Mercado brasileiro vive uma entressafra em pleno pico da safra 2025/26
Por José Roberto Marques da Costa
O volume de negócios em NY atinge 23.903 lotes, 1.543 lotes a menos do que quinta-feira, quando teve a volatilidade de 13,70 cents. O setembro fechou em queda de 3,60 cents (1,2%) a 303,60 cents, variação de 10,65 cents, de 299,85 cents a 300,50 cents, rompendo o primeiro suporte de 302,52 cents e não tendo força para buscar a primeira resistência em 310,92 cents. Nos últimos seis pregões, a volatilidade média atingiu 12,97 cents com alta constante na média da cotação do dia, na sexta-feira passada de 291,10 cents, segunda-feira 295,25 cents, terça 300,95 cents, quinta de 303,10 cents e nesta sexta-feira de 305,17 cents. O setembro acumula alta semana de 17,10 cents (5,97%).
O volume em Londres atingiu 13.841 sacas, 1.061 lotes a menos que quinta-feira, quando teve a volatilidade de US$ 103/t. O setembro fechou em alta de US$ 36, a US$ 3.349/t (1,09%), variando US$ 147, de US$ 3.260/t a US$ 3.407/t, sem força para romper o primeiro suporte em 3.230/t e a primeira resistência em US$ 3.428/t. Nos últimos cinco pregões a volatilidade média foi US$ 200, acumulando na semana ganhos de US$ 132 a tonelada. A diferença de preço entre as bolsa de NY e Londres caiu para 151,73 cents ante a 156,97 cts na quinta-feira
Na semana passada, o contrato de café arábica teve um forte suporte no nível de 277,50 cents com significativa cobertura dos grandes fundos que levou a operar acima de 300 cents, maior nível de julho e chegando a de 308,45 cents nesta quinta-feira, mas nos últimos três pregões encontra forte resistência em 310,00 cents, a máxima de quarta e quinta-feira foi 309,95 cents e no pregão desta sexta-feira, com fundamentos positivos, com a fraqueza do dólar e queda dos juros dos Treasuries não conseguiu ultrapassar este nível, atingindo a máxima de 310,50 cents por alguns instantes formando uma "tripla resistência". Na próxima semana, a performance do mercado deve ser influenciada pelo aumento nesta sexta-feira das tensões entre o Brasil e EUA.
A análise técnica da Economies.com indica, nesta sexta-feira, que preços do café repetidamente apresentaram fechamentos positivos acima do suporte crítico próximo a 275,90 cents, para notar a formação de diversas ondas de alta, para se estabelecer dentro dos níveis do canal de alta menor, cujo suporte está localizado próximo a 297,35 cents, para começar a registrar ganhos ao atingir 309,10 cents.
A estabilidade dentro dos níveis do canal de alta e o fornecimento de momentum positivo pelo estocástico reforçarão as chances de registrar ganhos extras com sua alta para 317,60 cents e, em seguida, tentar pressionar o nível de correção de Fibonacci de 38,2% em 327,40 cents.
O relatório da CFTC referente a 15 de julho mostram que os grandes fundos aumentaram em 15.743 lotes suas posições compradas e aumentaram em 4.335 lotes suas posições vendidas, neste período a variação de setembro passou de 291,95 cents a 297,35 cents, alta de 5,40 cents. Os dados mostraram alta de 72,6% nas posições líquidas compradas dos grandes fundos. As posições abertas tiveram queda de 2,8%, passando 198.899 lotes para 193.389 lotes.
Foram duas surpresas deste relatório: o primeiro, o forte aumento de 50% das posições compradas dos grandes fundos em apenas uma semana e o recorde de posições compradas foi na terceira semana de abril do ano passado com mais de 72 mil lotes, quando surgiram notícias de uma possível geada no Brasil; e a segunda, a forte queda da posições líquidas vendidas de 41,8% dos comerciais com alta de apenas 5,40 cents neste período. O relatório comprova que aumento de mais de 22 mil contratos em abertos das últimas semana foi uma migração dos grandes investidores para posições compradas no mercado de café
Segundo os números apresentados, levando-se em consideração apenas as posições futuras os grandes fundos possuíam 27.115 posições líquidas compradas, sendo 45.798 posições compradas e 18.673 posições vendidas. No relatório anterior, referente a 8 de julho, eles tinham 15.708 posições líquidas compradas sendo 30.046 posições compradas e 14.338 posições vendidas. As empresas comerciais diminuíram em 41,7% suas posições líquidas vendidas, registravam no dia 15, saldo de 27.916 posições líquidas vendidas, sendo 76.271 posições compradas e 104.187 vendidas. No relatório anterior do dia 08, possuíam 47.971 posições líquidas vendidas, sendo 55.221 posições compradas e 102.184 vendidas.
