"Tarifação" pode interromper os embarques de café para os EUA
Por José Roberto Marques da Costa
O volume de negócios em NY atinge 40.820 lotes, 15.703 lotes a mais do que quinta-feira, quando teve a volatilidade 16,95 cents. O setembro fechou em queda de 1,30 cents ( 0,45% ) a 286,50 cents, variação de 12,55 cents, de 285,05 cents a 297,60 cents, maior nivel dos últimos 8 pregões, ultrapassando a primeira resistência do dia em 295,70 cents. Na semana, a volatilidade atingiu 20,35 cents, de 277,25 cents, novo suporte no curto prazo, a 297,60 cents e acumulando perda de 3,10 cents ( 0,10 )
O volume em Londres atingiu 15.791 sacas, 6.924 lotes a menos que quinta-feira, quando teve a volatilidade de US$ 171/t. O setembro fechou em queda de US$ 104, a US$ 3.216/t ( 3,1% ), no menor nível desde 22/05/2024, variando US$ 212, de US$ 3.204/t a US$ 3.416/t, rompendo o primeiro suporte do dia, em US$ 3.252/t. Na semana, a volatilidade foi US$ 465 a tonelada, de US$ 3.204/t a US$ 3.669/t, acmulando perda de US$ 461 ( 12,5% ). A diferença de preço entre as duas bolsas que estava em 126 cents no começo da semana, ampliou para 146 cents.
O relatório da CFTC referente a 08 de julho mostram que os grandes fundos aumentaram em 906 lotes suas posições compradas e diminuíram em 109 lotes suas posições vendidas, neste período a variação de julho passou de 291,95 cents a 291,95 cents, queda de 5,65 cents. Os dadosmostraram alta de 8,7% nas posições líquidas compradas dos grandes fundos. As posições abertas tiveram alta de 4,6%, passando 192.250 lotes para 198.899 lotes. Nas três últimas semana posições em abertas teve uma alta muito expressiva de 14%, cerca de 24.654 lotes a mais. Com as forte queda das últimas semanas, os comercias ( vendidos) continuam diminuindo de suas posições líquidas vendidas, uma performante anormal
Segundo os números apresentados, levando-se em consideração apenas as posições futuras os grandes fundos possuíam 15.708 posições líquidas compradas, sendo 30.046 posições compradas e 14.338 posições vendidas. No relatório anterior, referente a 01 de julho, eles tinham 14.447 posições líquidas compradas sendo 29.140 posições compradas e 14.245 posições vendidas. As empresas comerciais diminuíram em 2,5% suas posições líquidas vendidas, registravam no dia 08, saldo de 47.971 posições líquidas vendidas, sendo 55.213 posições compradas e 102.184 vendidas. No relatório anterior do dia 01, possuíam 49.220 posições líquidas vendidas, sendo 53.175 posições compradas e 102.393 vendidas.
Na análise de quinta-feira, mencionei, "apesar do último gráfico técnico dos contratos de café arábica indicava um movimento de baixa com o rompimento nível 300,50 cents no último dia de junho, formando movimentos negativo na busca dos níveis próximo a 272,00 cents. Para supressa do mercado, encontrou fortíssimo suporte em 277,25 cents onde é acionado stops de compras dos "tubarões", no pregão de hoje foi a 3 vezes nos últimos 4 pregões, na segunda feira foi 227,55 cents, terça-feira 277,25 cents e hoje 277,60 cents, passando rapidamente para 284 cents e depois para 292,00 cents.
Depois de ter encontrado uma tripla resistência ou triplo suporte, o gráfico técnico tente se inverter ( mudança de rumo ), passando de tendência negativa para positiva com forte suporte em 277,25 cents, que impediu se objetivo na buscar 272,00 cents. Com a máxima de hoje acima de 294,00 cents, tudo indica que deve buscar a primeira resistência e depois 300,50 cents, onde foi o início da tendência de baixa no último dia de junho, acima deste nível deve recuperar algumas perdas com sua alta em direção acima de 310 cents".
