Números de 2025 confirmam previsões do Conselho Nacional do Café
Leia, na sequência, artigo de autoria de Silas Brasileiro, presidente do CNC (Conselho Nacional do Café).
Em 2024, registramos um marco histórico: o Brasil alcançou recorde de exportações, impulsionadas, em nossa visão, por uma antecipação expressiva dos compradores, temerosos com a entrada em vigor do Regulamento de Produtos Livres de Desflorestamento da União Europeia (EUDR), que estava prevista para 31 de dezembro de 2024 – que, por fim, foi prorrogada por um ano.
Como o Conselho Nacional do Café (CNC) por tantas vezes se manifestou, a demanda por segurança regulatória levou a esse aumento, e os números em 2025 já confirmam essa dinâmica reversa — há uma normalização do fluxo, indicando o fim da antecipação atípica.
Em maio de 2025, as exportações recuaram para 2.963.201 sacas, o que representa uma queda de 33 % em relação ao mesmo mês de 2024 (segundo o Cecafé). Já no acumulado de janeiro a abril, registramos 13,81 milhões de sacas, volume 15,5 % menor que no mesmo período do ano passado, embora a receita cambial tenha batido recorde, com US$ 5,23 bilhões e saca média a US$ 382,44. Isso se deve a dois fatores principais: o primeiro, já mencionado, é a antecipação das compras. O segundo são os desafios logísticos, que dificultam o envio de cafés ao exterior.
Este reposicionamento reforça o que sempre afirmamos: não vai faltar café para abastecer o mercado. Estamos no meio de uma entressafra, amparados pelos estoques remanescentes de safras anteriores, mesmo que extremamente baixos.
Dissemos, antecipadamente, que com a colheita da safra 2024/25, aproximadamente 60 milhões de sacas, os preços tenderiam a recuar a partir de maio/junho de 2025 — e é exatamente isso que se observa neste início de entressafra: os valores se ajustam aos maiores volumes disponíveis, equilibrando oferta e demanda.
Essa mudança atinge toda a cadeia: consumidores, indústrias, traders, importadores e compradores externos se beneficiam dos preços mais equilibrados, além do consumidor, para que ele mantenha o saudável hábito de tomar o seu café.
Com preços remuneradores os produtores – com o apoio de suas cooperativas – podem planejar melhor suas próximas safras, com previsibilidade e mecanismos de gestão adequados.
Além disso, a sustentabilidade segue sendo nosso diferencial. Nossa cultura cafeeira já opera dentro dos critérios sociais, ambientais e trabalhistas exigidos pela EUDR, o que reiteramos em diversas missões, inclusive com a recente visita da Sra. Hannelore Beerlandt, Chefe de Operações da Organização Internacional do Café (OIC), ex-presidente da Federação Europeia do Café, ao Brasil. Ela conheceu o sistema de produção dos nossos cafés. Isso amplia nossa reputação global, alavanca os cafés brasileiros e fortalece a nossa imagem como fornecedor confiável.
A cafeicultura brasileira segue firme, sustentável e comprometida – o resultado de um trabalho sério e integrado entre cooperativas, produtores, exportadores, entidades públicas e privadas. Seguiremos vigilantes e atuantes, garantindo que o Brasil continue produzindo dentro do princípio da sustentabilidade, sendo uma produção regenerativa, preocupada com a saúde do solo e a preservação dos recursos hídricos, mantendo a posição como referência mundial no mercado de café.