CNC participa de comitê governamental e defende diálogo ante taxação
O Conselho Nacional do Café (CNC) junto com outras entidades representantes da cafeicultura participou da reunião do comitê governamental criado para tratar das tarifas de 50% impostas pelo governo dos Estados Unidos, sob a gestão de Donald Trump, a diversos produtos brasileiros, entre eles o café. As entidades da cafeicultura integraram oficialmente as tratativas após posicionamento do CNC em defesa do setor produtivo e cooperativista cafeeiro nacional.
Durante a reunião com o Vice-Presidente e Ministro da Indústria e Comércio, Geraldo Alckmin, além de outros Ministros e representantes de embaixadores, o presidente do CNC, Silas Brasileiro, apresentou os números da cafeicultura brasileira e destacou a preocupação com os impactos internos dessa medida, principalmente com relação ao reflexo social na produção de café brasileira. “Os Estados Unidos são o maior consumidor dos cafés do Brasil, respondendo por cerca de 33% de nossas exportações. Em 2024, foram aproximadamente 8 milhões de sacas enviadas ao mercado americano. Não é possível realocar esse volume de maneira rápida, o mercado global não absorve assim”, alertou.
Silas sugeriu ao governo brasileiro que busque, com urgência, a prorrogação da entrada em vigor da medida, prevista para 1º de agosto. O objetivo é garantir tempo hábil para a construção de uma solução baseada no diálogo, no bom senso e na diplomacia. “Essa não deve ser uma questão política, mas sim de comércio, mercado e economia. A decisão não favorece nenhum dos lados”, afirmou.
Segundo ele, o Brasil enfrentaria sérias dificuldades econômicas e sociais para redirecionar sua produção, o que traria prejuízos principalmente aos pequenos e médios produtores. Para os Estados Unidos, a medida terá como consequência o inevitável repasse dos custos ao consumidor final, gerando pressão inflacionária no mercado interno americano.
Silas Brasileiro também destacou que o momento é especialmente delicado para os cafeicultores, já que a safra 2024/2025 está na fase final de colheita. “Esse é o período mais importante para o produtor rural, que precisa se capitalizar para cumprir compromissos como o pagamento de insumos – geralmente adquiridos para serem quitados na colheita -, acertos da folha salarial e a manutenção de empregos no campo. Trata-se de um impacto social direto”, reforçou.
O CNC seguirá acompanhando os desdobramentos do tema em articulação com os demais representantes da iniciativa privada no Conselho Deliberativo da Política do Café (CDPC), reiterando sua defesa incondicional dos interesses da cafeicultura brasileira.