O presidente dos Estados Unidos voltou a criticar, nesta sexta-feira, 18, o Brics, grupo fundado por Brasil, Rússia, Índia e China e hoje composto por 11 países-membros e oito parceiros. Donald Trump reafirmou que o bloco tenta "acabar com a dominância do dólar". O presidente americano reforçou a importância de manter o valor da moeda de seu país. "Não vamos deixar o nosso dólar perder o seu valor" e acrescentou: "Não podemos deixar que ninguém brinque com a gente, com o nosso dólar. Perder essa luta é como perder uma guerra".
Pelas últimas informações, a tensões entre o Brasil e EUA aumentou nesta sexta-feira entre o Brasil e EUA, segundo membros do Departamento de Estado dos EUA, a revogação de vistos de entrada para o ministro Alexandre de Moraes (STF) e outros integrantes da corte é apenas o começo. Segundo relatos, o Brasil terá uma longa semana a partir do dia 21. Trump teria apontado que "todas as opções estão na mesa", entre as novas sanções cogitadas estão o aumento das tarifas de 50% para 100%, adotar punições em conjunto com a Otan e até bloqueio do uso de satélites e GPS.
As altas acumuladas de 20,80 cents nos últimos seis pregões em NY, além de serem provocadas pelo "tarifaço" de Trump também foram influenciadas pelo 10º Coffee Dinner & Summit promovido pela Cecafé. Durante este encontro, os líderes mundiais de todos os setores de mercado fizeram um "tour" nas principais regiões de café do Brasil e se surpreenderam com uma realidade completamente diferente dos seus informantes que alimentaram os programas de Inteligência Artificial (IA) de suas empresas. Alguns CEOs de grandes empresas compradores ficaram desapontados
Ficaram cientes (a ficha caiu) de que o maior produtor de café do mundo está com seus estoques de café zerados (armazéns praticamente vazios) e para piorar ainda mais, uma queda de produção de café arábica bem acentuada, acima da pior estimativa do mercado, tende a ser concretizada. No curto prazo, a realidade de produção de 30 a 32 milhões de sacas de café arábica vai se confirmar. Aquele apetite insaciável do mercado, que começou em outubro do ano passado, por café brasileiro deve ser antecipado este ano em dois meses com indicação de que o Brasil não terá café suficiente para atender a todos.
O diferencial dos contratos futuros de café arábica em NY entre setembro/dezembro que estava em 5,00 cents no começo da semana passada, teve alta de 53% passando para 7,65 cents no pregão das sexta-feira com o apetite insaciável dos comerciais pelos estoques de 92 mil sacas de café certificados depositados nos portos americanos, sem as tarifas de 50%. Os estoques certificados diminuíram 5.006 sacas para 819.061 sacas, esperando certificação 21.180 sacas, na semana cai 12.859 sacas, com a grande maioria dos estoques certificados, mais de 88% depositados em portos europeus.
O presidente da illycaffè, Andrea Illy, expressou otimismo nesta sexta-feira (18) a respeito dos desafios colocados pela guerra tarifária deflagrada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e pela crise climática no planeta. O executivo comandou um evento em Trieste, berço da marca italiana de cafés, para celebrar o 100º aniversário de Ernesto Illy, pai de Andrea e responsável por tornar a empresa uma potência mundial e símbolo do made in Italy. "As tarifas são contingentes, nós vamos enfrentá-las e administrá-las", disse o executivo, acrescentando que o problema do clima é "bem mais sério", porém a produção "já é resiliente e o será cada vez mais no futuro porque existem soluções".
Segundo informação da Reuters, traders estão correndo contra o tempo para descarregar a maior quantidade possível de café brasileiro nos Estados Unidos antes que a nova tarifa seja implementada em 1º de agosto. Alguns traders estão desviando navios no meio da viagem, cancelando paradas em outros portos para que os contêineres cheios de café brasileiro possam entrar nos portos dos EUA sem pagar a tarifa de 50%.