No pregão desta sexta-feira, foi uma comprovação que o mercado de café está sendo uma "ativo financeiro" com mais de 200 mil lotes de posições em aberto, muito sensível a qualquer informações externas. Na primeira parte do pregão, tudo indicava que poderia buscar níveis acima de 300,00 cents, como indicava o gráfico técnico, mas com a notícia de que o governador de São Paulo Tarcísio de Freitas estava em reunião com encarregado de negócios dos Estados Unidos no Brasil para tentar diminuir a tarifa de 50% imposta por Donald Trumpm o rumo mudou completamente. Antes da notícia, setembro em NY operava com altas de mais de 8,00 cents, acima de 296,00 cents e depois começou a perder os ganhos, chegando a operar abaixo de 286,00 cents. Em mercado fortemente expeculativo, esta nóticia fez os contratos de café arábica em NY perder 10 cents e o contrato de robusta no setembro em Londres que estava operando acima de US$ 3.400/t, derreteu, fechando abaixo de US$ 3.220/t, perda de US$ 180 por tonelada.
Na próxima semana, a performance do mercado vai continuar sendo influenciado pela esta tarifa, o Brasil é o maior produtor e exportador de café do mundo, enquanto os Estados Unidos são seu maior cliente e o maior consumidor mundial da bebida. De todo o café que o país consome, nada menos que 33% dele vem do Brasil. Fontes do comércio de café disseram que a nova tarifa, se confirmada em 1º de agosto, poderá praticamente interromper os embarques de café brasileiro para os Estados Unidos, e o país não conseguirá se abastecer em outro lugar com volumes ou preços semelhantes.
Segundo Eduardo Carvalhaes, " ainda é cedo para avaliar os efeitos da nova tarifa a longo prazo.Teremos de aguardar os próximos dias e observar os desdobramentos da imposição de uma taxa que atrapalha e pune os centenários negócios de café entre brasileiros e americanos, a imposição que considera “tecnicamente incompreensível”. “É uma decisão que não tem ganhadores. Certamente os importadores americanos dos nossos cafés irão trabalhar conosco para tentar reverter essa decisão danosa para os cafeicultores brasileiros e para os consumidores americanos" .
Além dos preços dos EUA, os especialistas disseram que as tarifas do Brasil são "altistas" no curto prazo para os futuros de café negociados na bolsa em NY , vistos como referência global de preços, porque criam demanda nos EUA por estoques certificados pela bolsa. Os futuros do café na bolsa tendem a subir quando os estoques caem, pois isso sinaliza um aperto na oferta. " NY está refletindo um desejo maior de possuir estoques de café nos EUA. Essa recuperação é pequena e pode ficar mais forte", disse Alberto Peixoto, diretor da corretora e consultoria AP Commodities. " Não acho que será economicamente viável vender café para os EUA com 50% de imposto. Vamos ver o desenrolar disso, mas ficou complicadíssimo”, avaliou um diretor de uma das maiores companhias exportadoras de café do Brasil, sob condição de anonimato.
Segundo o diretor-geral do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), Marcos Matos, o consumidor de café dos EUA será onerado com a tarifa de 50% e a entidade acompanha com muita atenção a discussão sobre tarifas dos EUA, que são o maior mercado consumidor de café do mundo, enquanto o Brasil é o principal produtor e exportador. Nós temos esperança de que o bom senso prevaleça, a previsibilidade de mercado, porque nós sabemos que quem vai ser onerado é o consumidor norte-americano. E tudo que gera impactos ao consumo é ruim para fluxo de comércio, ruim para indústria e desenvolvimento dos países. Cerca de um terço do café consumido nos EUA é fornecido pelo Brasil. Em 2024 as exportações de café do Brasil superaram 50 milhões de sacas de 60 kg pela primeira vez na história, com ganho de mercado frente a concorrentes asiáticos. Os embarques aos EUA somaram 8,13 milhões de sacas no ano passado, um aumento de 34% ante 2023.
