais seca do que o normal.
A era do café barato acabou
Em artigo da Franziska Bill publicado pela DW, ela descreve que o aumento dos preços é impulsionado por uma combinação de fatores. Condições climáticas extremas em países produtores como Brasil, Colômbia e Vietnã levaram a colheitas ruins. Some-se a isso a interrupção das cadeias de suprimentos, a instabilidade política e a escassez de contêineres, e o resultado é um mercado volátil. Os importadores na Europa estão recebendo menos remessas e os controles de qualidade estão se tornando mais rigorosos devido a preocupações com mofo e contaminação. Até mesmo torrefadores especializados, que têm relacionamentos de longa data com os produtores, estão enfrentando dificuldades. Alguns relatam a necessidade de segurança para proteger seus grãos contra roubo, enquanto outros perderam clientes de supermercados que não estavam dispostos a arcar com os custos mais altos.
O preço do café está tão caro, não se trata apenas de oferta e demanda. As mudanças climáticas estão dificultando cada vez mais o cultivo do café, enquanto novas regulamentações da UE em breve exigirão provas de que os grãos não estão ligados ao desmatamento, aumentando a pressão sobre os produtores. Tarifas, especialmente sobre os grãos robusta do Vietnã, também estão remodelando as rotas comerciais globais. " A era do café barato pode ter acabado e futuro do café pode ser ainda mais caro" disse um especialista, Agnocafé acrescenta "A era do café barato acabou e futuro deve ser ainda mais caro"
Segundo dados do Cecafé (Conselho dos Exportadores de Café do Brasil), até dia 30 de maio, os embarques brasileiros do mês totalizaram 2.713.919 sacas, queda de 7,7% (média de 90.466 sacas), sendo 2.197.026 sacas de café arábica, 196.846 sacas de café conillon e 320.047 sacas de café solúvel. Os pedidos de emissão de certificados de origem para embarque de maio totalizavam 2.946.501 sacas, queda de 10,5%, sendo 2.946.501 sacas de arábica, 2.406.885 sacas de conillon e 341.358 sacas de solúvel. Pela projeção dos embarques diários, em maio a exportações devem atingir 3,160 milhões de sacas.