O vencimento set-25 encerrou a semana @ 286,50 centavos de dólar por libra-peso. O importante suporte dos 277 centavos de dólar por libra-peso foi testado 4 vezes e o mercado “segurou”! Até quando? (fechamento anterior / máxima / mínima / nova máxima / nova mínima / fechamento atual respectivamente @ 289,60 / 289,35 / 277,60 / 294,55 / 285,05 / 286,50 centavos de dólar por libra-peso).
O real chegou a desvalorizar -3,87% (mínima @ 5,42 R$/US$ e máxima @ 5,64 R$/US$)!
A grande notícia da semana foi o anúncio do aumento das tarifas americanas, de forma unilateral, contra produtos brasileiros em 50% a partir do dia 01 de agosto de 2.025!
No dia seguinte a divulgação do novo imposto, para surpresa de muitos, na quinta-feira o mercado chegou a subir +1.000 pontos (chegou a negociar na máxima da semana - até então - @ 294,55 centavos de dólar por libra-peso). Na sexta-feira o mercado novamente trabalhou com nova amplitude de 2.000 pontos - com o set-25 negociando na máxima da semana @ 297,60 centavos de dólar por libra-peso.
Porém, para frustração de muitos, a alta foi perdendo força e o set-25 chegou a negociar @ 285,05 centavos de dólar por libra-peso e encerrou @ 286,50 centavos de dólar por libra-peso.
Qual então teria sido o motivo para essa volatilidade?
Uma plausível justificativa seria a compra por parte das torrefadoras americanos em comprar posição na bolsa para poder receber o café certificado. Esse hoje seria o café mais barato no momento e possivelmente isento dos impostos de importação a partir do dia 01 de agosto.
A posição dos cafés certificados, conforme tabela abaixo, encerrou a semana com 826.914 sacas. Dessa quantidade aproximadamente 640.000 sacas estão armazenados em portos europeus e aproximadamente 90 mil sacas já em portos americanos.
Então, para quem for ágil e rápido, transferir as 640.000 sacas para os Estados Unidos nos próximos 17 dias, poderá render um bom lucro! 640.000 sacas correspondem a aproximadamente 1.940 containers. Será uma “operação de guerra”, mas pode ser feito!
Fora isso, e passado o “pânico” inicial, o mercado encerrou novamente em tendência de baixa. O set-25 voltou a encerrar abaixo da média-móvel dos 9 dias (encerrou @ 288,35 centavos de dólar por libra-peso) e ainda acima do piso da banda de Bollinger dos 50 dias (encerrou @ 275,95 centavos de dólar por libra-peso).
Os próximos dias serão de muitas dúvidas, muito “medo”, muitas indefinições...
Por exemplo, os containers que já estão no porto de Santos para embarcar nos próximos 2-3 dias e os que estão sendo estufados e enviados para os portos brasileiros serão mesmo embarcados? Ou o importador irá solicitar a prorrogação / o cancelamento dos embarques? Notar que as reservas com as companhias de navegação já foram feitas e cargas no porto deixadas para trás também terão custos adicionais de armazenagem. E, os custos adicionais por enquanto, serão de responsabilidade do comprador!
Pois a “Claúsula Force Majour” (normalmente existentes nos contratos internacionais), nesse caso, não se aplica! Uma vez que é uma decisão de um país, unilateral, e não “efeitos climáticos, acidentes, greve, etc”...
Considerando que o Brasil exporta 3.500.000 sacas por mês e 17% para os Estados Unidos, então o mercado terá aproximadamente 600.000 sacas/mês “em stand by”, “sem destino” aguardando uma definição durante as próximas semanas.
E esse café “sobrando” poderá colocar nova pressão no curto prazo até encontrar novos destinos...
Creio que nos próximos dias o “imposto de 50%” será revisto para algo entre 20-35%. Igualando o imposto brasileiro ao imposto do México, Canadá, e União Europeia.
Por enquanto, a única rota para contornar esse imposto americano será exportar o café brasileiro para a Colômbia e/ou outros países da América Central (para países produtores do café arábica). Nesse caso, por exemplo a Colômbia, poderia importar 4-5 milhões de sacas do café arábica brasileiro e exportar 4-5 milhões de café arábica colombiano para os Estados Unidos... Idem para outros países da América Central onde as rotas das principais companhias marítimas poderiam ajustar seus fluxos.
Então, por enquanto, muita calma e atenção redobrada!
Enquanto Nova Iorque chegou a subir +5% nos últimos 3 pregões Londres chegou a cair -6%!
