CNC: café brasileiro se prepara para cumprir Lei antidesmatamento da UE
Durante o webinar “Diálogos da cadeia do café sobre a lei antidesmatamento da União Europeia (EUDR)”, realizado pela Fundação Solidaridad no último dia 24 de junho, o presidente do Conselho Nacional do Café (CNC), Silas Brasileiro, apresentou a posição do setor da produção diante das exigências da nova regulamentação europeia. O evento faz parte do projeto “Caminhos da sustentabilidade para os laços comerciais UE-Brasil” e reuniu importantes atores da cadeia produtiva para discutir desafios, soluções e impactos da EUDR no setor.
Na ocasião, Silas destacou que o Brasil está em posição de destaque para atender às exigências da nova legislação, que proíbe a importação de produtos ligados ao desmatamento e exige rastreabilidade completa. Ele lembrou que, em 2024, quase metade dos US$ 11,4 bilhões exportados em café pelo Brasil teve como destino a União Europeia, com destaque para Alemanha, Bélgica e Itália.
O presidente do CNC ressaltou que o café é a commodity agrícola brasileira com o menor índice de risco de desmatamento, representando apenas 0,1% das áreas desmatadas no país (de acordo com pesquisa do Instituto Internacional para o Desenvolvimento Sustentável (IIS).
Da mesma forma, um estudo da Universidade Federal de Minas Gerais constatou que 99% das 115.000 propriedades rurais produtoras de café registradas no Cadastro Ambiental Rural (CAR) em Minas Gerais não apresentaram desmatamento significativo após 2008.
“O Brasil sempre foi pioneiro no uso de tecnologias para monitoramento do uso da terra e desmatamento. Isso pode se transformar em uma vantagem competitiva para os nossos produtores”, afirmou.
Silas também enfatizou que o Brasil dispõe de uma base legal sólida, com leis ambientais, fundiárias, trabalhistas e de direitos humanos rigorosas. No entanto, alertou para o risco de fragmentação nos processos de verificação por parte dos importadores europeus, o que pode sobrecarregar produtores, cooperativas e exportadores.
Como solução, o CNC defendeu a adoção de ferramentas públicas e gratuitas de verificação, como as plataformas SeloVerde, já em operação em Minas Gerais, a AgroBrasil+Sustentável, desenvolvida pelo Governo Federal e uma nova opção que está sendo desenvolvida pela Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB), para mapear a conformidade legal de propriedades rurais em todo o país.
“O Brasil está preparado para enfrentar esse desafio e provar que o nosso café é legal, rastreável e livre de desmatamento. Podemos ser ainda mais uma referência global em sustentabilidade”, concluiu Silas Brasileiro.
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