O presidente do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), Márcio Ferreira, disse à Reuters TV que seria preciso uma negociação, já que os EUA são os maiores consumidores globais de café, e não produzem o grão, enquanto o Brasil é o maior produtor e exportador do mundo, e tem os EUA como principal destino. "O que a gente entende, volto a dizer, é que com um pouco de calma, conversando, nem um lado nem o outro sairá vitorioso. Com tarifas tão altas, todos saem perdendo", disse ele. Sem um acordo, ele comentou que o volume exportado deve ser afetado, enquanto o consumidor dos EUA será onerado. "Se você tem aumento de tarifa, você vai ter um impacto também no consumo... onera mais o preço do produto e o impacto é de mão dupla, não só prejudica a origem, prejudica também o consumidor", disse.
O diretor técnico do Cecafé, Eduardo Heron, destacou as incertezas sobre a data da cobrança da tarifa. "O que estamos apurando é qual será o critério utilizado, se a data de embarque no país de origem, ou a data que entra no país. Por ora, isso não está definido", declarou. Dependendo disso e do porto dos EUA que receberá a carga, haveria alguma chance de se evitar a tarifa de 50%, em um primeiro momento, mas há preocupações sobre eventual impasse, caso a data da tarifa, 1º de agosto, seja a de entrada no país.
Das mais de 8 milhões de sacas que o Brasil exportou aos EUA no ano passado, aproximadamente 31% entraram pelo porto de Nova Orleans. A viagem do porto de Santos, o principal exportador brasileiro, até lá leva 25 dias, segundo o diretor do Cecafé. O segundo maior porto importador de café dos EUA é o de Nova York, que recebeu 1 milhão de sacas do produto brasileiro em 2024. Para lá, o tempo de viagem é de 16 dias. "Então este café saindo hoje do Brasil chegaria lá sem problema (antes de 1º de agosto). Com tempos de viagem diferentes, o que estamos tentando apurar, e não tivemos acesso a essa informação, é qual será o critério para aplicação da tarifa." Em um documento publicado nesta semana, o governo dos EUA não deixa isso claro, segundo o diretor do Cecafé
Segundo estimativa publicada nesta quinta-feira (10) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ·( IBGE ), a produção brasileira, foi estimada 57,5 milhões de sacas. A produção de café arábica de 37,5 milhões de sacas de 60 kg, aumento de 0,8% em relação ao mês anterior e declínio de 6,2% em relação ao volume produzido em 2024. O café conillon em 20,0 milhões de sacas.
Baseados neste números do IBGE, com uma queda em média de 15% depois do beneficiamento, a produção de café arábica deve ficar em 31,875 milhões de sacas e fazendo uma projeção para os próximos 12 meses, com estoques remanescentes praticamente zerados e consumo de 22 milhões de sacas do mercado interno, pode-se chegar a um número de que o Brasil não vai ter café suficiente para atender a todos.
Segundo dados do Cecafé (Conselho dos Exportadores de Café do Brasil), até dia 10 de julho, os embarques brasileiros do mês totalizaram 679.891 sacas, queda de 30% (média de 67.989 sacas), sendo 486.622 sacas de café arábica, 140.234 sacas de café conillon e 53.035 de café solúvel. Os pedidos de emissão de certificados de origem para embarque de julho totalizavam 971.852 sacas, queda de 30%, sendo 682.254 sacas de arábica, 162.666 sacas de conillon e 122.932 sacas de solúvel. As projeções pelos embarques diários indicam exportações de 2,4 milhões de sacas em julho. Em junho foram exportadas 2,6 milhões de sacas, que projeta embarque em junho e julho de 5 milhões de sacas, queda de 25,4% em relação ao mesmo periódo de 2024.
Data: 12/07/2025 10:55 Nome do Usuário: Fabio Comentário: Café tem e MUITO, SÓ GOSTARIA DE SABER COMO O IBGE FAZ ESTE LEVANTAMENTO KKKKK ACHO QUE É NO CHUTOMETRO... 60 DIAS É SUFICIENTE PRA PROVA QUE SABE DE NADA