O mercado para o café robusta continua pressionado com a expectativa da “grande safra” brasileira (praticamente a colheita já acabou e a estimativa para a safra brasileira do café robusta está entre 16-28 milhões de sacas)! A safra do Vietnam, conforme USDA*, deverá vir “grande” também, acima dos 30 milhões de sacas – já a partir do final de outubro / início de novembro.
A safra do café arábica brasileira continua sendo o grande “X” do mercado pois muitos produtores continuam confirmando que “Sim! Minha quebra está em 20% - 30%”! Então, o tamanho da safra brasileira 25/26 irá continuar “fazendo preço” - principalmente durante o primeiro trimestre de 2.026 – caso a quebra se confirme e caso a próxima florada decepcione o mercado.
O café robusta hoje está negociando com um deságio para o café arábica em -47%! Então, com esses preços, o torrefador e as tradings provavelmente irão voltar a alterar o seu mix de produção e vendas optando em consumir mais café robusta nos seus blends. Ano passado, com a quebra na safra do Vietnam e a oferta abundante do café arábica, muitas empresas reduziram o uso do café robusta e aumentaram o consumo do café arábica. Agora, a situação inverteu e enquanto tiver café robusta “barato” os compradores deverão seguir optando pela matéria prima mais barata / competitiva.
Considerando um “spread aceitável” entre o café robusta e o café arábica em 30%, então o café arábica (e consequentemente as cotações em NY) ainda tem espaço para cair...
O café robusta encerrou a semana negociando abaixo dos 1.000 R$/saca – a 970/950 R$/saca (aproximadamente 173 US$/saca) e o vencimento Londres novembro-25 @ 3.170 US$/tonelada (com o mercado interno aplicando um deságio de 500 US$/saca para comprar o café robusta “bica corrida”).
Com base nessa “paridade” então o café arábica já deveria estar negociando @ 225 US$/saca (1.260 R$/saca)!
225 US$/saca base “bica corrida” corresponde a NY @ 205 centavos de dólar por libra-peso!
Creio que NY se sustenta se, e apenas se, houver uma geada real nos próximos dias (por enquanto, durante os próximos 10-15 dias esse risco não existe) e/ou o mercado “comprar” que a quebra na safra do café arábica realmente é real – resultando em uma safra brasileira 25/26 abaixo dos 55/50 milhões de sacas – e se a próxima florada não vingar.
Londres segue em tendencia de baixa. O vencimento nov-25 encerrou @ 3.170 US$/tonelada e encontra próximos suportes @ 3.055 e 2.800 US$/tonelada.
No curto prazo, durante os próximos 5 meses, o mercado não terá problemas com oferta de café. O Brasil está acabando de colher sua safra (45-65 milhões de sacas) e a partir de outubro outras origens estarão iniciando suas colheitas. E o mercado então voltará a ter ofertas de outras origens.
Com tantos “ses”, o produtor precisa se proteger “pra ontem”!
Creio ser importante o produtor (tanto do café arábica quanto do café robusta) procurar vender o máximo possível “agora”, garantindo preços ainda acima dos 1.700/1.800 R$/saca para o café arábica e acima dos 900/1.000 R$/saca para o café robusta (Infelizmente creio que preços para o café arábica acima dos 2.500 R$/saca e robusta acima dos 1.500 R$/saca dificilmente voltarão a ocorrer no curto/médio prazo. Talvez, quem sabe, no primeiro trimestre 2.026).
E ao mesmo tempo, comprar um seguro contra eventual alta através do mercado financeiro, via opções.
Na sexta-feira o call-spread no Dez-25 strikes +300 / - 380 encerrou custando aproximadamente 105 R$/saca (19 US$/saca).
Se o mercado realmente “explodir”, por algum novo evento que não estamos vendo, o produtor estará participando da alta do mercado entre 300-380 centavos de dólar por libra-peso (ganho máximo total estimado em 105 US$/saca).
Se o mercado “despencar”, voltando para os 1.300/1.200 R$/saca, vender “hoje” acima dos 1.700 R$/saca terá sido uma boa decisão.
Produtor: Projeta-se! Mesmo com uma safra brasileira “eventualmente mais baixa” os compradores deverão seguir comprando “da mão para a boca” aguardando pelas próximas safras da Colômbia, da América Central, e do Vietnã.
O Brasil, apesar de ser o principal produtor e fornecedor do café do mundo não é o único!
Marcelo Fraga Moreira é um profissional há mais de 33 anos atuando no mercado de commodities agrícolas, escreve este relatório sobre café semanalmente como colaborador da Archer Consulting.
Data: 13/07/2025 08:22 Nome do Usuário: Fabio Comentário: Acho que o momento agora é de ficar quieto,,,,, quem tem caixa,,,,, e dar as costas para está situação agora:::: pois ISSO TAMBÉM VAI PASSAR