Cooperativas de café capixabas conhecem projeto do biochar
Um projeto que promete sustentabilidade nas lavouras utilizando biochar – um biocarvão obtido pela transformação da palha de café, foi apresentado à representantes de cooperativas cafeeiras do Espírito Santo. A técnica é desenvolvida por uma startup francesa.
Representantes da Cooperativa dos Cafeicultores do Sul do Espírito Santo (Cafesul), da Cooperativa Agraria dos Cafeicultores de São Gabriel (Cooabriel) e da Cooperativa Agropecuária Centro-Serrana (Coopeavi) conheceram o projeto por meio do diretor-presidente da NetZero no Brasil, Pedro Figueiredo.
O biochar é obtido por meio da transformação de matérias orgânicas em carvão biológico mediante processamento em reatores. O ineditismo aqui se dá pela utilização da palha de café. De acordo com Figueiredo, o biochar é uma técnica eficaz para sequestrar carbono da atmosfera e pode ser usado como fertilizante nas lavouras.
“Nossa missão é limpar a atmosfera utilizando os resíduos do agronegócio produzindo biochar. Aí entra a palha do café, um dos resíduos que começamos a transformar em biochar” explicou.
Figueiredo informou que, na COP26, em Glasgow na Escócia, o biochar foi acreditado como um sequestrador de CO2. Segundo ele, atualmente, a única maneira sustentável de produzir na agricultura sem emitir carbono é usando essa técnica, que também gera benefícios para os produtores como a melhoria da qualidade do solo e o aumento de rendimento, faturamento e criação de empregos sustentáveis.
Figueiredo disse que para cada quilo de café verde são emitidos 1,4 quilos de carbono na atmosfera e cerca de 85% do volume é proveniente dos fertilizantes químicos, contando desde a produção do insumo.
“Um terço da emissão pode ser reduzida ou sequestrada pela produção de biochar”, detalhou. “Um reator vai usar oito mil toneladas de palha de café. Cerca de duas mil toneladas de biochar vão ser geradas a partir disso por ano”, completou o palestrante.
A primeira unidade da NetZero foi construída em Nkongsamba, em Camarões. Sua capacidade de produção pode chegar a 2.000 toneladas de biochar por ano. Atualmente a empresa conta com mais duas unidades de produção: uma em Lajinha (MG) e outra em Brejetuba (ES). Duas usinas adicionais estão em construção no Brasil. Essas fábricas contarão com melhorias adicionais de P&D e ajudarão a demonstrar ainda mais a replicabilidade e escalabilidade do nosso modelo.
A matéria-prima é palha de café e será fornecida pela Coocafé. O biochar resultante será vendido aos agricultores da cooperativa para ajudá-los a reduzir o uso de fertilizantes, aumentando a produtividade e melhorando a saúde do solo. Sua capacidade de produção chegará a 4.000 toneladas de biochar por ano – o dobro da de Camarões. (Com informações da OCB/ES e da NetZero).