Outros estão enviando para o mercado norte-americano um pouco do café de origem brasileira que têm em estoque em países vizinhos, como Canadá ou México, e que originalmente seria destinado ao consumo nesses locais. Enquanto isso, importadores sediados nos Estados Unidos já estão anunciando preços de atacado que incluem a cobrança adicional de 50% para qualquer remessa que chegue após 1º de agosto.
"Redirecionamos algumas cargas para chegarem aos EUA mais cedo, algo que originalmente faria uma viagem mais longa", disse Jeff Bernstein, diretor-gerente da trading de café RGC Coffee. "Mas para algumas outras cargas, não pudemos acelerar." Não há soluções alternativas disponíveis para o café que ainda não saiu do Brasil.
Todos os acontecimentos anormais, um adjetivo que se utiliza para descrever algo ou alguém que se afasta das normas, dos padrões. Pode ser usado para descrever algo que é irregular, assimétrico ou desproporcional. Também pode ser usado para descrever algo que é inexplicável, excepcional ou imprevisto, vem em minha mente, a histórica citação de Hamlet, “Há algo de podre no reino da Dinamarca”. Tentando descrever o atual momento do mercado de café, podemos fazer uma frase plágio de Hamlet, "Há algo de podre no mercado de café". Não é somente um desvio de padrão, são um conjunto de anormalidade
1- Normalmente, quando há uma forte retraço dos preços dos contratos futuros de café, a lógica é que os comerciais (vendidos) aumentem seus contratos líquidos vendidos nas bolsas, mas nos últimos meses, algo inexplicável está acontecimento, além de não estarem aumentando suas posições, estão dando sustentação nos preços em NY, eles estão semanalmente diminuindo fortemente suas posições líquidas vendidas, nos últimos 30 dias a queda foi mais de 50%, passando de 57 mil para 28 mil lotes.
2 - Normalmente, durante uma safra de café, se observa nas principais praças cafeeiras do Brasil, movimentações de caminhões transportando sacas ou bege de grãos de café das propriedades rurais para depósitos em armazéns Gerias ou armazéns de cooperativas, mas em 2025, com os estoques remanescentes de café zerados (armazéns praticamente vazios), este atual cenário de queda bem acentuada da produção de café arábica, está mostrando a safra atual uma nova realidade inédita do mercado brasileiro, plena entre safra no pico da atual safra, movimento totalmente assimétrico.
3 - Normalmente, quando o mercado está abastecido, bem diferente como o atual, os preços dos contratos com vencimentos mais próximos mais baixos que os contratos mais distantes, mas a estrutura do mercado está backwardation (mercado invertido), na qual os preços de vencimentos mais próximos estão mais altos do que os contratos mais distantes. Nos últimos seis pregões em NY o diferencial entre setembro e dezembro aumentou 70%, passando de 5,00 cents para 8,50 cents, com os compradores com um apetite insaciável pelos estoques de 92 mil sacas de café certificados depositados nos portos americanos, com uma tendência de forte queda no curto prazo
4- Em mercado normal, toda a vez que aumento do custos, direto ou indireto nas commodities, o comprador passa as aumento de custeio para o vendedor, mas com o badalado "tarifaço" de 50% do Trump, algo inexplicável está acontecendo. Os contratos de café estão aumentando em NY, nos últimos seis pregões a valorização foi 8%, seria natural estas novas despesas de custeio do vendedor passar para o comprador via aumento da charge, provocando uma queda no preço interno nos países produtores. Mas devido a escassez acima do normal de café, além da charge não aumentar, ela está diminuindo, e os compradores estão tendo que arcar com todas esta novas despesas .
Data: 20/07/2025 17:45 Nome do Usuário: fabio Comentário: CUIDADO .. CAFE NAO ENCHE BARRIGA TODO MUNDO VIVE SEM ... MUITA CAUTELA
Data: 20/07/2025 08:45 Nome do Usuário: Jonas Guerra Martins Comentário: O mercado percebe que o problema da tarifação americana é dos americanos que se na falta deles para comprar não falta novos clientes ainda mais com essa falta de estoques no mercado de cafe